Atividade agropecuária: o que é, sistemas e características

A agropecuária é o conjunto de atividades primárias que reúne o cultivo de plantas (agricultura) e a criação de animais (pecuária). Conheça seus diferentes sistemas e suas relações com a tecnologia, trabalho e economia em diferentes países!

Esta aula irá tratar das principais características da atividade agropecuária em diversos espaços agrários mundiais, com enfoque nas diferentes formas de produção e estrutura fundiária dos países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Ao final, tem uma videoaula para revisar o conteúdo e exercícios para praticar!

O que é agropecuária

A agricultura é uma atividade de extrema importância, pois tem como principais objetivos a produção de alimentos para a população e o fornecimento de matérias-primas para transformação industrial.

A pecuária, por sua vez, é a criação de animais com fins exploratórios. Esse ramo agrário é tão importante quanto a agricultura, e seu objetivo principal é criar animais para alimentação, transporte e pesquisa.

É importante ressaltar que a produção agropecuária, em diversas partes do mundo, é influenciada pelo fator natural (elementos da natureza), social (mão-de-obra utilizada) e econômico (investimento aplicado na produção e a questão da propriedade da terra).

Sistema extensivo e intensivo

A atividade agropecuária pode ser classificada em dois sistemas principais: extensivo e intensivo.

Agropecuária extensiva

O sistema extensivo de agricultura ocorre principalmente nos países subdesenvolvidos. Nesse sistema, a produção conta com baixo investimento de capital e tecnologia. Dessa maneira, apresenta baixa produtividade.

Existem diversas maneiras de praticar a agricultura extensiva. Destaca-se o sistema itinerante, que consiste no desmatamento e na queimada da área a ser cultivada. Esse sistema provoca o esgotamento precoce do solo e, consequentemente, leva o agricultor a mudar-se para uma nova área onde repetirá o processo.

Já a pecuária extensiva caracteriza-se pela criação de rebanhos que vivem pastando soltos, sem cuidados especiais. Portanto, a pecuária extensiva exige pouca mão de obra.

Normalmente, na pecuária extensiva são utilizadas grandes áreas com pastagens naturais em que os animais se deslocam pelo terreno em busca de alimento. Esse constante deslocamento pelo pasto afeta a qualidade da carne, tornando-a mais dura e cheia de músculos. Além disso, a qualidade poder ser afetada pela falta de cuidados com a higiene e a saúde do rebanho.

Atividade agropecuária extensivaFotografia de bovinos criados em sistema extensivo. Fonte: https://bit.ly/3r020KO

Agropecuária intensiva

O sistema intensivo é mais presente em países desenvolvidos e países emergentes que possuem uma estrutura de produção agrícola moderna. Isso inclui a ampla aplicação de recursos técnicos e capital, pouca mão de obra (normalmente assalariada e especializada) e propriedades de qualquer tamanho. Atualmente, máquinas modernas são utilizadas na agricultura em substituição ao trabalho manual.

Esse modelo visa uma alta produtividade e utiliza como técnicas de cultivo a mecanização agrícola, seleção de sementes, uso de fertilizantes químicos e ferramentas biotecnológicas modernas.

A pecuária intensiva abrange rebanhos criados em pequenas áreas, envolve pouca mão de obra e grande cuidado com a higiene e a saúde dos animais. O lucro obtido com a alta produtividade é alto, mas o custo da criação e manutenção desse sistema também. O objetivo principal desse sistema é criar o melhor animal em curto tempo e com menor custo, usando a zootecnia moderna como suporte.

Atividade agropecuária intensivaFotografia de bovinos criados em confinamento característico da pecuária intensiva. Fonte: https://tecnologianocampo.com.br/pecuaria-intensiva/

Atividade agropecuária nos países desenvolvidos

Na maior parte dos países desenvolvidos, as atividades agropecuárias são, também, típicas de uma economia desenvolvida. Na América anglo-saxônica (Canadá e Estados Unidos), a agricultura é realizada geralmente em médias e grandes propriedades. Enquanto isso, a Europa e na Ásia essas atividades se concentram em pequenas e médias propriedades.

