História da língua portuguesa brasileira

Você sabia que as línguas indígenas e africanas também contribuíram para a formação da língua portuguesa utilizada no Brasil? Venha descobrir mais sobre a nossa língua materna, uma língua rica e diversa, repleta de história e curiosidades.

Esta aula de Português para o Enem tem o objetivo de apresentar a formação e a história da língua portuguesa utilizada no Brasil, tanto na modalidade oral quanto na escrita.

Trata-se de um conteúdo frequentemente tematizado nas questões de Linguagens, Códigos e Tecnologias do Enem, considerando também a importância das línguas indígenas e africanas para a consolidação do nosso português.

História da língua portuguesa
Desembarque de Cabral em Porto Seguro (1922), de Oscar Pereira da Silva, ilustra de forma emblemática o primeiro contato do colonizador europeu com os indígenas. Primeiro contato, também, entre a língua dos nativos e a língua dos portugueses.

A língua constitui um sistema vivo de comunicação que privilegia a mútua compreensão e entendimento de um determinado povo. Assim, ao adentrar o estudo de uma língua, estudam-se os fatos do contexto histórico e os acontecimentos que promoveram, direta ou indiretamente, sua origem.

Por isso, no que diz respeito à história da língua portuguesa, faz-se necessária uma busca histórico-geográfica desde sua origem até sua implantação no Brasil. Você vai conhecer as influências das diversas etnias e seus idiomas, e vai conhecer a norma culta e linguagen informal.

As Normas da Linguagem

Veja agora com a professora Mercedes, do canal do Curso Enem Gratuito, as Normas da Linguagem que valem pontos na Redação e nas questões das provas do Enem:

As origens do português

A origem de nossa língua está ligada ao latim – língua falada pelo povo romano, que se situava no Lácio, pequeno Estado da Península Itálica. A transformação do latim em língua portuguesa se deu por consequência de conflitos e transformações político-histórico-geográficas desse povo.

Isso aconteceu por volta do século III a.C., quando os romanos ocuparam a Península Ibérica por meio de conquistas militares e impuseram aos vencidos seus hábitos, suas instituições, seus padrões de vida e, principalmente, sua língua, que reflete a cultura.

Existiam duas modalidades de latim: o vulgar e o clássico. O latim vulgar, de vocabulário reduzido, era falado por aqueles que encaravam a vida fazendo uso de uma linguagem sem preocupações estilísticas na fala e na escrita. Também era dotado de variação linguística notável, pois era uma modalidade somente falada e, assim, suscetível a frequentes alterações.

Por outro lado, o latim clássico caracterizava-se pela erudição da oralidade e das produções textuais de pessoas ilustres da sociedade e de escritores; era uma linguagem complexa e elitizada.

Das duas modalidades existentes, era imposta aos povos vencidos a modalidade vulgar, pois essa fora a língua predominante dos povos navegantes que exploravam novas terras para novas conquistas.

Variações Linguísticas

Veja agora as diferentes formas e usos do Idioma Português, para conquistar os pontos das questões sobre Interpretação de Textos ou de Variações Linguísticas. Confira com a professora Mercedes Bonorino:

Decorridos alguns séculos, o latim predominou sobre as línguas e dialetos falados em várias regiões. Dessa maneira, formaram-se diversas línguas dentro da região de domínio de Roma, ou seja, do Império Romano.

Foi assim que se originaram as línguas românicas, também chamadas de neolatinas (dizem-se românicas todas as línguas que têm sua origem no latim e que ocupam parte do território conquistado pelos romanos), das quais nossa língua portuguesa é oriunda.

O português que se fala hoje no Brasil é resultado de muitas transformações, de acréscimos e/ou supressões de ordem morfológica, sintática e/ou fonológica.

