A República Oligárquica foi o período histórico que se iniciou com o governo de Prudente de Moraes, em 1895, e se encerrou com a Revolução de 1930. Nele, o poder foi dominado pelas oligarquias paulistas e mineiras, fazendo com que ficasse conhecido também como República do Café com Leite.
Você provavelmente conhece o período da República Oligárquica pelo nome “República do Café com Leite”, “Primeira República” ou até mesmo “República Velha”. Contudo, todos esses nomes tratam do mesmo período da história do Brasil.
A República Oligárquica
A República Oligárquica ocorreu no Brasil entre os anos de 1889 e 1930, ou seja, tem início a partir do fim do segundo reinado e termina com a Revolução de 1930, que inaugura um novo momento político da história do Brasil – a Era Vargas.
O Brasil foi um dos últimos países americanos a adotar o regime republicano. Como sabemos, nos primeiros 67 anos após a independência em relação a Portugal o país viveu sob regime monarquista. No entanto, durante todo o século XIX a perspectiva republicana ganhou corpo, sendo a república proclamada em novembro de 1889, pouco mais de um ano após a abolição da escravidão, fator este determinante para a perda do apoio das classes dominantes ao Imperador Pedro II.
A deposição do imperador foi feita por militares, mas não seria possível sem o apoio das elites e classes médias. Assim sendo, logo após a proclamação os militares mantiveram relativa liderança no processo de transição política, sendo os dois primeiros presidentes militares, a saber, o Marechal Deodoro da Fonseca, seguido de Floriano Peixoto.Imagem: LEMOS, Renato. Uma história do Brasil através da caricatura. Rio de Janeiro: Bom Texto/expressões, 2001. P. 34.
Tal situação fez com que os primeiros anos republicanos ficassem conhecidos como República da Espada. Deodoro governou, inicialmente, de forma provisória, mas seria eleito como primeiro presidente em 1891. Entretanto, por conta de seu autoritarismo renunciou ao cargo meses após a eleição. Floriano Peixoto, seu vice, deveria por lei convocar novas eleições, mas descumpriu a recém-criada constituição e manteve-se no poder, não sem ter de enfrentar duas importantes revoltas: a revolta da armada e a revolução federalista.
Características da República Oligárquica
Manifestações, revoltas populares, movimentos messiânicos e a questão trabalhista em um Brasil em pleno esforço de industrialização e modernização deram a tônica desses primeiros 41 anos de “democracia”.
A democracia permaneceu seletiva e excludente, analfabetos, mulheres, militares de baixa patente e religiosos estavam vetados das urnas, no entanto, se considerarmos o voto de cabresto sob domínio dos coronéis (grandes proprietários de terra), poder votar representava perigo de sofrer castigos físicos para aqueles que deliberadamente “desrespeitassem” a vontade dos poderosos.
Na República Oligárquica, as relações clientelistas resultaram em décadas de governos voltados para o interesse dos mais ricos e opressão aos mais pobres em um país marcado pelo domínio financeiro das oligarquias paulistas e mineiras, a ponto do período ser também conhecido como república do café com leite.
Presidentes da República do Café com Leite
A tabela abaixo apresenta os nomes dos presidentes brasileiros da primeira república e seus respectivos tempos de governo.
Conflitos e revoltas
Diversos conflitos atrelados aos diferentes interesses sociais marcaram o período da República Oligárquica. Entre os movimentos messiânicos, com presença marcante do viés religioso podemos citar a Guerra de Canudos, ocorrida no sertão baiano e eternizada por Euclides da Cunha em “Os Sertões”.
Também são importantes a Guerra do Contestado, área disputada pelos governos catarinense e paranaense, e o movimento liderado pelo Padre Cícero Romão Batista, em Juazeiro do Norte. Tais movimentos explicitam de maneira contundente as desigualdades sociais e as condições de vida precárias e miseráveis nas zonas campesinas.
Dentro da caserna, os militares brasileiros também se revoltaram contra a corrupção, desrespeito à constituição e o autoritarismo, caso da Revolta da Armada, e também contra os castigos físicos ainda presentes na marinha, caso da Revolta da Chibata, sem contar os movimentos tenentistas como a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, Revolta de São Paulo e a Coluna Prestes.
