A região Nordeste do Brasil é dividida em quatro sub-regiões: zona da mata, agreste, sertão e meio-norte. Conheça as características das sub-regiões do Nordeste!
A região Nordeste foi a primeira região das terras brasileiras onde os portugueses estabeleceram suas colônias e foi sendo ocupada de acordo com as características das áreas que hoje conhecemos como sub-regiões do Nordeste.
A história da região Nordeste
As colônias tiveram inicial sucesso principalmente pelo predomínio do clima tropical e pelas extensas manchas de massapé. Esse solo rico e fértil foi muito propício para o estabelecimento de plantations de cana-de-açúcar, sistema de monoculturas voltados para o mercado externo e baseado no trabalho escravo.
As plantations se estabeleceram na sub-região da Zona da Mata, no litoral, e por estarem voltadas para a produção de cana-de-açúcar não produziam muitos alimentos. A falta de gêneros alimentícios levou ao estabelecimento de colônias em outras sub-regiões do Nordeste, Agreste e Sertão principalmente, de forma a prover a zona da mata de viveres. O Meio-Norte também foi colonizado com o objetivo de ser apoio a produção canavieira, porém com menor efeito.
Após essa breve introdução da colonização da região Nordeste, vamos estudar cada uma das sub-regiões do Nordeste e suas características.
As sub-regiões do Nordeste
A região Nordeste do Brasil é dividida em quatro sub-regiões: zona da mata, agreste, sertão e meio-norte. Vamos estudar as características de cada uma das sub-regiões do Nordeste.
A sub-região da Zona da Mata
A geografia física da Zona da Mata
O clima da Zona da Mata é o tropical úmido de verões secos e invernos úmidos. Esse clima é caracterizado por elevadas temperaturas o ano inteiro e por chuvas má distribuídas durante o ano, sendo o inverno e outono chuvosos.
Por sua vez, o relevo dessa região se caracteriza por planícies sedimentares marítimas extensas, o que favoreceu a formação de solos férteis e ricos muito importantes para a formação do primeiro ciclo econômico da região e do Brasil: o ciclo da cana-de-açúcar.
Na Zona da Mata, a vegetação predominante é a Mata Atlântica com florestas densas e grande biodiversidade. Porém, é importante lembrar que a vegetação original foi muito devastada, tanto para a exploração de madeiras nobres como para abrir espaço para a agropecuária.
A economia da Zona da Mata
A Zona da Mata foi a primeira sub-região a ser colonizada pelos portugueses e continua hoje como a mais populosa sub-região do Nordeste, concentrando as maiores cidades e grande parte das capitais da região Nordeste.
Essa região possui uma economia mais dinâmica em comparação à do período colonial e possui hoje um relativo indicie de industrialização, principalmente nas cidades de Salvador – Bahia, Recife – Pernambuco e Fortaleza – Ceará, sendo a sub-região nordestina mais industrializada.
A estrutura fundiária da Zona da Mata se mantém ainda como nos primórdios da colonização com grandes latifúndios canavieiros. O recôncavo baiano se mostra diferente somente na produção, pois a estrutura se mantém em grandes latifúndios produtores de cacau e tabaco.
A partir da década de 1950, a região Nordeste começou o seu processo de industrialização com um forte apoio estatal. Nesse processo, podemos destacar o polo de Camaçari na região metropolitana de Salvador como um grande polo industrial da Zona da Mata. Na região de Recife, destaca-se a indústria de tecnologia de informação, principalmente de produção de softwares, que vem crescendo graças ao apoio estatal em comunhão com a iniciativa privada.
A sub-região do Agreste
A geografia física do Agreste
O Agreste é uma zona de transição entre a Zona da Mata, com um clima tropical úmido, e o Sertão, com um clima semiárido. Dessa forma, podemos encontrar características mistas de clima, com predomínio das características do semiárido.
