Mas afinal, para que servem e como podem ser usados os recursos coesivos em um texto? Vem com a gente estudar sobre coesão textual! Aproveite também para receber dicas para se dar bem nas questões de Línguas e na redação do Enem!
Se você, assim como eu, adora escrever, mas sempre esbarra no problema da repetição de palavras ou de referentes em seu texto, fique tranquilo(a)! Este post pode ajudá-lo(a) a ter uma ideia de como resolver este problema e arrasar na hora de escrever textos com recursos coesivos, seja pensando no Enem ou em seu dia a dia.
Lembre-se de que, no rascunho de um texto, até podemos acabar repetindo palavras ou expressões, mas na versão final (passagem a limpo do texto), isto deve ser evitado.
O que são recursos coesivos
Primeiramente, é importante entender que os recursos coesivos são, por definição, um conjunto amplo de mecanismos (ferramentas) linguísticos. Eles podem ser usados, pelo autor de um texto, para que se estabeleçam as relações de sentido entre as partes de um texto verbal, tanto na modalidade oral quanto na escrita. Por meio destes mecanismos é possível estabelecer a ligação entre termos da oração, entre orações e períodos.
Os recursos coesivos podem, ainda, ser usados para estabelecer a ligação entre as partes de um texto, como por exemplo, os parágrafos e capítulos, e ainda podem, em um diálogo, sinalizar turnos de fala.
Como os recursos coesivos funcionam
Com relação ao funcionamento destes recursos em um texto, eles podem promover a coesão em dois planos: nominal e sequencial.
Coesão no plano nominal
A coesão no plano nominal se dá para que, no texto, se tenha a referenciação, para introduzir referentes, retomá-los e reelaborá-los, evitando a repetição de palavras de um texto. Podem ser utilizadas expressões nominais variadas, pronomes, sinônimos e hiperônimos.
Por exemplo, quando escrevemos um texto sobre o ambiente escolar que apresente uma cadeia referencial introduzida pelo termo manutenção dos alunos no ambiente da escola e que é retomada ou reelaborada pelas expressões permanência dos educandos no ambiente escolar.
No caso da hiperonímia, temos, por exemplo, o substantivo aluno que é hiperônimo de estudante, aprendiz, discente e pode ser usado para retomar qualquer um desses termos.
Coesão no plano sequencial
Por sua vez, a coesão no plano sequencial ocorre quando os recursos coesivos colaboram para o estabelecimento de relações lógico-semânticas – de tempo, de oposição, de finalidade, de causa, etc. Podem-se destacar, entre estes recursos, as preposições, conjunções, locuções conjuntivas, adjuntos adverbiais, bem como outras expressões criadas pelo enunciador para marcar alguma relação lógico-semântica entre componentes do texto.
Por exemplo, para localizar o leitor em termos espaciais, podem ser usadas expressões que indicam relações espaciais, como na minha rua / em meu apartamento, ou temporais, como no tempo em que eu era criança / na hora em que eu fui chamado / na fase adulta.
Exemplos de recursos coesivos
Relembre agora alguns recursos coesivos que você pode usar, na hora em que estiver escrevendo, como aliados para evitar a repetição de palavras em seus textos:
- Conjunções e locuções adverbiais: que, para que, então, por conseguinte, não obstante, quando, enquanto, embora, mas, porém, contudo, todavia, e, por certo, de fato, com efeito, desse modo, dessa maneira, etc.
- Pronomes relativos: que, a qual, o qual, cujo, quem, onde, etc.
- Advérbios: aqui, aí, lá, onde, assim, abaixo, adiante, fora, mais, menos, agora, logo, antes.
- Palavras denotativas: apenas, eis, ainda, só, afinal, agora, também, até, mesmo, inclusive, menos, exceto, fora, etc.
Pontuação como forma de melhorar a coesão de um texto
Uma das formas de trabalhar a coesão dentro de um texto é através da pontuação.
Sendo assim, a pontuação também pode funcionar como recurso coesivo. Ela serve, quando escrevemos, para ligar termos e orações, estabelecendo relações de coordenação e de subordinação. Isto ajuda a imprimir efeitos de sentido variados ao texto, marcar a expressão de sentimentos ou reações do escritor, em especial nos textos narrativos ou diálogos.
Coesão textual e elementos coesivos
Como você pode ver, as palavras, expressões, frases e parágrafos que usamos em um texto normalmente tem uma ligação umas com as outras, dando ao que está sendo narrado um efeito de continuidade.
Os elementos coesivos ou recursos coesivos são palavras ou expressões que usamos para estabelecer esta relação de sentido entre as partes de um texto. Em outras palavras: a coesão é a ligação dos elementos do texto, o elemento responsável por encadear as ideias desenvolvidas dentro de um texto.
Alguns textos que produzimos em nosso dia a dia não apresentam elementos coesivos sequenciais, como é o caso da lista de compras e da agenda. Nestes casos, o sentido deve ser atribuído ao texto por meio de outros elementos que são particulares ao autor do texto.
Desta forma, se outra pessoa ler o que está escrito, dificilmente compreenderá que se trata de um texto. Para compreender o sentido do que está escrito, o autor recorre a outros mecanismos, que podem auxiliar para que ele realize o que chamamos de inferências, que servem para auxiliar na compreensão do texto.
Coesão no texto poético
Com relação ao texto poético, a coesão também é um elemento importante. Nesta tipologia textual, a coesão acontece, na maioria dos casos, através da escolha do campo semântico (palavras e seu significado).