No ambiente urbano, além das revoltas militares, questões como a Revolta da Vacina e as greves operárias de 1917 comprovam que a situação precária das classes mais pobres não era exclusividade do campo, mas principalmente na capital federal, o Rio de Janeiro, que passou por importantes projetos de reforma que atingiram diretamente a população mais pobre, caso da expulsão dos moradores dos cortiços para modernização do centro da cidade.
Assim sendo, as questões populares e trabalhistas foram tratadas como caso de polícia na República Oligárquica. As forças do Estado sempre agiram de acordo com os interesses das elites políticas.
A economia durante a República Oligárquica
Na questão econômica, o café foi a mola propulsora de nossa economia. As condições do solo no oeste paulista proporcionaram grandes produções, o que em alguns momentos impactou a economia de forma negativa, haja vista o claro desrespeito das relações de oferta e demanda.
Neste sentido, para salvaguardar os interesses dos cafeicultores, o Convênio de Taubaté estabeleceu medidas para o controle da produção, mas também implicou na compra dos excedentes do café e sistemática queima do produto para forçar o aumento dos preços.
Resumo sobre a República Oligárquica
Para entender melhor esse período histórico, assista ao vídeo a seguir! Nele, o professor Felipe, de História, faz um resumo sobre a República Oligárquica.
Veja também a paródia que conta a história da produção de café no país!
Exercícios sobre a República Oligárquica
Agora que você já entendeu as características desse período, resolva os exercícios sobre a República Oligárquica e teste seus conhecimentos!
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1. Pergunta
(IFBA/2017)
“Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo(…)”.
O trecho acima selecionado da Carta-Testamento de Vargas, expressa os vínculos do governo de Vargas (1931-1954) com:
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Pergunta 2 de 10
2. Pergunta
(UECE/2017)
Atente ao seguinte enunciado: “Episódios mais notórios, como a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, em 1922, e a Revolução Paulista de 1924, ou um evento pouco citado nos livros de História, como a Comuna de Manaus, também ocorrido em 1924, são partes do mesmo movimento a que pertence a Coluna Prestes, que, de 1925 a 1927, percorreu cerca de 25.000 Km pelo interior do território brasileiro combatendo as forças oligárquicas e espalhando sua ideologia”.
O enunciado acima se refere ao movimento pertencente à História republicana do Brasil conhecido como
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Pergunta 3 de 10
3. Pergunta
(UEA AM/2017)
Examine a imagem seguinte.
A imagem da comemoração do dia do trabalho no ano de 1942, no estádio do clube de futebol Vasco da Gama, no Rio de Janeiro, mostra
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Pergunta 4 de 10
4. Pergunta
(PUCCamp SP/2017)
Um pensamento liberal moderno, em tudo oposto ao pesado escravismo dos anos 1840, pode formular-se tanto entre políticos e intelectuais das cidades mais importantes quanto junto a bacharéis egressos das famílias nordestinas que pouco ou nada poderiam esperar do cativeiro em declínio.
(BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização.
São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 224)
O poder local exercido por um reduzido número de famílias abastadas, não apenas nas províncias nordestinas, como o texto indica, mas em todo o território brasileiro, manteve-se após a proclamação da República e contribuiu para que alguns historiadores denominassem de “oligárquica” essa fase do período republicano. Em nível nacional, o favorecimento do poder das oligarquias se evidenciava, nessa época,
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Pergunta 5 de 10
5. Pergunta
(PUCCamp SP/2017)
São evidentes as marcas da linguagem do espaço urbano moderno na produção literária atual, sobretudo na poesia. Outdoors, inscrições, pichações, logotipos, signos públicos, grafites passam a constituir uma espécie de comunicação entre as várias camadas da sociedade, dos empresários aos excluídos, da cultura pop às criações das grandes agências publicitárias, das manifestações populares às campanhas políticas ou institucionais. Há uma espécie de fermentação de signos desejosos de expor seja o rosto triunfante do capitalismo, seja a reação aos valores que ele propaga – fenômeno a que muitos poetas contemporâneos se mostram sensíveis.