Isso se deve muito à formação do relevo do Agreste, que é dominado pela Serra da Borborema. Por ter uma grande elevação, a serra impede a chegada das massas de ar carregadas de umidade advindas do oceano. Por fim, no Agreste encontramos uma vegetação de transição com espécies características da Mata Atlântica e da Caatinga.
A economia do Agreste
O Agreste nordestino foi inicialmente ocupado por colonos portugueses com o intuito de fornecer víveres para a zona canavieira da Zona da Mata. Como o relevo do Agreste é acidentado, o sistema de plantation não pôde ser aplicado na região. O relevo dificulta também a pecuária extensiva, utilizada na época devido à baixa evolução tecnológica. Sendo assim, o Agreste acabou colonizado por pequenos proprietários policultores com um forte caráter de subsistência.
A economia do Agreste se estabelece a partir de pequenas e médias propriedades rurais voltadas para a subsistência e para produção de café, algodão e sisal (fibra vegetal usada na fabricação de artesanatos, além de cordas e tapetes). O excedente dessa produção agrícola é comercializado em feiras livres, onde ainda é possível encontrar a prática de escambo, apesar de rara, entre pequenos produtores rurais.
É nas feiras livres também que a produção industrial do Agreste é comercializada, sendo que o principal produto são artesanatos. As grandes feiras livres deram origem às cidades mais populosas do Agreste nordestino, como Feira de Santana (BA), Caruaru (PE), Campina Grande (PB), Arapiraca (AL) e Itabaiana (SE). É importante ressaltar que o Agreste tem apresentado um grande crescimento e dinamização da sua economia, sendo puxado pelo setor de serviços.
A sub-região do Sertão
A geografia do Sertão
O Sertão nordestino apresenta um clima semiárido caracterizado por chuvas escassas e mal distribuídas e por temperaturas elevadas o ano inteiro. O semiárido nordestino é resultado de diversos fatores, sendo o principal dele a influência da Serra da Borborema no clima da depressão sertaneja, uma depressão é uma porção de terra consideravelmente mais baixa do que seu entorno. A Serra da Borborema impede que a umidade do oceano atinja a depressão sertaneja causando o clima semiárido no Sertão nordestino.
O relevo apresenta pouca altitude e em geral é plano, apresentando ainda um solo raso e pouco fértil. A vegetação predominante é formada por arbusto baixos, principalmente cactáceas, gramíneas e árvores de pequeno porte, sendo conhecida como Caatinga. Essa vegetação é caracterizada como xerófita, adaptada a um clima seco.
A economia do Sertão
O Sertão é ocupado pela necessidade de abastecimento da zona canavieira e se especializa na criação extensiva de gado de corte, ocorrendo principalmente em grandes latifúndios. A pecuária extensiva utiliza pouca tecnologia e possui baixa produtividade, utilizando uma grande área para produção. Esse tipo de ocupação ocorreu devido ao clima seco e quente, que impossibilita a produção de outros gêneros agrícolas. O relevo é outro fator que facilita a produção de gado, pois apresenta grandes extensões de terra plana.
Além da criação de gado, podemos encontrar lavouras de algodão como produção comercial. Uma nova possibilidade vem surgindo no vale do rio São Francisco, onde a fruticultura vem aparecendo como possibilidade de cultura no Sertão.
A sub-região Meio-Norte
A geografia do Meio-Norte
Por ser uma zona de transição entre o semiárido do Sertão e o clima equatorial da Amazônia, encontramos no Meio-Norte características mistas de clima com altas temperaturas o ano todo e um clima mais úmido que o Sertão e mais seco que o clima equatorial.
A vegetação é formada por basicamente duas espécies de palmeiras, a carnaúba e o babaçu, e a utilização dos subprodutos dessas plantas tornaram o extrativismo vegetal uma atividade econômica importante para a região. O relevo é pouco acidentado e possui um leve declive em direção a planície amazônica.