Pode ocorrer, em um texto poético, coesão lexical por referência (quando um termo já citado é retomado), por repetição (quando há repetição intencional de palavras) ou coesão sequencial (elementos colocados em sequência). No caso dos textos poéticos, as repetições de palavras são intencionais e tem por objetivo chamar a atenção do leitor.
Ex.: Coesão por referência: minha, nosso, nossas / Coesão sequencial: Em cismar – sozinho, à noite / Coesão por repetição: que amava João, que amava Tereza
Videoaula
E aí? Conseguiu aprender algumas dicas de como escrever de maneira mais coesa? Ótimo! Agora, para entender como usar os elementos de coesão no seu texto dissertativo-argumentativo, assista à videoaula de redação com a professora Daniela!
Exercícios
Agora, que tal testar um pouco seus conhecimentos?
(ENEM – 2014)
Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara na janela em crônica de jornal ‒ eu não fazia isso há muitos anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica algumas vezes também é feita, intencionalmente, para provocar. Além do mais, em certos dias mesmo o escritor mais escolado não está lá grande coisa. Tem os que mostram sua cara escrevendo para reclamar: moderna demais, antiquada demais.
Alguns discorrem sobre o assunto, e é gostoso compartilhar ideias. Há os textos que parecem passar despercebidos, outros rendem um montão de recados: “Você escreveu exatamente o que eu sinto”, “Isso é exatamente o que falo com meus pacientes”, “É isso que digo para meus pais”, “Comentei com minha namorada”. Os estímulos são valiosos pra quem nesses tempos andava meio assim: é como me botarem no colo ‒ também eu preciso. Na verdade, nunca fui tão posta no colo por leitores como na janela do jornal. De modo que está sendo ótima, essa brincadeira séria, com alguns textos que iam acabar neste livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo a sério ser sério… mesmo quando parece que estou brincando: essa é uma das maravilhas de escrever. Como escrevi há muitos anos e continua sendo a minha verdade: palavras são meu jeito mais secreto de calar.
LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de janeiro: Record, 2004.
Os textos fazem uso constante de recurso que permitem a articulação entre suas partes. Quanto à construção do fragmento, o elemento
a) “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em crônica de jornal”.
b) “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem no colo”.
c) “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”.
d) “alguns” antecipa a informação “É isso que digo para meus pais”.
e) “essa” recupera a informação anterior “janela do jornal”.
Gabarito: A
(ENEM – 2012)
Labaredas nas trevas Fragmentos do diário secreto de Teodor Konrad Nalecz Korzeniowski
20 DE JULHO [1912]
Peter Sumerville pede-me que escreva um artigo sobre Crane. Envio-lhe uma carta: “Acredite-me, prezado senhor, nenhum jornal ou revista se interessaria por qualquer coisa que eu, ou outra pessoa, escrevesse sobre Stephen Crane. Ririam da sugestão. […] Dificilmente encontro alguém, agora, que saiba quem é Stephen Crane ou lembre-se de algo dele. Para os jovens escritores que estão surgindo ele simplesmente não existe.”
20 DE DEZEMBRO [1919]
Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal. Sou reconhecido como o maior escritor vivo da língua inglesa. Já se passaram dezenove anos desde que Crane morreu, mas eu não o esqueço. E parece que outros também não. The London Mercury resolveu celebrar os vinte e cinco anos de publicação de um livro que, segundo eles, foi “um fenômeno hoje esquecido” e me pediram um artigo.
FONSECA, R. Romance negro e outras histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 1992 (fragmento).
Na construção de textos literários, os autores recorrem com frequência a expressões metafóricas. Ao empregar o enunciado metafórico “Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal”, pretendeu-se estabelecer, entre os dois fragmentos do texto em questão, uma relação semântica de
a) causalidade, segundo a qual se relacionam as partes de um texto, em que uma contém a causa e a outra, a consequência.
b) temporalidade, segundo a qual se articulam as partes de um texto, situando no tempo o que é relatado nas partes em questão.
c) condicionalidade, segundo a qual se combinam duas partes de um texto, em que uma resulta ou depende de circunstâncias apresentadas na outra.
d) adversidade, segundo a qual se articulam duas partes de um texto em que uma apresenta uma orientação argumentativa distinta e oposta à outra.
e)finalidade, segundo a qual se articulam duas partes de um texto em que uma apresenta o meio, por exemplo, para uma ação e a outra, o desfecho da mesma.
Gabarito: B
(ENEM – 2011)
Cultivar um estilo de vida saudável é extremamente importante para diminuir o risco de infarto, mas também de problemas como morte súbita e derrame. Significa que manter uma alimentação saudável e praticar atividade física regularmente já reduz, por si só, as chances de desenvolver vários problemas. Além disso, é importante para o controle da pressão arterial, dos níveis de colesterol e de glicose no sangue. Também ajuda a diminuir o estresse e aumentar a capacidade física, fatores que, somados, reduzem as chances de infarto. Exercitar-se, nesses casos, com acompanhamento médico e moderação, é altamente recomendável.
ATALIA, M. Nossa vida. Época . 23 mar. 2009.
As ideias veiculadas no texto se organizam estabelecendo relações que atuam na construção do sentido. A esse respeito, identifica-se, no fragmento, que
a) a expressão “Além disso” marca uma sequenciação de ideias.
b) o conectivo “mas também” inicia oração que exprime ideia de contraste.
c) o termo “como”, em “como morte súbita e derrame”, introduz uma generalização.
d) o termo “Também” exprime uma justificativa.
e) o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis de colesterol e de glicose no sangue”.
Gabarito: A