Martin Heidegger é considerado um dos maiores filósofos do século XX. Nascido na Alemanha, desenvolveu importantes estudos na fenomenologia e acerca do que somos.
A curiosidade acerca do que somos é algo sempre presente. O filósofo alemão Heidegger decidiu investigar mais a fundo o que realmente somos. Venha conferir essa fantástica investigação que é conteúdo do Enem.
O que é o ser humano
Você conseguiria se definir? O que faz de nós o que somos? O filósofo alemão Martin Heidegger (1889 – 1976) foi fascinado por esse tipo de questão. Bom, não só ele, pois há muitas eras filósofos se questionam acerca do que somos. Mas, afinal, o que é o ser humano?
Voltando lá nos idos da Antiguidade, diversos filósofos construíram definições acerca do ser humano. Platão, reza lenda, reuniu uma galera para trocar aquela ideia a respeito disso. Depois de muito ponderarem, definiram o ser humano como um bípede sem penas.
Enquanto admiravam a conclusão do seu trabalho foram subitamente interrompidos pelo meu “camarada” Diógenes, que irrompeu aquela cena com uma galinha depenada em sua mão e então bradou: Contemplem, um Homem!
Tirinha retratando Diógenes “tirando onda” com as teorias de Platão no meio das reuniões da Academia.
Um “tremendo fanfarrão” esse Diógenes! Aliás, se você quiser saber mais histórias mirabolantes sobre esse filósofo cínico, dá só uma olhada nesse post sobre as escolas helênicas e fique por dentro dos feitos do maior “troll” da história da Filosofia.
Heidegger e o que somos
Bom, galinhas à parte, pode ser um tanto quanto complicado definir o que o ser humano é. A história está recheada de tentativas, como, por exemplo, Aristóteles com seus animais políticos, Hobbes com seus lobos de si mesmo ou até Millôr Fernandes com seu animal digno de deboche.
Em todo caso, essas definições são demasiadamente abstratas e para Martin Heidegger não eram suficientes. Inspirado pela análise que a fenomenologia de Hussert fez do mundo, meu “parça” Martinho Heidegger “bolou” uma teoria ímpar que destoava de tudo que fora pensado até então.
Já que não iria se prender às antigas análises externas, Heidegger fez sua própria análise do ser a partir de uma perspectiva interna. Em outras palavras, se a gente quer entender qual é a questão do ser – o que é o ser – é necessário ponderar a questão, a começar do ponto de vista dos seres (dos entes) para qual ser é um tema.
Saindo um pouco do “filosofes”, imagine um animal qualquer, por exemplo, um guaxinim ou mesmo um ornitorrinco. Eles podem ser considerados seres, certo? Todavia, até onde sabemos, eles não se indagam acerca da sua existência ou nada do tipo. Portanto, só os seres humanos têm essa particularidade.
Tirinha de Carlos Ruas sobre os problemas existências de ser um ornitorrinco.
O ser e o tempo
O Magnum opus do alemão intitulado ‘O Ser e o Tempo’ discutiu com profundidade as questões relacionadas à nossa existência. Já que nós somos os únicos animais a refletir nossa condição, Heidegger investigou e analisou o ser do ente, começando com nós mesmos. Isto é, o que significa para você existir?
A obra recebe esse título pois, como você deve suspeitar, vindo de um filósofo existencialista, trata dos problemas que envolvem o ser. Ora, o outro ponto de destaque na obra é o tempo. Heidegger dizia que nós somos seres temporais, o que, particularmente, é uma outra maneira de dizer que somos mortais.
Ao nascer, nós somos inseridos em um mundo que já existia antes de nós. Daí, em meio a tropeços e pancadas, esse mundo vai se apresentando a nós. Percebemos, então, que estamos inseridos em um mundo que além de existir antes de nós, possui na duração de nossas vidas uma configuração específica das “paradas”.
Nós, em nossa curta existência, tentamos entender ‘qualé desse mundão’ para dar sentido ao mundo. Para tanto, a gente acaba por desenvolver uma série de passatempos, que podem ser considerados produtivos – como aprender filosofia –, ou quem sabe passatempos recreativos, como, por exemplo, maratonar séries ou assistir vídeos fofos de gatos. Pode até ser que tenhamos passatempos exóticos como criar Sacis ou ser adepto da taphophilia.
