A coesão refere-se à estrutura de um texto. O que faz ele ser bem construído e sólido é a coesão. A coerência é aquilo que dá sentido ao conteúdo escrito, que encadeia bem as ideias e ainda te leva a uma conclusão incrível.
Quando se fala em coesão e coerência textual, muitas vezes as pessoas sabem o que é, mas não conseguem identificar maneiras de empregar essas ferramentas com facilidade. Ambos os termos são fundamentais para aqueles que precisam identificar os erros e ainda se sair bem na hora do Enem.
Coesão e coerência textual
A coesão refere-se à estrutura de um texto, o que faz ele ser bem construído e sólido. A coerência, por sua vez, é aquilo que dá sentido ao conteúdo escrito, que encadeia bem as ideias e ainda te leva a uma conclusão incrível.
Sendo assim, escrever um bom texto exige a capacidade de estabelecer relações claras entre várias ideias. O desafio é descobrir o melhor jeito de criá-las com as ferramentas de coesão e coerência textual que a língua oferece. Vamos ver então como essas ferramentas podem ajudar?
Resumo sobre Coesão e Coerência
Veja o resumo inicial com a professora Daniela Garcia, que dá aulas de português no canal do Curso Enem Gratuito.
Construção do texto por meio da articulação textual
Imagine, por exemplo, a construção de uma casa. As paredes são essenciais para que a estrutura exista. Portanto no texto, as ideias, informações e argumentos seriam os tijolos. Eles como estão dispostos lado a lado, permitem que as paredes de uma casa sejam erguidas.
Mas, assim como os tijolos precisam de argamassa para mantê-los colados e juntos, o texto necessita de termos que façam uma ligação entre ideias, informações e argumentos.
Nesse caso a articulação textual, ou na metáfora: a argamassa, pode ser definida em dois níveis diferentes.
O primeiro deles que veremos agora é o aspecto formal, linguístico, alcançado pela escolha de palavras – elementos linguísticos específicos. Sua função é justamente a de estabelecer referências e relações, articulando entre si as várias partes do texto. Chamamos isso de coesão textual.
Significação textual
Somente a seleção e a articulação de ideias, informações, argumentos e conceitos compatíveis entre si produzirão como resultado um texto claro. Nesse caso, estudante, como a articulação textual faz a construção do sentido, ela é chamada de coerência textual.
Metáfora: Sem os elementos de coesão textual, a escrita não fica clara e o texto sem qualidade.
Coerência: a construção do sentido
Quando não há a presença de coerência, fica evidente que o leitor não é capaz de identificar de que maneira as informações trazidas no texto se articulam.
Achou que não teria uma tirinha? Achou errado!
Tirinha de Snoopy, de Charles Schulz. Charlie Brown, conta ao amigo Linus que fora abandonado por uma menina. Linus, sem saber o que dizer – evitando o famoso “tem que ver isso aí” – resolve mandar um O golfe é um jogo cruel, Charlie Brown.
O comentário na tirinha acima acaba sendo tão sem sentido e fora de contexto, que o próprio Charlie Brown demonstra seu estranhamento “O que isso tem a ver?”. O problema é que a relação entre o assunto da conversa e o jogo de golfe não faz o menor sentido, ou seja, é incoerente.
Contexto e exemplos de coerência
Mas, veja só que curioso: no contexto da tira acima, essa fala tem sentido porque foi a maneira que Linus encontrou de mostrar a dificuldade em dizer alguma coisa pertinente para Charlie Brown. Esses detalhes também são observados pelos revisores tanto de redação quanto na provas de gramática.
Quando os revisores avaliam a coerência de um texto, o que fazem é buscar se existe sentido entre as ideias, informações, argumentos correspondem, com o texto. Para ser coerente, portanto, é necessário garantir que a articulação entre as ideias, informações, argumentos sejam estabelecidas de modo adequado.
Veja agora como diferentes ferramentas coesivas garantem a articulação das ideias e, portanto, a construção do sentido de um texto
Tipos de coesão textual: referencial e sequencial
A língua tem disponível uma série de ferramentas que criam vínculos entre as palavras, as orações e entre diferentes partes de um mesmo texto. Essas ferramentas podem estabelecer dois tipos de coesão textual: a referencial e a sequencial.
