Aprenda a usar a técnica do Questionamento na hora de montar a estratégia argumentativa da sua Redação do Enem. É, simples, e valoriza a sua nota. Confira:
Utilizar a técnica de questionamento na estratégia argumentativa da Redação do Enem é um ponto crucial para obter uma nota competitiva nos processos seletivos que usam a nota do Enem.
Por isso, conhecer diferentes estratégias que facilitem a sua produção textual é fundamental para você otimizar seu tempo e melhorar sua escrita.
O questionamento como estratégia argumentativa
O uso de questionamentos em uma redação pode ser uma boa saída para construir bons argumentos. Um texto a partir dessa estratégia tem muita flexibilidade, podendo ser iniciado por uma ou mais perguntas que podem ser respondidas pela sua tese. Vamos ver como usar esta técnica?
Como argumentar na Redação do Enem
Veja as dicas da professora Daniela Garcia, do canal do Curso Enem Gratuito, para ajudar você a compreender mais rápido o que são as técnicas de argumentação para a Redação:
Para construir um texto a partir de questionamentos você, obviamente, deve fazer perguntas. Basicamente, você vai lançar diretamente, no início do seu texto, uma ou mais perguntas. As respostas a estes questionamentos virão apenas na conclusão.
O importante é usar o bom senso, isto é, se fizer duas ou mais perguntas, fique atento(a) em respondê-las. O risco dessa técnica é que, se os questionamentos não forem bem articulados à tese e aos argumentos, poderão comprometer a coerência textual.
Por isso, seja objetivo(a): perguntou, tem de responder. Nada de pergunta sem relação com o tema ou com a sua tese! Assim, a forma mais simples de lidar com o questionamento é fazer apenas uma pergunta que direcione o raciocínio para a sua tese, ou seja, a ideia que você pretende defender.
Vamos a um exemplo:
Digamos que o tema proposto na Redação Enem seja meritocracia. Para começar a trabalhar este tema, podemos formular um questionamento mais amplo que leve à tese, veja: “Por que é esperado que sujeitos com condições histórico – sociais diferentes atinjam os mesmo resultados?”
A resposta a essa pergunta geral poderia ser a tese: “A meritocracia nos moldes neoliberais ignora opressões de classe, gênero, raça e sexualidade tão presentes na sociedade atual, atribuindo a indivíduos com contextos diferentes as mesmas expectativas”. Lembrando que essa tese não apareceria na introdução, apenas o questionamento.
O raciocínio aqui seria indutivo: começamos por uma pergunta, a qual introduzirá um raciocínio que leva à tese apenas na conclusão. É uma pergunta direcionada, que traça um caminho para a sua resposta.
Uma outra opção seria colocar questionamento e resposta na conclusão, já seguidos de proposta de intervenção: no caso, um bom exemplo de intervenção seria adicionar à sua conclusão o sistema de cotas para alunos de escolas públicas em universidades federais.
Veja no exemplo um modelo na prática:
Caixões vazios
Marina Cau Ucella
A meritocracia existe àqueles por ela favorecidos. Ao estudante rico, que pode estudar a vida toda em escolas particulares de excelência, que não teve que aliar estudos ao trabalho para pôr comida na mesa de casa e que contou com inúmeras atividades extracurriculares, o vestibular, por exemplo, é o suprassumo da igualdade e imparcialidade.
Para o pobre, sem estrutura e fadado aos sucateados colégios públicos, é uma muralha que impõe uma falsa igualdade aos que em toda existência viveram desiguais. Como falar em mérito, se não há igualdade? Como culpar o indivíduo por uma existência de descaso social e governamental?
Os “meritocratas” afirmam que a disparidade é demérita dos dois desses alunos, talvez. Se os pais ricos, por seus méritos, puderam pagar um bom colégio aos filhos, a culpa é dos pais pobres por não serem “bons” o suficiente para fazer o mesmo. E, se os pais, por sua vez, não tiveram educação de qualidade, a culpa é dos avós, bisavós, tataravós.
O passado é que os condenou. Entretanto, se no passado valia a determinação do berço, e se o passado condena o presente, dito, meritocrático, a meritocracia não passa de um modo muito eficiente de manter uma ilusão de isonomia frente a uma realidade de elitismos perpetuados.
A disparidade é demérita do país desses alunos, não há dúvida. Um país no qual o jornal da manhã, lido por um grande empresário frente a uma farta mesa de café, cobrirá, durante a noite fria, o homem miserável que se encolhe na próxima esquina. A ilusão do mérito, entretanto, a tudo perdoa: a dois seres humanos, dois diferentes tratamentos simplesmente porque um “merece mais” que o outro.
E, se a “era do mérito” sucede-se a “era da celebridade”, como afirma João Pereira Coutinho, pouco importa. Esta faz apenas acabar com o eufemismo daquela, mostrando a todos, como se preza na sociedade midiática, que o sistema não é justo e “ponto final”. O mendigo não tinha méritos, agora não tem fama. Ainda tem fome e frio.
Não enterramos a meritocracia, pois é impossível enterrar um fantasma. O que fazemos atualmente é criar um novo espectro, novas ilusões para confortar os bem-sucedidos no sistema e para acalmar a maioria por ele massacrado. A meritocracia, de fato, nunca existiu, pois, também, nunca existiu a realidade entre os homens. E, sem ela, pouco importam os caixões vazios que enterraremos a cada nova ilusão criada: nada mudará.
Análise da redação:
Como você pode ver, na introdução, a autora utiliza o relato (exemplo geral) para comparar a vida de um estudante de renda alta e um de baixa renda. Após isso faz dois questionamentos: um sobre igualdade social e outro sobre meritocracia. Segundo a técnica que te ensinei lá em cima, esses questionamentos devem ser respondidos no desenvolvimento e devem direcionar o raciocínio à sua tese.
No segundo parágrafo a autora desenvolve um raciocínio claro e didático sobre o tema. Mas, para deixar a sua redação ainda melhor, poderia ainda contar com argumentos históricos para comprovar a existência do elitismo citado. Para isso é importante que você tenha uma boa bagagem de temas atuais. Para isso, é preciso leitura!
Veja que no terceiro parágrafo, houve repetição de ideias já apresentadas no relato, aproximando-se do senso comum. Tente não cair nessa armadilha! Seria mais interessante abordar a questão da desigualdade social com argumentos: fatos da atualidade ou históricos, dados.
Finalmente, na conclusão, a autora responde o questionamento feito no início da redação. Ela poderia ter construído uma resposta mais clara, enfatizando as questões relacionadas à desigualdade social e meritocracia, como o acesso à educação referido no relato.
Isso abriria margem para uma medida de intervenção concreta, como a valorização da estrutura física da escola pública e do plano de carreira do professor.
Apesar dessas pequenas falhas, a autora construiu uma boa redação. Mas, com as dicas e exemplos que dei aqui, tenho certeza que você pode construir um excelente texto! Bora treinar? Tente fazer produzir um texto com o mesmo tema citado aqui e siga as nossas dicas!
Como argumentar na redação do Enem
Para finalizar, assista ao vídeo abaixo, em que a professora Daniela apresenta estratégias de argumentação para a redação!