Nesses países, a agropecuária sempre conta com elevado grau de mecanização, e intensa aplicação de capital e insumos como fertilizantes, herbicidas, sementes selecionadas e técnicas de irrigação. Embora haja pouca mão de obra empregada, há um elevado grau de qualificação profissional.

Os principais cultivos dessas regiões são cereais como trigo, centeio, aveia, soja e algodão. Os objetivos comerciais dessas culturas são, na maioria das vezes, o abastecimento do mercado interno e fornecimento de matérias-primas para agroindústria.

A pecuária é bastante diversificada nos países desenvolvidos. Predomina o sistema intensivo de criação, com bastante investimento de capital, grande aplicação de tecnologia e é voltado para o atendimento das indústrias frigoríficas e de laticínios. Os maiores destaque são para os rebanhos de bovinos, suínos e ovinos.

Atividade agropecuária nos Estados Unidos

A agropecuária dos Estados Unidos concentra-se nas Planícies Centrais, região central do país que possui topografia plana, solos férteis e climas amenos, favoráveis à prática desta atividade. É nesta área que estão localizados os famosos cinturões agrícolas estadunidenses.

Os cinturões de maior destaque são o wheat belt (cinturão do trigo), corn belt (cinturão do milho) e cotton belt (cinturão do algodão).

Cinturões agrícolas dos EUAFonte: https://bit.ly/3xuT3vt

Entretanto, existem outras regiões do território estadunidense que apresentam condições naturais menos favoráveis e que se transformaram em importantes áreas agropecuárias graças ao uso de muita tecnologia.

Como exemplo podemos citar áreas áridas e semiáridas da Califórnia, em que se desenvolve o dry farming. Esse sistema revolve o solo e traz as camadas mais profundas do solo para a superfície, o que torna o terreno propício à prática de atividades agrícolas.

Atividade agropecuária na Europa

Já na Europa, apesar da atividade agropecuária ser muito importante, em alguns países ela possui uma importância maior do ponto de vista econômico.

Atualmente, a França é o país de maior destaque na produção agrícola europeia. Isso porque ela produz tanto para atender ao próprio mercado consumidor de alimentos e produtos agroindustriais quanto para atender a uma parte significativa do mercado consumidor da União Europeia.

Atividade agropecuária nos países subdesenvolvidos

Em grande parte dos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento (ou emergentes), se verifica a existência de áreas onde prevalece a agropecuária moderna e outras onde prevalece a agricultura tradicional.

A agropecuária moderna envolve o uso de maquinários (tratores, colheitadeiras) e insumos agrícolas (sementes selecionadas, técnicas de irrigação, agroquímicos). Também tem caráter comercial, sendo a maior parte direcionada aos setores agroindustriais e ao mercado externo. As atividades agropecuárias modernas se desenvolvem em médias e grandes propriedades, e utilizam intensamente capital e tecnologia, apresentando alta produtividade.

Por outro lado, a agropecuária tradicional atende a maior parte da demanda interna por alimentos nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Nesse sistema, uma parte da produção se destina à subsistência, ou seja, atende às necessidades alimentares do produtor e de sua família. É desenvolvida em pequenas e médias propriedades e utiliza intensamente mão de obra e pouca tecnologia, resultando em uma produtividade menor.

Atividades agropecuárias na Ásia

Na Ásia, a China e a Índia apresentam as atividades agrícolas mais expressivas.

A China é o país que mais se destaca na produção agrícola do continente asiático. Isso ocorre principalmente devido às suas características naturais (grande território e planícies férteis), ao seu enorme contingente populacional e às transformações tecnológicas que têm ocorrido no campo. A parcela da população ligada às atividades agropecuárias na China é enorme, de cerca de 470 milhões de pessoas.

Na Índia há ainda hoje uma forte dependência econômica das atividades agropecuárias, pois elas absorvem cerca de metade de sua população economicamente ativa. Grande parte dessa produção ocorre nos moldes tradicionais, voltada para o sustento do agricultor e seus familiares, e para atender pequenos mercados locais. Além disso, utiliza pouca aplicação de recursos e tecnologia, muita mão de obra e possui baixa produtividade.

