A ditadura militar dos anos 60 não foi o único e nem o primeiro regime autoritário na nossa experiência republicana. Venha conosco aprender um pouco mais sobre o Estado Novo, a ditadura varguista!
Getúlio Vargas foi o presidente que mais tempo permaneceu no poder no Brasil. Chegou ao cargo por meio da Revolução de 1930 e só o deixou, sob pressão, em 1945. Mas voltaria ao poder, desta vez democraticamente, em 1951. Nesta aula vamos estudar o período que ficou conhecido como Estado Novo (1937 a 1945), quando Vargas governou de forma autoritária e se utilizou do populismo para permanecer no poder.
A Revolução de 1930
Getúlio Vargas esteve à frente do governo brasileiro desde o final de 1930, com o governo provisório após o golpe de Estado que depôs Washington Luís. Desde aquele período, Vargas já buscava concentrar poderes políticos em sua pessoa, nomeando interventores, baixando decretos-leis e dissolvendo o Congresso.
Sua missão, no entanto, deveria ser elaborar uma nova Constituição para que ocorressem eleições diretas. Isso só foi possível após muita contestação, principalmente das elites paulistas que iniciaram uma revolta contra o governo federal em 1932. Os paulistas foram derrotados, mas Vargas acabou liberando espaço para uma Constituição que ficou pronta em 1934.
Contudo, ele continuou exercendo o cargo de presidente, sendo nomeado pela própria Assembleia Constituinte, com mandato até 1938.Getúlio Vargas durante o golpe de 1930. Fonte: http://twixar.me/0HL1
Intentona Comunista e Plano Cohen
Do início do seu mandato até o período em que deveria ser seu término, diversos elementos e acontecimentos formaram um cenário político que foi muito bem aproveitado por Vargas para que ele se mantivesse no poder e instaurasse um governo autoritário.
O período era de intensa polarização política, principalmente entre integralistas reunidos na Aliança Integralista Brasileira (AIB) e de comunistas formando a Aliança Nacional Libertadora (ANL). Em 1935, os comunistas arquitetaram uma tentativa de processo revolucionário em diversos quartéis, contando com a participação de Luís Carlos Prestes, Olga Benário e outros agentes apoiados pela Internacional Comunista.
O plano entrou em execução, mas não obteve êxito e os envolvidos foram presos. No caso de Olga Benário e Elisa Berger, como eram alemãs, a solução adotada pelo governo foi enviá-las para a Alemanha, onde foram mortas em campos de concentração nazistas.
O episódio ficou conhecido, pejorativamente, como Intentona Comunista, mas o clima de conspiração foi aproveitado por Vargas.Olga Benário e Luís Carlos Prestes, agentes comunistas encarregados de organizar um processo revolucionário no Brasil. Fonte: http://twixar.me/wHL1
Em meio à corrida eleitoral da qual ele não participava, Vargas elaborou juntamente com o líder Integralista Plínio Salgado uma denúncia sobre uma falsa conspiração comunista para tentar, novamente, provocar uma revolução no país. Era o plano Cohen, que serviu de justificativa para o Congresso decretar Estado de Sítio.
O Estado Novo
Vargas aproveitou o momento para dissolver os partidos, perseguir opositores e também os próprios integralistas, suspender a Constituição e dissolver o Congresso. Com a rápida outorga de uma nova Constituição centralizadora – que ficou conhecida como “A Polaca” por ter sido inspirada na Constituição polonesa –, Vargas reúne novamente poderes em sua pessoa.
Também estavam suspensos direitos individuais, como a liberdade de expressão e a paralisação industrial, fosse iniciada pelos trabalhadores ou pelos patrões. Esse era o início do seu período ditatorial que ficou conhecido como Estado Novo, mesmo nome do governo autoritário de Antônio Salazar em Portugal naquele período.
Além de todas essas mudanças, ele criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que funcionava como uma censura política. Todas as produções culturais e políticas veiculadas em território nacional precisavam ser aprovadas pelo órgão. O DIP também era responsável pela promoção da imagem de Vargas, produzindo um culto ao líder inspirado nos regimes autoritários europeus.
O Departamento de Ordem política e Social (Dops) também recebeu investimentos para perseguir opositores do governo. Foi criado também o Departamento Administrativo do Serviço Público (Dasp), responsável por controlar a seleção de funcionários públicos federais.