A economia do Meio-Norte
O Meio-Norte foi a última sub-região nordestina a ser ocupada, com o mesmo intuito das outras zonas de apoio da zona produtiva canavieira. Durante muito tempo, o Meio-Norte não teve expressão na economia nordestina, servindo principalmente para produção de gado de corte e para extração de óleo vegetal da mata dos cocais, vegetação predominante na região.
Contudo, a partir da década de 1990 a região tem sido alvo da expansão da fronteira agrícola, apresentando uma forte concentração fundiária. Assim, suas terras tem sido utilizadas para produção de soja ao sul e para a produção de arroz nos vales fluviais.
Exercícios sobre as sub-regiões do Nordeste
Agora que você já entendeu tudo, resolva os exercícios abaixo e veja como esses conhecimentos caem nas provas de vestibular e do Enem!
1 – (UFMT) Os textos a seguir referem-se ao sertão do Nordeste brasileiro.
TEXTO I
A seca, a falta de chuva e a natureza hostil são fundamentais para explicarmos a miséria, o analfabetismo, a doença e a descapitalização do agricultor nordestino.
TEXTO II
Na escassez pluviométrica, que dificulta a reprodução de pragas, e na fertilidade de grandes extensões de solos, está um enorme potencial para a agricultura irrigada de caráter empresarial. O clima aqui é um recurso inestimável face à constante insolação, propiciando o desenvolvimento de culturas que, manejadas adequadamente, podem dar origem a uma nova Califórnia.
Indique a opção correta quanto aos textos apresentados.
- a) O texto I identifica a causa principal para os problemas do sertão nordestino, enquanto o texto II mostra ceticismo quanto às suas potencialidades.
- b) O texto I apresenta uma visão conservadora, e o texto II não se coaduna com as potencialidades econômicas do sertão nordestino.
- c) O texto I identifica na natureza a causa principal para os problemas do sertão nordestino, enquanto o texto II não indica as suas potencialidades econômicas.
- d) Os textos apresentam visões distintas, oriundas de agentes regionais com os mesmos interesses político-econômicos.
- e) Os textos apresentam visões distintas, sendo que o texto I apresenta uma visão determinista e o texto II indica as potencialidades econômicas do sertão nordestino.
2 – (UFPA) O Meio-Norte ou Nordeste Ocidental é uma região:
- a) onde os “brejos” ocupam as encostas das chapadas e se transformam em áreas de agricultura de subsistência.
- b) de transição entre a Amazônia e o Nordeste, com economia baseada no extrativismo vegetal e na agricultura tradicional de algodão e arroz.
- c) de relevo suave, verdadeira extensão da Planície Amazônica, que tem na pecuária leiteira e de corte a sua principal atividade.
- d) de clima tropical úmido, onde se concentram atividades ligadas às “plantations” de cacau.
- e) de grandes latifúndios, com ocorrências de elevadas densidades demográficas, devido à necessidade de numerosa mão-de-obra.
3 – (UECE) Considere as seguintes descrições de sub-regiões nordestinas:
I. Considerada a área de transição entre o sertão semiárido e a Amazônia úmida, possui sua economia baseada no extrativismo vegetal e na agricultura, destacando-se como área de modernização o complexo que integra o porto de Itaqui à Serra de Carajás.
II. Área em que predomina uma estrutura baseada em minifúndios. A policultura e a pecuária semi-intensiva contribuem para o abastecimento do mercado regional.
III. É a sub-região mais povoada e a mais industrializada. Foi considerada a principal região econômica do país durante o Brasil colonial.
Pode-se afirmar corretamente que as descrições I, II e III acima correspondem respectivamente a:
- a) Cerrado, Sertão e Zona da Mata.
- b) Meio-norte, Zona da Mata e Sertão.
- c) Cerrado, Agreste e Meio-norte.
- d) Meio-norte, Agreste e Zona da Mata.
GABARITO
- B
- B
- D