Pela primeira vez na história, o número de mulheres na delegação brasileira para as Olimpíadas de Paris 2024 será maior do que o de homens. Conheça a trajetória da presença e das conquistas femininas nos jogos.
Você sabia que as Olimpíadas de Paris 2024 serão marcadas por uma conquista histórica para o Brasil? Pela primeira vez, a delegação brasileira terá uma maioria inédita feminina, com 153 mulheres e 124 homens.
Este é um marco importante na história olímpica e reflete o crescimento e a força das atletas brasileiras ao longo dos anos. Mas, o que isso significa para o esporte e para a representatividade feminina no cenário global?
Olhar para a trajetória das mulheres nas Olimpíadas é entender como a luta por igualdade de oportunidades e reconhecimento tem evoluído.
Desde as primeiras edições dos Jogos Olímpicos, a presença feminina foi crescendo de forma constante. A sua participação desafiou estereótipos e também inspirou mudanças significativas na forma como o esporte é visto e valorizado.
Acompanhe a leitura para saber mais sobre a participação brasileira nas Olimpíadas de Paris 2024 e conhecer a história das mulheres na competição.
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Delegação brasileira nas Olimpíadas de Paris 2024
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) anunciou a lista final dos atletas que representarão o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris, com abertura oficial marcada para sexta-feira, dia 26 de julho.
Pela primeira vez, a participação feminina supera a masculina. Entre os 277 atletas classificados, 55% são mulheres, um aumento de 8% em relação à última edição, realizada em Tóquio.
Esse crescimento é impulsionado, em grande parte, pela participação das mulheres em esportes coletivos, que oferecem o maior número de vagas. As brasileiras estarão competindo em futebol, vôlei, handebol e rugby, enquanto os homens terão presença garantida apenas no vôlei e no basquete.
A maior presença de mulheres levanta expectativas sobre a conquista de mais medalhas. Nomes de destaque no esporte nacional são apontados como fortes candidatas ao pódio e prometem fazer história em Paris.
6 brasileiras para acompanhar nas Olimpíadas de Paris 2024
As Olimpíadas de Paris 2024 prometem ser um espetáculo de talento e dedicação, e por aqui, estamos ansiosos para ver as competidoras brilharem em suas respectivas modalidades. Acompanhe de perto estas 6 atletas femininas, com grandes chances de subir ao pódio.
Rebeca Andrade
Rebeca se destacou como a principal ginasta brasileira dos últimos anos, acumulando uma impressionante coleção de medalhas. Em Tóquio, conquistou o ouro no salto e a prata no individual geral. No Pan-Americano de Santiago, em 2023, ela brilhou novamente, conquistando duas medalhas de ouro e duas de prata.
Beatriz Ferreira
A boxeadora Beatriz Ferreira tem um currículo notável, incluindo conquistas em Jogos Sul-Americanos, Pan-Americanos e dois Campeonatos Mundiais. Em Tóquio 2021, ela também garantiu a prata, reforçando seu status como uma das melhores do mundo.
Mayra Aguiar
A judoca Mayra já levou para casa a medalha de bronze em três edições consecutivas dos Jogos Olímpicos: Londres, Rio de Janeiro e Tóquio. Seu talento se manifestou desde cedo, quando ganhou a prata no Pan-Americano do Rio em 2007, com apenas 15 anos.
Rayssa Leal
Conhecida como a “Fadinha”, Rayssa Leal fez sua estreia em Tóquio, onde conquistou a prata na modalidade skate street e se tornou a brasileira mais jovem a ganhar uma medalha olímpica, aos 13 anos.
Martine Grael e Kahena Kunze
A dupla de velejadoras Martine e Kahena fez história com o bicampeonato olímpico na vela. O ouro no Rio de Janeiro em 2016 foi particularmente especial, competindo em “casa”. Elas também conquistaram o ouro em Tóquio, garantindo um segundo título olímpico consecutivo.
Mulheres olímpicas: uma história de luta e de conquistas
A trajetória das mulheres até chegar à participação expressiva nas Olimpíadas de Paris 2024 é um grande capítulo, escrito por muitas atletas pioneiras, que abriram o caminho para que outras pudessem brilhar na competição.