Tais transformações passaram por três fases distintas: desde o galego-português (língua que predominou dos séculos VIII ao XIII), dissociando-se posteriormente do galego e dando, assim, surgimento ao português arcaico (séculos XIV ao XVI), que, por conseguinte, tornou-se português clássico (a língua de Camões), perpassando ainda por outros dialetos até chegar ao português contemporâneo.

história da língua portuguesa
O mapa acima ilustra a língua portuguesa no mundo contemporâneo

A implantação da língua portuguesa no Brasil

Portugal ficou conhecido pelas grandes navegações que realizou. No século XV e XVI, pelos movimentos colonialistas e de propagação do catolicismo, Portugal espalhou pelo mundo a língua portuguesa. Como, então, chegou a este solo essa língua navegante?

Ao Brasil, a língua portuguesa foi trazida no século XVI em virtude do “descobrimento”. O português era imposto às línguas nativas como língua oficial ou modificava-se dando origem a outros dialetos. Mas houve um longo processo para que o português se fixasse no território brasileiro.

Quando os portugueses desembarcaram na costa brasileira, estima-se que 1.200 povos indígenas viviam aqui, e que eram faladas cerca mil línguas. Além dessa diversidade étnica e linguística, foram trazidos cerca de 4 milhões de africanos de diversas culturas para trabalhar como escravos.

Dessa forma, a pluralidade linguístico-cultural fortaleceu as bases da construção da identidade do português brasileiro.

Isso se deu em detrimento dos interesses políticos e comerciais de Portugal, que tomou algumas medidas radicais, entre elas a proibição do uso das línguas gerais (diz-se língua geral aquela falada no Brasil colonial como língua de contato entre índios, portugueses e seus descendentes) e a imposição do português como língua oficial.

Em seguida, assista à este vídeo sobre palavras indígenas que utilizamos no nosso dia a dia:

Multilinguismo

O contato entre indígenas, africanos e os imigrantes vários que vieram de algumas regiões da Europa favoreceu o chamado multilinguismoAlém da fase bilíngue pela qual passara o português, o multilinguismo contribuiu (e ainda contribui) para a formação identitária do português brasileiro.

Sabe-se, por exemplo, que o léxico de uma língua não é estático, está aberto a novas incorporações: aceita o apagamento de algumas palavras ou a substituição de outras. Esse fenômeno ocorreu (e ainda ocorre) com muita frequência no nosso idioma.

As línguas indígenas, por exemplo, contribuíram para o enriquecimento vocabular da botânica (nomes de plantas), da fauna (nomes de animais), da toponímia (nomes de lugares) e da onomástica (nomes de pessoas) do português do Brasil.

Justifica-se ainda o multilinguismo com a forte influência das línguas e dialetos africanos que chegaram ao Brasil. Tal influência incrementou, por exemplo, a linguagem religiosa do candomblé, uma manifestação da cultura africana.

Exemplos de vocábulos que usamos cotidianamente e que são herança das línguas africanas.

A implantação do português no Brasil é marcada por quatro momentos, períodos significativos para esse processo de implantação: o primeiro momento vai da colonização até a saída dos holandeses do Brasil, em 1654; o segundo vai daí até a chegada da Família Real portuguesa ao Brasil, em 1808; o terceiro finda com a independência do Brasil, em 1822. Por fim, o quarto momento se inicia em 1826, com a transformação da língua do colonizador em língua da nação brasileira.

Em resumo, o português brasileiro sofreu profundas mudanças para chegar ao português que se fala nestas terras hoje. Entretanto, ainda está no processo de construção de sua própria identidade.

Linguagem coloquial x Linguagem formal

Para finalizar a aula sobre a história da língua portuguesa, veja este vídeo sobre palavras africanas que foram incorporadas na português do Brasil

Exercícios sobre história da Língua Portuguesa

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Sobre o(a) autor(a):

Texto produzido pelo Professor João Paulo Prilla para o Curso Enem Gratuito. JP é licenciado em Letras- Português, Inglês e respectivas Literaturas (2010) pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões e mestrando em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina. Ministra aulas de Literatura, Língua Portuguesa e Redação em escolas da Grande Florianópolis desde 2011.

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