- Coesão referencial é aquela que cria, no interior do texto, um sistema de relação entre palavras e expressões. Ela permite que o leitor identifique sobre quais referências se fala no seu texto.
- Coesão sequencial é, aquela que desenvolve no interior do texto condições para que o “discurso avance”.
Coesão sequencial
As muitas flexões verbais de tempo e modo e as conjunções são os principais termos linguísticos responsáveis pelo estabelecimento e manutenção da coesão sequencial no interior do seu texto. Dessa maneira a relação entre coesão e coerência se mantem mais forte ainda.
Portanto é possível salientar que as ferramentas de coesão sequencial, ou seja, os termos utilizados a fim de garantir a articulação formal das partes do seu texto, são essenciais para estabelecer a relação entre as ideias.
Por esse motivo, estudante, um bom controle das ferramentas coesivas ajuda a garantir a progressão temática e a promover uma boa articulação das ideias, informações e argumentos no interior do texto.
Coesão referencial
Da mesma maneira que algumas placas de trânsito nos dizem para seguir em frente, podemos utilizar palavras cuja função é orientar os leitores de um texto. Esses termos se forem usadas de maneira equivocada, fará com que o leitor fique confuso e desorientado.
Conheça abaixo algumas ferramentas responsáveis pelo estabelecimento da coesão referencial.
Anáfora
A palavra anáfora vem do grego e é formada pelo prefixo ana, que quer dizer “repetição”, e pelo verbo pheró, que quer dizer “transportar”, “suportar”, “manter”.
Ela consiste na repetição de uma ou mais palavras no início de orações, períodos ou versos num poema. É uma ferramenta bastante utilizada em poemas e letras de músicas, por exemplo.
Essa figura de linguagem também se dá pela utilização de pronomes demonstrativos e pronomes relativos que substituem palavras ditas em orações anteriores.
Por exemplo observe este diálogo:
_Você assistiu ao filme?
_Eu não. Ele é muito longo.
_Ah! é mesmo?
_Sim! Tão longo que, só nas primeiras cenas que ele traz, eu já peguei no sono.
O pronome pessoal ele retoma, anaforicamente ao referente: filme, presente na primeira fala do diálogo. Já o elemento que, um pronome relativo, retoma seu antecedente – cenas – fazendo com que a oração seguinte signifique “que o filme traz”.
Quando optamos por “não repetir palavras”, mostramos ao revisor, além do domínio da norma culta, nosso poder de coesão.
Substituição
Substituição nada mais é do que substituição de uma palavra por outra que, com ela, podemos manter o mesmo significado ou sentindo.
Pode ocorrer por meio e pronomes também. Exemplo:
“Existem pessoas que acreditam que o sistema de cotas só serve para evidenciar o preconceito. Mas, há também as que pensam que se trata de uma política de governo, cuja manutenção é resultado da boa vontade do futuro presidente, o qual deverá basear a sua política na expansão desses programas sociais.”
Note que o pronome cujo substitui o termo: política de governo. O pronome qual substitui o termo: futuro presidente. Já o pronome possessivo sua substitui, ainda, o termo futuro presidente.
Catáfora
Esse artifício faz parte das ferramentas que te ajudam a manter a coesão e coerência do texto sem cansar o leitor. Por isso que alguns pronomes são conhecidos como catafóricos. Estes são aqueles que fazem menção a uma palavra que ainda aparecerá no texto, estabelecendo com ela uma relação dependente. Veja os exemplos abaixo e entenda como essa figura de linguagem pode te ajudar:
“O professor escutou-o com atenção e disse: Bento, essa questão está incompleta.”
Percebeu que o pronome o – oblíquo – só ficou completo, fez referência, quando apareceu o termo Bento? Nesse caso aqui diferença entre a anáfora é que a catáfora fará referência a termos que ainda não foram referenciados. E isso finaliza a nossa aula de hoje, agora para fixar o assunto, veja o vídeo do canal e faça os exercício abaixo.