Saca só, é por conta dos nossos passatempos que arquitetamos o nosso futuro, ou seja, o que define nossa existência futura são as “paradas” que estamos fazendo. Todavia, como você deve suspeitar, essa “parada” aí de projetar o futuro tem um fim. Portanto, todos os nossos passatempos se findarão, estejam eles concluídos ou não.
Foto de Martin Heidegger, filósofo e escritor alemão.
Heidegger e a morte
É como Heidegger dizia, a morte é o horizonte mais distante do nosso ser, uma vez que, todas as “paradas” que fazemos estão situadas dentro desse horizonte e nós, enquanto seres temporais, não podemos ver além dele.
Ademais, ao vivermos alheios da nossa finitude, nós perdemos o aspecto mais fundamental da nossa existência, o que é para Heidegger uma maneira não autêntica de viver a vida.
Então, ele quer dizer que, quando estamos vivendo imersos em nossos afazeres, tão preocupados com nossa vaga na universidade, nota do Enem ou sabe-se lá o que, devemos nos perguntar: estamos realmente vivendo ou apenas pagando boletos e compartilhando memes enquanto o tempo passa?
Por fim, todo ser é um ser rumo a morte! Todavia, somente nós, humanos, somos capazes de ponderar acerca disso. É como Heidegger afirmou: estamos inseridos no tempo e, portanto, devemos perceber que nossas vidas são temporais. Somente assim seremos capazes de levar uma vida com autenticidade, uma vida que valha a pena ser vivida.
Videoaula
Para saber mais sobre esse filósofo, veja esta videoaula do canal “Se liga na história”:
Exercícios
1- (Unioeste 2017)
Martin Heidegger (1889-1976) afirmou: “ser homem já significa filosofar”. Sua tese é a seguinte: o homem se caracteriza pela distinção entre o “é” e as características de qualquer coisa, ou seja, de qualquer ente; com isso, no encontro cotidiano com os entes, antecipadamente (antes de encontrá-los e conhecê-los) sabemos (a) que eles são e (b) que eles não são o “ser”, que são diferentes de sua “existência”. Eis por que todos podemos, a qualquer instante, nos lançar às perguntas pelo ser dos entes e pelo sentido do ser em geral, ou seja, às perguntas filosóficas. Independente de filosofarmos expressamente, as questões e a força para a investigação, portanto, estariam na raiz mesma de nosso ser, e precedem todo conhecimento e pensamento aplicado.
De modo análogo, a primeira frase da Metafísica de Aristóteles afirma: “Todos os seres humanos tendem essencialmente ao Saber”. Essa tendência essencial significa que uma propensão para o Saber está presente, ainda que inexplorada, em todos os seres humanos. Como Aristóteles escolheu, para o Saber, uma palavra grega que se assemelha ao “Ver” imediato (eidénai), pode-se compreender que se trata tanto do conhecimento em geral quanto (e principalmente) do Saber metafísico, sobre o princípio essencial ou estrutura metafísica da realidade. Em suma, Aristóteles já estaria dizendo que ser homem significa filosofar.
Com base no que foi dito, marque a alternativa CORRETA.
a) Uma contradição total reina entre as teses contemporâneas e gregas, em filosofia.
b) Não tem importância central a atenção nem a interpretação das formulações e termos filosóficos.
c)Segundo Heidegger, a distinção entre o ente e o ser torna possível o pensamento.
d) Aristóteles afirma a tendência essencial do ser humano a ficar preso ao sentido da visão, nas sombras.
e) Heidegger e Aristóteles têm como tese que filosofar expressamente é um destino humano comum.
2- (IFRN 2012)
A concepção que Heidegger apresentava sobre a metafísica leva a pensar que:
a) a investigação metafísica busca fundamentalmente a contemplação da natureza do ser primordial, Deus ou o primeiro motor imóvel.
b) a metafísica é uma ferramenta que pode ser utilizada como um mecanismo ontológico de ascensão contemplativa, da opinião em direção ao conhecimento teorético de todas as coisas.
c) a metafísica se preocupa com as causas fundamentais dos entes particulares, de maneira a fornecer uma visão sistemática sobre cada um dos entes, classificados taxionomicamente a partir dessas mesmas causas do Ser.
d) aquele que questiona, na investigação metafísica, está envolvido com a questão de modo que pode ser surpreendido, pois ele é um ente em meio aos entes e implicitamente transcende os entes como um todo.
Gabarito
- C
- D