Isso não é minha opinião, e nem de todos que tiraram nota 1000 na redação do Enem. É uma constatação! Isso mesmo: a tese do texto dissertativo-argumentativo da redação do Enem não é uma opinião. Da mesma forma, os argumentos também não são opiniões. Descubra e aprenda mais sobre tese e argumento para não fazer feio (opinar!) na redação do Enem.
Esta aula de Redação para o Enem tem a intenção de esclarecer e diferenciar três elementos: opinião, tese e argumento. O domínio dos últimos dois é essencial para a escrita de um bom texto dissertativo-argumentativo, gênero solicitado na redação do Enem.
Tal diferenciação se faz necessária, visto que muitos estudantes que realizarão as provas do Enem e outros vestibulares possuem dúvidas acerca desse conteúdo, confundindo-os frequentemente.
Tese, argumento e opinião: qual a diferença?
Como já sabemos, a redação do Enem solicita a produção de um texto dissertativo-argumentativo a partir de um tema relativamente polêmico ou problemático no cenário brasileiro. Subsidiado por textos motivadores e pela bagagem de conhecimentos adquiridos ao longo de sua formação e de suas vivências, o candidato deverá elaborar a sua tese, isto é, o ponto de vista sobre o tema em questão.
Tese e opinião
É importante lembrar que a tese deve respeitar os direitos humanos e a diversidade cultural. De certo modo, a tese não deixa de ser uma opinião. Entretanto, é importante ter em mente que a tese é um posicionamento crítico. Isso significa que o redator não deve se ater a ideias de senso comum, mas demonstrar autoria, seu senso crítico e reflexivo ao expor o seu ponto de vista. E na redação do Enem isso deve ser feito de forma impessoal.
Tese elaborada, é hora de produzir os parágrafos seguintes, isto é, o desenvolvimento do texto. Sempre digo que o desenvolvimento é o coração, a alma do texto. É nessa parte do texto que você defenderá o seu ponto de vista. Em outras palavras, é no desenvolvimento que se deve apresentar os argumentos que sustentam a tese exposta na introdução do seu texto dissertativo-argumentativo.
Novamente a questão da impessoalidade e do respeito aos direitos humanos e à diversidade cultural deve ser observada. Na verdade, esta é uma regra válida para todas as partes da sua redação: na tese (introdução), na argumentação (desenvolvimento) e na também na proposta de intervenção ao problema que você discutiu (conclusão).
E, da mesma forma que a tese não é uma opinião, o argumento também não o é. Mas por quê? Qual a diferença entre opinião e argumento? Por que opinar não é argumentar? Continue a leitura para saber.
Argumento e opinião
Assim como muitas pessoas confundem debate com conversa, a confusão também ocorre quando se fala em opinião e argumento. As opiniões surgem, geralmente, de fatores menos conscientes, como gostos, preferências, propagandas bem assimiladas, informações soltas que pegamos por aí e, claro, os famosos pré-conceitos.
Uma opinião (exceto a tal ‘opinião bem fundamentada’, que muitas vezes é, na verdade, um argumento) é apenas uma escolha arbitrária de ideias fundamentados nas preferências individuais de alguém.
Já os argumentos surgem da análise, reflexão crítica, raciocínio lógico e informação a respeito do assunto. E é isso que se espera no texto dissertativo-argumentativo que você produzirá no Enem: que a sua tese seja sustentada por uma argumentação consistente.
Seja em um debate ou na redação de um texto dissertativo-argumentativo, é praticamente impossível sustentar uma tese quando os indivíduos envolvidos levam em consideração apenas suas opiniões.
O argumento na redação do Enem
Já mencionamos que para escrever um texto dissertativo-argumentativo é preciso, antes de tudo, ter uma tese muito clara para defender diante de uma questão polêmica. Afinal, toda a organização textual do que você escreverá, assim como sua consistência, estarão subordinadas à defesa da tese que você elaborou e apresentou na introdução.
Nesse sentido, é aconselhável que todo texto dissertativo-argumentativo possa ser resumido por um argumento central. É com esse argumento que o autor articula não somente a sua tese, mas também a conclusão de seu raciocínio e os dados e as justificativas que a sustentam.
Portanto, para escrever um texto dissertativo-argumentativo nota 1000, é necessário utilizar argumentos consistentes e bem fundamentados, pois são mais fortes e convincentes. O autor desse texto tem de informar ao seu leitor (no caso da redação do Enem, os leitores são os corretores) quais as razões que o levaram a tomar determinada posição, a defender a sua tese, evitando motivos superficiais ou sem justificativa.
O redator precisa, então, definir seus argumentos de acordo com o tema escolhido. Além disso, deve apresentar a sua argumentação como se estivesse se dirigindo a um público composto por indivíduos os mais diversos. Para tanto, o redator necessita ser impessoal e objetivo em seu texto, a fim de que, desta forma, consiga persuadir, convencer os seus leitores.
Também deve apresentar todo o seu texto, não somente a parte argumentativa, na modalidade formal (ou norma-padrão) da língua portuguesa escrita. Bons argumentos tornam-se melhores ainda e transparecem maior credibilidade, aceitabilidade e confiabilidade quando escritos na modalidade formal de nossa língua.
Seria uma maravilha se soubéssemos o tema da redação do Enem com antecedência. Assim, poderíamos pesquisar sobre o assunto com profundidade, selecionando inúmeras possibilidades para uma argumentação eficiente e bem fundamentada. Além disso, a tão sonhada nota 1000 estaria mais próxima do que nunca. Mas isso é apenas uma doce ilusão.
Temas da Redação do Enem
Não sabemos o tema da redação do próximo Enem. Todos nós temos palpites, que não são poucos. Mas todos eles ficam no plano da possibilidade.
Enquanto isso, podemos fazer uma lista de possíveis assuntos. Assuntos polêmicos e problemáticos, caros, urgentes e do interesse de toda sociedade brasileira. Como não temos bola de cristal, a sugestão é que quem prestará o Enem faça essa lista de assuntos.
Pesquise em diferentes fontes, fazendo anotações e esquemas, lendo diariamente notícias na internet ou em outros suportes, acompanhando os telejornais, interessando-se pelos temas mais diversos, tais como meio ambiente, política, cultura, ciência, economia, sustentabilidade, questões de gênero, cidadania, educação, religião, consumo, etc.
Nenhuma possibilidade pode ser descartada. Todos os palpites são válidos. Todo conhecimento que você absorveu e absorve na sala de aula (em todas as disciplinas) e em outros espaços e situações que proporcionam o aprendizado (músicas que você ouve, livros que você lê, seriados e filmes que você assiste, notícias que você ouve e lê), poderá ser utilizado para a elaboração de um argumento.
Quer aprender mais sobre a diferença entre argumento e opinião? Se liga nesta matéria preparada pelo Nexo, com o depoimento de Walter Carnielli, matemático e professor de lógica na Unicamp.
Para finalizar, com os olhos nessa aula e a cabeça lá na redação do Enem, não nos esqueçamos: opinião não se discute, mas argumento sim. E é assim que você fará o seu texto dissertativo-argumentativo na redação do Enem.