(SEPÚLVEDA, Alaor, inédito)
O espaço urbano da cidade do Rio de Janeiro foi reformulado no começo do século XX com vistas à modernização. No decorrer dessa reforma urbanista eclodiu uma revolta popular
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Pergunta 6 de 10
6. Pergunta
(PUCCamp SP/2017)
Mais do que resultante de acasos e similares, como aconteceu a muitos países, o Brasil é produto de uma obra. Em sua primeira parte, feita à medida e semelhança do colonizador. Depois, conduzida pela classe dominante dele herdeira, no melhor e sobretudo no pior da herança. O sistema aí nascente projetou-se na história como um processo sem interrupção, sem sequer solavancos. Escravocrata por tanto tempo, fez a abolição mais conveniente à classe dominante, não aos ex-escravizados. A República trouxe recusas superficiais ao Império, ficando a expansão republicana do poder e dos direitos reduzida, no máximo, a farsas, a começar do método fraudador das “eleições a bico de pena”.
(FREITAS, Jânio de. Folha de S. Paulo, 30/04/2017)
A República trouxe recusas superficiais ao Império, ficando a expansão republicana do poder e dos direitos reduzida, no máximo, a farsas, a começar do método fraudador das “eleições a bico de pena”.
(FREITAS, Jânio de. Folha de S. Paulo, 30/04/2017)
A problemática descrita no texto pode ser associada, no Brasil,
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Pergunta 7 de 10
7. Pergunta
(PUCCamp SP/2017)
Brás Cubas busca articular a política de domínio paternalista, sob fogo cerrado nos anos 1870, com aspectos da onda de ideias cientificistas europeias do tempo – especialmente no que tange ao darwinismo social como forma de explicar a origem e a reprodução das desigualdades sociais.
(CHALHOUB, Sidney. Machado de Assis Historiador. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 96)
A tendência ao domínio paternalista pode ser encontrada na postura dos chamados coronéis, mandatários locais que exercerem amplos poderes em muitas regiões do Brasil. A respeito do coronelismo, é correto afirmar que
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Pergunta 8 de 10
8. Pergunta
(PUCCamp SP/2017)
Não há dúvida de que a Semana havia sido concebida pelos seus idealizadores para causar furor, marcar uma data, gerar atritos e instaurar-se como marco simbólico de uma transformação. Sem reações de desagrado, sem polêmica e sem vaias, o plano corria o risco de naufragar. A imprensa, aliás, já tocara na ferida, na cobertura da primeira noite, ao notar que a expectativa hostil do público se transformara em aplausos – o oposto do que se esperava de um acontecimento futurista (…).
(GONÇALVES, Marco Augusto. 1922. A semana que não terminou. São Paulo:
Companhia das Letras, 2012. p. 299)
Vários dos artistas que participaram da Semana acima mencionada provinham de famílias paulistas que haviam enriquecido com a produção de café. O cultivo desse grão, naquele contexto
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Pergunta 9 de 10
9. Pergunta
(UFRGS/2017)
Leia o segmento seguinte.
Também nos momentos históricos de transição como o nosso, não é tão difícil talvez combater os inimigos como desvendá-los. De modo que não só para as pessoas mas ainda para os Estados o fato de fixar um inimigo é tão importante como para os doentes o diagnóstico de um mal obscuro.
ATHAYDE, T. de. Educação e comunismo. Citado
em DUTRA, E. F. O ardil totalitário. Imaginário
político no Brasil dos anos 1930. 2. ed. Belo
Horizonte: UFMG, 2012. p. 43.
O segmento faz menção ao contexto político e social dos anos 1930.
Assinale a alternativa correta sobre esse período.
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Pergunta 10 de 10
10. Pergunta
(FPS PE/2017)
A chegada da República ao Brasil não colaborou com as expectativas dos ideais mais democráticos da população, no sentido de trazer mudanças mais radicais. Durante a Primeira República, o Brasil:
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Sobre o(a) autor(a):
Bruno é historiador formado pela Universidade Federal de Santa Catarina. Dá aulas de história em escolas da Grande Florianópolis desde 2012.
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