Veja os numerais cardinais, ordinais, fracionários, multiplicativos e coletivos. Os numerais podem indicar a quantidade e a ordem de seres e objetos. Nesta aula você vai revisar os diferentes numerais da língua portuguesa para mandar bem no Enem.
O numeral integra a classificação e a categoria de uma classe gramatical. Veja no resumo sobre os Numerais que eles são a palavra que indica a quantidade, a ordem e a sequência dos seres e objetos.
A classificação dos numerais se divide em cardinais (indicando a quantidade), ordinais (indicando a ordem), fracionários (indicando a quantidade em fração), multiplicativos (indicando a quantidade em múltiplos) e coletivos (indicando o grupo ou conjunto de algo).
Veja alguns exemplos:
- Ele conseguiu quatro matérias no cursinho pré-vestibular. (numeral cardinal)
- A candidata conseguiu se classificar em primeiro. (numeral ordinal)
- Ela estudou o dobro do tempo para o concurso. (numeral multiplicativo)
- Era uma multidão para o concurso público. (numeral coletivo)
- Somente um terço dos vestibulandos conseguiu aprovação. (numeral fracionário)
O que são os Numerais
Para começar os estudos sobre a classificação assista ao resumo da professora de português Mercedes Bonorino, do canal do Curso Enem Gratuito, com a introdução básica:
Apenas seres e objetos são classificáveis
Fique atento(a): Somente podemos classificar como numerais as expressões em palavras que indicam números em relação aos seres e objetos.
Quando as expressões são apresentadas em números não podemos classificar como numerais e sim como algarismo. Entendeu? Veja então alguns exemplos:
- Ela comprou 45 canetas para fazer o resumo do concurso. (algarismo)
- Apenas 1/5 dos professores concordou com a prova aplicada. (algarismo)
- Além dos numerais, há outras expressões que indicam quantidade, proporção ou ordem.
Veja alguns exemplos:
- Faz mais de uma década que ele passou no concurso público federal.
- Somente meia dúzia de alunos chegaram a tempo de fazer a prova.
- Ele perdeu seu par de meia.
- A idosa era muito religiosa, rezava uma novena sempre.
Classificação dos numerais
As classificações dos numerais são cinco: cardinais, ordinais, fracionários, multiplicativos e coletivos.
Cardinais
são aqueles que indicam contagem, medida. É o número básico. Exemplo: Somente uma pessoa compareceu na prova.
Ordinais
São aqueles que indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada. Exemplo: Ficou em segundo lugar na classificação geral.
Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo e a partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo. Veja os exemplos:
João Paulo II (segundo)
D. Pedro II (segundo)
Século VIII (oitavo)
Canto IX (nono)
Tomo XV (quinze)
Luís XVI (dezesseis)
Capítulo XX (vinte)
E, para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro)
Artigo 9.° (nono)
Artigo 10 (dez)
Artigo 21 (vinte e um)
Fracionários
São aqueles que indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão dos seres. Exemplo: Somente um quarto dos candidatos lembrou o dia da prova.
Fique atento(a): Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Veja os exemplos:
Um terço da prova foi resolvida.
Dois terços da prova foram resolvidos.
Multiplicativos
São aqueles que expressam ideia de multiplicação dos seres e objetos indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada. Exemplo: Eles estudaram o dobro do tempo para passar na prova.
Observe que os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em função substantiva. Exemplo: Os cursistas fizeram o dobro de exercícios e conseguiram o triplo de aprovação!
Observe também que os numerais multiplicativos são variáveis quando atuam em funções adjetivas flexionando-se em gênero e número. Exemplo: Os vestibulandos devem receber doses triplas de material de estudo.
Coletivos
São aqueles que se referem ao conjunto de algo, indicando o número exato de seres que compõem esse conjunto. Exemplo: Centenas de pessoas se reuniram para escutar o resultado do vestibular.
Atenção: Os numerais coletivos flexionam-se em número. Observe os exemplos:
Uma dúzia de questões foi resolvida.
Duas dúzias de questões foram resolvidas.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido. É o que ocorre em frases como:
A escrita dela é de primeiríssima qualidade em qualquer momento!