Porém, todo governo autoritário somente se mantém com um significativo nível de aceitação. Sabendo disso, Vargas logo tratou de agradar setores estratégicos. Ele já era conhecido pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Então, tratou de fortalecer sua influência sobre a classe trabalhadora promovendo culto à pátria e comunicando-se com a população através do rádio, forte veículo de comunicação no período.
É nesse período que nasce A Voz do Brasil, programa de rádio do governo federal que servia como meio de comunicação entre o aparelho estatal e a população. Foram incorporados aos símbolos nacionais o samba e a capoeira, até então marginalizados.
Era o surgimento do populismo brasileiro, uma forma de se fazer política onde os representantes buscam criar uma imagem de proximidade com as classes populares para manterem-se no poder.Getúlio Vargas em pronunciamento radiofônico ao país. Setembro de 1942. Fonte: https://bit.ly/2KBB6nJ
No âmbito econômico Vargas tratou de promover o crescimento do empresariado brasileiro, investindo principalmente nas indústrias de base. No período de sua administração a economia teve superávit, apesar dos grandes gastos públicos, principalmente pelo contexto internacional beligerante em que era possível obter vantagens negociando com países em guerra.
Foram criadas a Companhia Vale do Rio Doce de mineração, a Companhia Siderúrgica Nacional, Companhia Hidrelétrica de São Francisco, Fábrica Nacional de Motores, entre diversas outras estatais.
Reabertura democrática em 1945
O governo era forte e a economia brasileira crescia, mas nem por isso a oposição foi totalmente abafada. Após juntar-se aos aliados no fim da Segunda Guerra Mundial, o governo brasileiro era acusado de hipocrisia ao combater tiranias nas Europa e sustentar uma dentro de sua própria casa.
Em meados de 1945, diante das críticas, Vargas autorizou o retorno dos partidos, foram convocadas eleições gerais e foi criada uma nova Assembleia Constituinte.
Em 30 de outubro, coagido por militares, Vargas deixa a cadeira de presidente da república. Ao fim do Estado Novo, ele já poderia ser considerado o segundo homem que por mais tempo governou o Brasil, apenas atrás de D. Pedro II. Em 1951, ele voltaria a ocupar a presidência, mas dessa vez eleito democraticamente. O período democrático duraria até 1964, quando inicia a ditadura militar.
Videoaula sobre o Estado Novo
Para terminar, assista à videoaula abaixo, em que o professor Dudu, de História, faz um resumo sobre o A Revolução de 1930 e o Estado Novo.
Exercícios sobre o Estado Novo
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(ENEM/2018)
Essa imagem foi impressa em cartilha escolar durante a vigência do Estado Novo com o intuito de
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Pergunta 2 de 10
2. Pergunta
(ENEM/2017)
Nos primeiros anos do governo Vargas, as organizações operárias sob controle das correntes de esquerda tentaram se opor ao seu enquadramento pelo Estado. Mas a tentativa fracassou. Além do governo, a própria base dessas organizações pressionou pela legalização. Vários benefícios, como as férias e a possibilidade de postular direitos perante as Juntas de Conciliação e Julgamento, dependiam da condição de ser membro de sindicato reconhecido pelo governo.
FAUSTO, B. História concisa do Brasil.
São Paulo: Edusp; Imprensa Oficial
do Estado, 2002 (adaptado).
No contexto histórico retratado pelo texto, a relação entre governo e movimento sindical foi caracterizada
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Pergunta 3 de 10
3. Pergunta
(ENEM/2017)
Getúlio libertou o povo, e são 8 horas de trabalho e só. Não tinha que trabalhar dia e noite mais não. Getúlio é que fez as leis. A princesa Isabel assinou a libertação, mas quem nos libertou do jugo da escravatura, do chicote, do tronco, foi Getúlio, Getúlio Dorneles Vargas. Papai falava assim: “Meu filho. Nunca houve no mundo governo igual a esse, meu filho”.
Relato de Cornélio Cancino, 82 anos, descendente de ex-
escravos, Juiz de Fora (MG), 9 maio 1995. In: MATTOS,
H.; RIOS, A. L. (Org.). Memórias do cativeiro: família,
trabalho e cidadania no pós-Abolição. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2005 (adaptado).
A construção da memória apresentada no texto remete ao seguinte aspecto da referida experiência política:
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Pergunta 4 de 10
4. Pergunta
(ENEM/2017)
Durante o Estado Novo, os encarregados da propaganda procuraram aperfeiçoar-se na arte da empolgação e envolvimento das “multidões” através das mensagens políticas. Nesse tipo de discurso o significado das palavras importa pouco, pois, como declarou Goebbels, “não falamos para dizer alguma coisa, mas para obter determinado efeito”.