Atividades agropecuárias na América Latina

Na maior parte dos países da América Latina, a atividade agropecuária se divide em áreas com a presença de agricultura moderna e áreas de agricultura tradicional. Nas regiões onde se desenvolve a agricultura moderna há o uso intenso de capital e alto rendimento. Enquanto isso, as áreas de agricultura tradicional apresentam uma produção direcionada para subsistência do produtor e seus familiares e para atender a demanda interna de alimentos da população.

Os produtos da agricultura moderna são destinados à exportação e destacam-se o café, cacau, cana de açúcar, soja, algodão, frutas (banana e laranja especialmente). Em contrapartida, os cultivos da agricultura tradicional possuem uma maior variedade e englobam os alimentos do cotidiano, como feijão, hortaliças, legumes, frutas, etc.

Portanto, conclui-se que os sistemas agrícolas se relacionam diferentemente com o nível de desenvolvimento econômico dos países, além da quantidade de recursos, capital e tecnologia empregados no processo produtivo.

Videoaula

Como complemento a esse texto, não deixe de assistir à videoaula do professor Carrieri sobre as atividades agropecuárias no Brasil:

Exercícios sobre atividades agropecuárias

Por fim, resolva os exercícios selecionados:

1- (Enem – 2018)

Ao longo dos últimos 500 anos, o Brasil viu suas fronteiras do litoral expandirem-se para o interior. É apenas lógico que a Amazônia tenha sido a última fronteira a ser conquistada e submetida aos ditames da agricultura, pecuária, lavoura e silvicultura. A incorporação recente das áreas amazônicas à exploração capitalista tem resultado em implicações problemáticas, dentre elas a destruição do rico patrimônio natural da região.

NITSCH, M. O futuro da Amazônia: questões críticas, cenários críticos. Estudos Avançados, n. 46, dez. 2002.

Na situação descrita, a destruição do patrimônio natural dessa área destacada é explicada pelo(a):

a) distribuição da população ribeirinha.

b) patenteamento das espécies nativas.

c) expansão do transporte hidroviário.

d) desenvolvimento do agronegócio.

e) aumento da atividade turística.

2- (Enem – 2017)

No mês de fevereiro de 2015, foram detectados 42 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal. Isso representa um aumento de 282% em relação a fevereiro de 2014. O desmatamento acumulado no período de agosto de 2014 a fevereiro de 2015 atingiu 1 702 quilômetros quadrados. Houve aumento de 215% do desmatamento em relação ao período anterior (agosto de 2013 a fevereiro de 2014).

FONSECA, A.; SOUZA JR., C.; VERÍSSIMO, A. Boletim do desmatamento da Amazônia Legal (fev. 2015). Belém: Imazon, 2015.

O dano ambiental relatado deriva de ações que promovem o(a):

a) instalação de projetos silvicultores.

b) especialização da indústria regional.

c) expansão de atividades exportadoras.

d) fortalecimento da agricultura familiar.

e) crescimento da integração lavoura-pecuária.

3- (UEG GO/2016)

 A produção agropecuária na atualidade requer a adoção de sistemas de produção (intensivos e extensivos) rural, que dependem principalmente

a) do tamanho da propriedade e da presença de recursos hídricos abundantes para a implantação de pivôs centrais.

b) da existência de fatores naturais como clima úmido, solos férteis, relevo plano e proximidade das vias de transportes.

c) das condições físico-geográficas de uma região, da cultura e do nível de desenvolvimento econômico de uma dada sociedade.

d) do uso de agrotóxicos e sementes transgênicas, da utilização de mão de obra barata e de técnicas tradicionais de produção.

Gabarito:

  1. D
  2. C
  3. C

Sobre o(a) autor(a):

Este texto foi escrito por Miramaya Jabur, Geógrafa graduada na Universidade Federal de Uberlândia e Mestre em Geografia pela UNESP.

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