Me empresta vintenzinho aí!
Aquele “timeco” entrou para segundona (segunda divisão de futebol)
Como se escrevem os numerais
Para escrever corretamente os números deve-se separar os números em centenas (de trás para frente para obter os conjuntos numéricos) e, no fim, as dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção e. Veja os exemplos:
1.305.733 = um milhão, trezentos e cinco mil, setecentos e trinta e três.
66.480 = sessenta e seis mil, quatrocentos e oitenta.
Flexão dos numerais
Como você viu ao longo dessa aula, os numerais podem sofrer flexões. Observe que os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma, dois/duas, assim como os que indicam centenas de duzentos/duzentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas etc.
Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, etc. variam em número: milhões, bilhões, trilhões, etc. Os demais cardinais são invariáveis.
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
primeiro | segundo | milésimo |
primeira | segunda | milésima |
primeiros | segundos | milésimos |
primeiras | segundas | milésimas |
Atenção: As palavras “ambos” e “ambas” são consideradas numerais. Elas significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são largamente empregadas para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Veja o exemplo: Ana e Beatriz perceberam a importância da solidariedade feminina. Ambas participam e divulgam os propósitos da sororidade.
Procure não usar “ambos os dois”, pois é considerada uma expressão enfática e seu uso indica artificialismo ou afetação.
Exercícios sobre classificação dos numerais
Sumário do Quiz
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Pergunta 1 de 10
1. Pergunta
(UNESP SP/2012)
Considere o fragmento de uma crônica de Eça de Queirós (1845-1900) escrita em junho de 1871.
Uma campanha alegre, IX
Há muitos anos que a política em Portugal apresenta este singular estado:
Doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente possuem o Poder, perdem o Poder, reconquistam o Poder, trocam o Poder… O Poder não sai duns certos grupos, como uma pela* que quatro crianças, aos quatro cantos de uma sala, atiram umas às outras, pelo ar, num rumor de risos.
Quando quatro ou cinco daqueles homens estão no Poder, esses homens são, segundo a opinião, e os dizeres de todos os outros que lá não estão — os corruptos, os esbanjadores da Fazenda, a ruína do País!
Os outros, os que não estão no Poder, são, segundo a sua própria opinião e os seus jornais — os verdadeiros liberais, os salvadores da causa pública, os amigos do povo, e os interesses do País.
Mas, coisa notável! — os cinco que estão no Poder fazem tudo o que podem para continuar a ser os esbanjadores da Fazenda e a ruína do País, durante o maior tempo possível! E os que não estão no Poder movem-se, conspiram, cansam-se, para deixar de ser o mais depressa que puderem — os verdadeiros liberais, e os interesses do País!
Até que enfim caem os cinco do Poder, e os outros, os verdadeiros liberais, entram triunfantemente na designação herdada de esbanjadores da Fazenda e ruína do País; em tanto que os que caíram do Poder se resignam, cheios de fel e de tédio — a vir a ser os verdadeiros liberais e os interesses do País.
Ora como todos os ministros são tirados deste grupo de doze ou quinze indivíduos, não há nenhum deles que não tenha sido por seu turno esbanjador da Fazenda e ruína do País…
Não há nenhum que não tenha sido demitido, ou obrigado a pedir a demissão, pelas acusações mais graves e pelas votações mais hostis…
Não há nenhum que não tenha sido julgado incapaz de dirigir as coisas públicas — pela Imprensa, pela palavra dos oradores, pelas incriminações da opinião, pela afirmativa constitucional do poder moderador…
E todavia serão estes doze ou quinze indivíduos os que continuarão dirigindo o País, neste caminho em que ele vai, feliz, abundante, rico, forte, coroado de rosas, e num chouto** tão triunfante!
(*) Pela: bola.
(**) Chouto: trote miúdo.
(Eça de Queirós. Obras. Porto: Lello & Irmão-Editores, [s.d.].)
Assinale a alternativa cuja frase contém um numeral cardinal empregado como substantivo.