CAPELATO, M. H. Propaganda política e controle
dos meios de comunicação. In: PANDOLFI. D. (Org.)
. Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: FGV. 1999.
O controle sobre os meios de comunicação foi uma marca do Estado Novo, sendo fundamental à propaganda política, na medida em que visava
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Pergunta 5 de 10
5. Pergunta
(ENEM/2016)
A experiência do movimento organizado de mulheres no Brasil oferece excelente exemplo de como se pode utilizar a lei em favor da melhoria do status jurídico, da condição social, do avanço no sentido de uma presença mais efetiva no processo de decisão política. Ao longo de quase todo o século XX, com mais intensidade em algumas décadas do que em outras, as mulheres brasileiras conseguiram obter vitórias expressivas. Algumas vezes, abolindo dispositivos legais discriminatórios, outras, conseguindo aprovar novas leis.
TABAK, F. A lei como instrumento de mudança social. In: TABAK, F.; VERUCCI, F.
A difícil igualdade: os direitos da mulher como direitos humanos.
Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994.
A atuação do movimento social abordado no texto resultou, na década de 1930, em
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Pergunta 6 de 10
6. Pergunta
(UNITAU SP/2019)
Como decorrência, o modelo exigia o “sindicato único” e sujeito ao controle estatal, uma vez que era reconhecido como o representante de toda uma categoria profissional, o que excedia em muito a seu corpo associativo. Portanto, eram estas duas características articuladas – a unidade e a tutela – que “institucionalizavam” o novo tipo de arranjo associativo, tornando o corporativismo “democrático”, isto é, tornando-o instrumento crucial da “democracia social”; da organização do povo brasileiro. Já para os “empregados”, a tutela e a unidade se impuseram, com a destruição das experiências organizacionais anteriores, muitas vezes de forma violenta. Contudo, isso não impediu que reconhecessem que pela primeira vez na história do Brasil, tinham suas associações respeitadas pelo patronato e seus direitos sociais ampliados e garantidos por lei.
GOMES, A. de C. A política brasileira
em busca da modernidade: na fronte-
ira entre o público e o privado. In: NO-
VAIS, F. A. (coord.) SCHWARZ, L. M. História da vida privada no Brasil. São
Paulo: Companhia das Letras, 1998,
p. 513-514. Adaptado.
O Estado Novo (1937-1945) buscou implantar a organização corporativa da representação política e do acesso ao Estado como recurso para canalizar as demandas sociais, a partir da centralização do poder em um Executivo forte, apto a dirigir, coordenar e implantar o que se denominava “nova democracia”. Porém, a organização corporativa implicava no controle autoritário da manifestação e da atuação política.
Considerando esse contexto, assinale a alternativa que apresenta CORRETAMETE a associação entre controle autoritário e ampliação de direitos sociais.
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Pergunta 7 de 10
7. Pergunta
(ACAFE SC/2019)
O período conhecido como Estado Novo (1937-1945) foi uma das fases em que Getúlio Vargas exerceu o poder executivo no Brasil. Acerca desse período e de suas principais características, assinale a alternativa correta.
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Pergunta 8 de 10
8. Pergunta
(Mackenzie SP/2019)
“Quando terminar a guerra, em ambiente propício de paz e de ordem, com as garantias máximas à liberdade de opinião, reajustaremos a estrutura política da nação, faremos de forma ampla e segura as necessárias consultas ao povo brasileiro.” O trecho, parte do discurso proferido por Getúlio Vargas, pouco depois da entrada do Brasil no conflito da Segunda Guerra Mundial, significava que
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Pergunta 9 de 10
9. Pergunta
(PUCCamp SP/2019)
A aprovação dos direitos trabalhistas reunidos na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) teve importante impacto nas relações de trabalho e na economia brasileira, pois essas leis
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Pergunta 10 de 10
10. Pergunta
(UECE/2019)
Com o advento do Estado Novo, instituído por Getúlio Vargas em novembro de 1937, a Ação Integralista Brasileira (AIB), fundada por Plínio Salgado e as organizações criadas pelo cearense Severino Sombra – a Legião Cearense do Trabalho (LCT) e a Campanha Legionária – foram fechadas pelo governo ditatorial. Sobre essas organizações, é correto dizer que
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Sobre o(a) autor(a):
Os textos acima foram preparados pelo professor Angelo Antônio de Aguiar. Angelo é graduado em história pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestrando em ensino de história na mesma instituição e dá aulas de história na Grande Florianópolis desde 2016.
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