“A gramática, a mesma árida gramática, transforma-se em algo parecido a uma feitiçaria evocatória: as palavras ressuscitam revestidas de carne e osso, o substantivo, em sua majestade substancial, o adjetivo, roupa transparente que o veste e colore como um verniz, e o verbo, anjo do movimento que dá impulso à frase.”
__Charles Baudelaire (poeta francês, 1821-1867). BARELLI, Ettore; PENACCHIETTI, Sergio. Dicionário das citações. Tradução de Karina Jannini. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 314.
Videoaula sobre coesão e coerência textual
Exercícios
01 – (UFT TO)
“Contam os velhos do povo Karajá que um misterioso acontecimento estava deixando a aldeia alarmada. Isso acontecia porque os guerreiros estavam sumindo durante a caçada e ninguém conseguia explicar por que isso estava acontecendo. Havia um clima de medo.
Um rapaz, no entanto, resolveu rastrear pela trilha dos parentes sumidos. Entrou na mata cautelosamente e logo adiante avistou um bando de urubus. Isso era um sinal de que havia carniça por perto. Redobrou sua atenção e arrastou-se até chegar perto de uma grande árvore em cuja raiz encontrou objetos e ossadas dos parentes desaparecidos. Seu susto foi maior quando avistou dois monstruosos indivíduos saindo de uma caverna. Comentavam um para o outro:
– Estou com uma fome tão grande. Tô com vontade de comer gente!
– Vamos botar uma espera? Sinto que hoje vamos pegar alguém!
O jovem, ouvindo aquela conversa, sentiu-se amedrontado, achando que ele poderia ser o alimento daquela gente estranha.
[…] Quando chegou à aldeia, estava muito angustiado. Começou a gritar para chamar a atenção de todos.
_ Inã biroxikre nhaçã rekã!… (Bugios grandalhões estão devorando gente!).
[…] Onde vais com tanta pressa, valente guerreiro?
– Vou caçar nhaçã rekã! – respondeu o jovem de forma arrogante.
– Se me tomares como esposa, eu te ensinarei como caçar aquelas perigosas feras feiticeiras! – propôs a mulher-sapo.”
Fonte: MUNDURUKU, Daniel. A Caveira-Rolante, a Mulher-Lesma e outras histórias. Ilustrações Maurício Negro. São Paulo: Global, 2010, p. 40-41. (fragmento).
A partir da leitura do fragmento de texto de Daniel Munduruku, é INCORRETO afirmar que:
a) Munduruku faz referência a elementos da cultura indígena.
b) a história Karajá narrada por Munduruku traz à cena criaturas misteriosas.
c) na construção da sua narrativa Munduruku utiliza palavras da língua indígena.
d) Munduruku trata do aniquilamento de guerreiros Karajá por tribos inimigas.
02 – (FPS PE)
Analise o seguinte fragmento: “A história da vacina começa com a varíola, uma doença viral (hoje, erradicada), cujas epidemias aterrorizaram gerações.” O emprego do relativo sublinhado está também corretamente usado na alternativa:
a) A história da vacina se inicia com a varíola, uma doença viral atualmente extirpada, cujos os frequentes surtos aterrorizaram gerações.
b) A vacina que se aplica à varíola, uma doença viral (hoje, erradicada), os cujos ataques são conhecidos de gerações.
c) A varíola, cujo origem é de natureza viral, tem sobrevivido a muitas epidemias aterrorizantes.
d) A varíola se manifesta como uma doença viral, cuja erradicação é hoje inteiramente alcançada.
e) A história da vacina se inicia com a pretensão de evitar futuras epidemias, cujo efeitos eram terríveis.
03 – (IBMEC SP Insper)
(O Estado de S. Paulo, 19/05/2009)
Nessa tirinha, Calvin faz uso de uma linguagem coloquial, empregando os pronomes em desacordo com a prescrição da norma gramatical. Essa construção sintática é considerada inadequada ao padrão culto da língua, porque os pronomes
a) oblíquos não devem ser usados na função de sujeito.
b) possessivos não podem ser pospostos a verbos.
c) relativos não devem ser usados na função de sujeito.
d) retos não podem exercer função sintática de complemento.
e) indefinidos não podem exercer função sintática de objeto direto.
GABARITO:
1 – D
2 – D
3 – D