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Pergunta 2 de 10
2. Pergunta
(UFAM/2008)
Assinale a opção em que há erro na forma numeral ordinal:
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Pergunta 3 de 10
3. Pergunta
(PUC SP/2007)
Em uma peça publicitária recentemente veiculada em jornais impressos, pode-se ler o seguinte: “Se a prática leva à perfeição, então imagine o sabor de pratos elaborados bilhões e bilhões de vezes.”
A segunda oração que compõe a referida peça publicitária contém a expressão “pratos elaborados bilhões e bilhões de vezes”. Em recente declaração à Revista Veja a respeito de seu filho, o presidente Luís Inácio Lula da Silva fez a seguinte afirmação (Revista Veja Edição 1979 – 25 out. 2006).
“Deve haver um milhão de pais reclamando: por que meu filho não é o Ronaldinho? Porque não pode todo mundo ser o Ronaldinho.
A respeito das expressões destacadas em negrito nos trechos acima, é lingüisticamente adequado afirmar que
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Pergunta 4 de 10
4. Pergunta
(IFMA/2016)
Leia a tirinha “As cobras”.
Sabe-se que, dependendo do contexto, algumas palavras podem adquirir sentidos distintos e pertencer a classes gramaticais diferentes. Na tirinha acima, isso ocorre com a palavra “um”, no primeiro e terceiro balão. Assim, qual sua classificação morfológica no primeiro e no último quadrinho, respectivamente?
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Pergunta 5 de 10
5. Pergunta
(UEMS/2008)
Bondades e obrigações
“Me perdoem, mas detestei: baixaram um pacote de benefícios para aposentados, parte de um programa maior que chamaram de… “pacote das bondades”.
Primeiro, não pude acreditar. Quem teria batizado a pobre criança sob tão lamentável inspiração? Mas era verdade. Eu me espantei com esse nome de mau gosto, quase um insulto.
Um governo não age por “bondade”: tem obrigação de desempenhar otimamente seu papel de cuidar, administrar, proporcionar dignidade e oportunidades aos cidadãos, do mais simples ao mais privilegiado. São eles que lhe pagam salário e outras benesses.
É dever de todo governo liberar de impostos os medicamentos, mais onerados do que automóveis. É seu dever investir na manutenção e melhoria de escolas e universidades e cuidar para que seu nível seja elevadíssimo; é seu dever eliminar as filas humilhantes ou assassinas do INSS; é seu dever combater de verdade o narcotráfico; é seu dever promover a paz nas cidades e no campo, assegurando aos que ali vivem e trabalham o necessário apoio para que se sintam dignos e protegidos.
É altíssimo dever de quem conseguiu qualquer posto num governo, sabendo que seria onerado com sérios compromissos, fazer de seu grupo de trabalho, de seus colaboradores, exemplos de dignidade e honradez, estimulando a punição dos transgressores.
Se algum nome devesse ter o tal pacote, haveria de ser: “cumprimento das graves obrigações do governo”.
Lya Luft. Veja, 19/04/2006, p. 22
“Primeiro, não pude acreditar, Quem teria batizado a pobre criança sob tão lamentável inspiração? Mas era verdade. Eu me espantei com esse nome de mau gosto, quase um insulto.”
As palavras em negrito, no parágrafo acima, classificam–se do ponto de vista morfológico, respectivamente, como:
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Pergunta 6 de 10
6. Pergunta
(UDESC SC/2017)
MUITOS ANOS DE ASILO.
NINGUÉM OS QUIS.
NEM A COR NEM A IDADE CERTAS.
FICARAM LÁ.
E FICARAM ATÉ DEPOIS QUE SAÍRAM.
GUARADARAM O APELIDO.
ELE, 36.
ELA, 37.
ERAM OS NÚMEROS QUE MARCAVAM AS ROUPAS.
E AS CAMAS.
OS NÚMEROS DA CHAMADA.
DAS CADEIRAS DO CAFÉ DA MANHÃ.
ELA SE FORMOU PROFESSORA.
ELE, DEPOIS DE TUDO,
PASSOU A DETESTAR MOTO.
E, POR ISSO MESMO,
FOI SER MOTOBOY.
TINHA OUTRO TRABALHO.
VENDIA INFORMAÇÃO.
COM OU SEM FOTOS DE CELULAR.