A presença feminina começou nos Jogos Olímpicos de Paris, em 1900, nas modalidades tênis e golfe. Eram 22 mulheres e 975 homens. Desde então, 46.789 mulheres já competiram.
A primeira campeã olímpica da história, Charlotte Cooper, uma tenista britânica, ganhou duas medalhas, na simples e nas duplas mistas.
Em 1908, nos Jogos de Londres, 37 mulheres competiram, ainda representando uma pequena fração do total de atletas. As modalidades femininas também eram limitadas, refletindo a resistência da sociedade à ideia de mulheres competindo em esportes considerados “masculinos”.
Foi apenas em 1928, nos Jogos de Amsterdã, que elas puderam competir em provas de atletismo, ginástica e esgrima, marcando outro avanço significativo.
Mesmo assim, a quantidade de provas femininas era bem menor comparada às masculinas, e a maratona feminina só foi incluída no programa olímpico em 1984, nos Jogos de Los Angeles.
Confira, na tabela, o percentual de atletas por gênero nos Jogos Olímpicos:
Edição dos Jogos | Mulheres | Homens |
Paris 1924 | 4,3% | 95,7% |
Los Angeles 1984 | 23% | 77% |
Atlanta 1996 | 34% | 66% |
Londres 2012 | 44% | 56% |
Tóquio 2020 | 48% | 52% |
Paris 2024 | 50% | 50% |
Fonte: Comitê Internacional Olímpico (COI)
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Linha do Tempo: conquistas femininas nas Olimpíadas
Confira, na linha do tempo que preparamos, quais foram as principais conquistas femininas nas Olimpíadas:
1900: Primeira Participação
Mulheres competiram pela primeira vez em Paris, com 22 atletas. A condessa Hélène de Pourtalès venceu na vela e Charlotte Cooper ganhou duas medalhas no tênis.
1904 e 1908: Novas Modalidades
Foram introduzidas novas modalidades femininas, como arco e flecha e patinação artística. Em 1908, as mulheres foram oficialmente admitidas nas competições olímpicas.
1917: Fundação da Federação das Sociedades Esportivas Femininas da França
Alice Milliat fundou a federação para aumentar a participação feminina, especialmente no atletismo.
1921: Jogos Olímpicos Femininos
Alice Milliat organizou os primeiros Jogos Olímpicos Femininos, com quatro edições até 1934, envolvendo 77 atletas e 20 mil espectadores na primeira edição.
1928: Inclusão em Novas Modalidades
Mulheres começaram a competir em corridas e salto em altura nos Jogos Olímpicos de 1928.
1981: Mulheres no COI
Flor Isava Fonseca e Pirjo Haeggman tornaram-se as primeiras mulheres a integrar o Comitê Internacional Olímpico (COI).
1984: Novas Modalidades
O nado sincronizado e o ciclismo feminino individual foram introduzidos nos Jogos Olímpicos de Los Angeles.
1991: Regra de Inclusão do COI
O COI decidiu que todos os novos esportes incluídos deveriam ter eventos femininos.
1995: Comissão da Mulher e do Esporte do COI
O COI criou a comissão para promover a inclusão feminina em cargos de liderança e aumentar a participação das mulheres.
2012: Todas as Modalidades
Em Londres 2012, as mulheres competiram em todas as modalidades, com todas as delegações nacionais enviando mulheres atletas.
2021: Primeira Mulher Trans
Nos Jogos de Tóquio, Laurel Hubbard se tornou a primeira mulher trans a competir nas Olimpíadas, na categoria de levantamento de peso.
A evolução da presença feminina até chegarmos às Olimpíadas de Paris 2024 é um relato inspirador de determinação e progresso. Em pouco mais de um século, o número de mulheres competindo cresceu mais de 40 vezes, demonstrando o empenho e a bravura de mulheres que abriram caminhos para futuras gerações.
As conquistas são provas de que é possível alcançar sonhos, superar obstáculos e transformar o impossível em realidade. Estamos prestes a vivenciar mais um capítulo incrível dessa história!