SEMPRE QUE VIA ALGUMA COISA.
NAS RUAS, NAS ANDANÇAS.
VENDIA PARA UM PORTAL DE NOTÍCIAS.
UMA MERRECA.
MAS DIVERTIA.
AH, E NUNCA TREPARAM.
NUNCA.
NÃO ERA ESSE O LANCE DELES.
VIGNA, Elvira. Vitória Valentina, Ed. Lamparina, 2016.
Analise as proposições em relação à obra Vitória Valentina, Elvira Vigna, e ao texto.
I. As estruturas linguísticas “MUITOS ANOS”, “36” e “37” são formas numéricas que indicam numeral coletivo e quantidade determinada, sequencialmente.
II. Da leitura do período “FOI SER MOTOBOY”, infere-se a ideia de desafio, vencer o trauma que ele – Nando, adquirira após o acidente e a morte dos pais.
III. A produção escrita de Elvira Virgínia põe em relevo os traços de uma linguagem literária com resquícios de oralidade fundamentada na linguagem oral.
IV. Na estrutura “ERAM OS NÚMEROS QUE MARCAVAM AS ROUPAS” a expressão destacada retoma as formas linguísticas 36 e 37, portanto é um esclarecimento anafórico.
V. A leitura do texto leva o leitor a inferir que a outra atividade, que Nando exercia, possuía características análogas às de paparazzi, embora aquele não possuísse as técnicas jornalísticas de fotografias.
Assinale a alternativa correta.
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Pergunta 7 de 10
7. Pergunta
(UFAM/2015)
Escolhi a mesinha que estava na calçada e pedi um suco de frutas naturais mas sabendo que viria um suco com sabor de frutas artificiais, as frutas de laboratório, os bebês de laboratório – mas onde estamos? Enfim, já anunciaram que temos usinas nucleares, um dia vai chegar um sergipano (ou um paulistano, não tenho preconceito de região) e vai apertar distraidamente o botão errado. Pronto. O Brasil vira memória. E as pessoas tão inconscientes ouvindo uma musiquinha na porta da loja de discos. Também vejo um homem engraxando o sapato. E, no prédio em frente, passam um filme certamente desinteressante: noto que apenas um casal está na fila do cinema. Vejo também um velho com o netinho jogando migalhas para os pombos. Chovem propagandas de produtos comerciais, poluindo a paisagem. Era bom antes, lembra? Quando as paisagens eram limpas. Mas agora é tarde. É tarde no planeta. (“É tarde no planeta”, de Lygia Fagundes Telles, no livro “A Disciplina do Amor”. Texto adaptado.)
Assinale a opção em que o vocábulo UM funciona como numeral e não como artigo:
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Pergunta 8 de 10
8. Pergunta
(UFAL/2014)
O romano da gravura parece estar em dúvida do valor do numeral romano MCDV cuja transcrição para o numeral cardinal é:
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Pergunta 9 de 10
9. Pergunta
(UNIMONTES MG/2010)
Trabalhar e sofrer
1“O trabalho enobrece” é uma dessas frases feitas que a gente repete sem refletir no que significam, feito reza automatizada. Outra é “A quem Deus ama, ele faz sofrer”, que fala de uma divindade cruel, fria, que não mereceria uma vela acesa sequer. Sinto muito: nem sempre trabalhar nos torna mais nobres, nem sempre a dor nos deixa mais justos, mais generosos. O tempo para contemplação da arte e da natureza, ou 5curtição dos afetos, por exemplo, deve enobrecer bem mais. Ser feliz, viver com alguma harmonia, há de nos tornar melhores do que a desgraça. A ilusão de que o trabalho e o sofrimento nos aperfeiçoam é uma ideia que deve ser reavaliada e certamente desmascarada.
O trabalho tem de ser o primeiro dos nossos valores, nos ensinaram, colocando à nossa frente cartazes pintados que impedem que a gente enxergue além disso. Eu prefiro a velha dama esquecida num 10canto feito uma mala furada, que se chama ética. Palavra refinada para dizer o que está ao alcance de qualquer um de nós: decência. Prefiro, ao mito do trabalho como única salvação, e da dor como cursinho de aperfeiçoamento pessoal, a realidade possível dos amores e dos valores que nos tornariam mais humanos. Para que se trabalhe com mais força e ímpeto e se viva com mais esperança.
O trabalho que dá valor ao ser humano e algum sentido à vida pode, por outro lado, deformar e 15destruir. O desprezo pela alegria e pelo lazer espalha-se entre muitos de nossos conceitos, e nos sentimos culpados se não estamos em atividade, na cultura do corre-corre e da competência pela competência, do poder pelo poder, por mais tolo que ele seja.
Assim como o sofrimento pode nos tornar amargos e até emocionalmente estéreis, o trabalho pode aviltar, humilhar, explorar e solapar qualquer dignidade, roubar nosso tempo, saúde e possibilidade de 20crescimento. Na verdade, o que enobrece é a responsabilidade que os deveres, incluindo os de trabalho, trazem consigo. O que nos pode tornar mais bondosos e tolerantes, eventualmente, nasce do sofrimento suportado com dignidade, quem sabe com estoicismo. Mas um ser humano decente é resultado de muito mais que isso: de genética, da família, da sociedade em que está inserido, da sorte ou do azar, e de escolhas pessoais (essas a gente costuma esquecer: queixar-se é tão mais fácil).
25Quanto tempo o meu trabalho ¾ se é que temos escolha, pois a maioria de nós dá graças a Deus se consegue trabalhar por um salário vil ¾ me permite para lazer, ou o que eu de verdade quero, se é que paro para refletir sobre isso? Quanto tempo eu me dou para viver? Quanto sobra para meu crescimento pessoal, para tentar observar o mundo e descobrir meu lugar nele, por menor que seja, ou para entender minha cultura e minha gente, para amar minha família?
30E, se o luxo desse tempo existe, eu o emprego para ser, para viver, ou para correr atrás de mais um trabalho a fim de pagar dívidas nem sempre necessárias? Ou apenas não me sinto bem ficando sem atividade, tenho de me agitar sem vontade, rir sem alegria, gritar sem entusiasmo, correr na esteira além do indispensável para me manter sadio, vagar pelos shoppings quando nada tenho a fazer ali e já comprei todo o possível ¾ muito mais do que preciso, no maior número de prestações que me ofereceram? E, quando 35tenho momentos de alegria, curto isso ou me preocupo: algo deve estar errado?
Servos de uma culpa generalizada, fabaricamos caprichosamente cada elo do círculo infernal da nossa infelicidade e alienação. Essas frases feitas, das quais aqui citei só duas, podem parecer banais. Até rimos delas, quando alguém nos leva a refletir a respeito. Mas na verdade são instrumento de dominação de mentes: sofra e não se queixe, não se poupe, não se dê folga, mate-se trabalhando, seja humilde, seja pobre, 40sofrer é nosso destino, darás à luz com dor ¾ e todo o resto da tola e desumana lavagem cerebral de muitos séculos, que a gente em geral nem questiona mais.
Lya Luft, Veja, 20/1/2010
Considere o seguinte período: “Essas frases feitas, das quais aqui citei só duas, podem parecer banais.” (ref. 35)
Em qual das alternativas abaixo uma das classes gramaticais citadas NÃO está presente no trecho apresentado?
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Pergunta 10 de 10
10. Pergunta
(UNEMAT MT/2012)
“NEYMAR agora é MEIA. E CUECA também. NEYMAR agora é LUPO. O maior fabricante de golaços do país e a maior fabricante de meias sociais e cuecas do Brasil, juntos”.
(Revista Veja, 10 de agosto de 2011, pp. 35-37).
Sobre esse texto é incorreto afirmar.
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Sobre o(a) autor(a):
Os textos e exemplos acima foram preparados pela professora Andressa da Costa Farias para o Blog do Enem. Andressa é formada em Letras Português e Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Santa Maria. E atualmente cursa Doutorado em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina. Colabora eventualmente escrevendo crônicas para o jornal Diário de Santa Maria (RS) das quais posta no blog pessoal: www.andressacf.blogspot.com Facebook: https://www.facebook.com/andressa.dacostafarias