Conflito entre Israel e Palestina: entenda suas causas

O conflito entre Israel e Palestina teve início em 1948, ano da criação do Estado judaico pela ONU em território habitado por palestinos. Até hoje judeus e árabes disputam a região.

Nos séculos XX e XXI, o mundo acompanhou uma série de conflitos no Oriente Médio entre Israel e Palestina. O cerne desta disputa entre judeus e árabes gira em torno do direito de ocupação do território de Israel. Contudo, devido à sua magnitude, tornou-se também uma guerra relativa a outras questões, como o acesso à água potável, rotas comerciais e violação de direitos humanos.

Conheça as origens do conflito árabe-israelense, quais suas principais causas e os principais confrontos que ocorreram ao longo dos anos!

Israel: a terra prometida

Para entender por que o território de Israel foi criado no Oriente Médio, local historicamente ocupado por povos árabes e muçulmanos, precisamos voltar no tempo.

De acordo com a tradição judaica, ainda na antiguidade, os hebreus (que mais tarde ficaram conhecidos como judeus), ocuparam a região em torno do rio Jordão após saírem de Ur, na Mesopotâmia. Sua fuga teria sido liderada pelo seu principal profeta, Abraão, que os guiava para Canaã, a terra prometida.

Entretanto, em virtude de uma seca, eles teriam migrado para próximo do Nilo, onde foram escravizados pelos egípcios. Liderados por Moisés, os hebreus realizariam a sua fuga do cativeiro e retornariam à terra prometida.

Após disputarem o espaço com os filisteus e cananeus que lá haviam se estabelecido, os hebreus se dividiram após o governo de Salomão. Enquanto um dos grupos funda o Reino de Judá, ao sul, o outro funda Israel, ao norte.

Essa divisão facilitou sua dominação pelos babilônios, que os escravizaram. Após serem libertos pelos persas, os judeus retornaram à sua terra, mas acabam sendo dominados também pelos macedônios e, posteriormente, pelos romanos.

A criação do Estado de Israel

Os romanos, ao destruírem o templo de Jerusalém por volta de 70 d.C., provocam a diáspora judaica, que só terá fim em 1948, com a criação do Estado de Israel pela Organização das Nações Unidas (ONU). A região, que era até então controlada pelos britânicos, tornou-se um Estado Judeu.

O diplomata brasileiro Oswaldo Aranha foi o principal líder da ONU a tornar isso uma realidade. A comoção causada pelo Holocausto após a Segunda Guerra Mundial teria contribuído também para a sensibilização com a causa judia.

Contudo, apesar do controle britânico, da diáspora judia e do Holocausto, o fato é que aquela região estava sendo ocupada há muito tempo por palestinos muçulmanos. Muitos deles constituíam famílias pobres, que acabaram sendo gradativamente expulsas daquele território para a criação de Israel.

Para além da questão político-social, há também uma dimensão religiosa: Jerusalém é uma cidade sagrada tanto para judeus como para muçulmanos e cristãos.

Principais conflitos entre Israel e Palestina

A reocupação da região da Palestina pelos judeus não ocorreu de uma só vez, mas com o gradativo aumento da presença de colonos naquelas terras. Ainda em 1948, os Estados da Liga Árabe (Egito, Iraque, Transjordânia, Líbano e Síria) contestaram a ocupação judia e promoveram um ataque à Israel. Após serem derrotados, Israel acabou ampliando seu território.

Guerra de Suez

Em 1956 ocorre a Guerra de Suez, quando o Egito estatizou o canal de Suez, a principal ligação marinha entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho. Com o apoio da Grã-Bretanha e da França, Israel atacou o Egito na Península do Sinai, e chegou ao Mar Vermelho. Contudo, através da intervenção dos Estados Unidos e da União Soviética, o território foi devolvido ao Egito.

Guerra de Suez - Israel e PalestinaCaminhões militares egípcios cruzam uma ponte feita sobre o Canal de Suez em 7 de outubro de 1973, durante a Guerra do Yom Kippur / Guerra de outubro. Fonte: https://cutt.ly/LfDZZzS

Guerra dos Seis Dias

Onze anos depois, em 1967, a região tornou-se o palco da Guerra dos Seis Dias. O conflito iniciou quando Israel atacou o Egito e a Síria alegando tratar-se de uma ofensiva preventiva. Como consequência, os israelenses ocuparam a região da Faixa de Gaza, da Península do Sinai, da Cisjordânia, Jordânia e das Colinas de Golã.

Esse último território é estratégico, pois é dele que vem parte significativa da água do Rio Jordão. Além disso, Israel também ocupa a velha Jerusalém, parte da cidade sagrada que era controlada pelos Palestinos. Dessa forma, acabaram dominando por completo a cidade.

Aprenda mais sobre a Guerra dos Seis dias com vídeo do canal Nerdologia a seguir:

Guerra de Yom Kippur

Em 1973 foi a vez do Egito e da Síria contra-atacarem Israel no que ficaria conhecido como Guerra de Yom Kippur. O nome do conflito advém do feriado judeu conhecido como O Dia do Perdão, que foi a data escolhida para o ataque a fim de recuperar os territórios perdidos. Israel venceu, mas o Sinai acabou sendo devolvido ao Egito em 1979, desde que se mantivesse como zona desmilitarizada.

Desde as conquistas da Guerra dos Seis Dias, Israel administrava territórios de ocupação palestina. Mas em 1987, esta população controlada por Israel se rebelou contra abusos cometidos por suas autoridades. Tal episódio ficou conhecido como a Primeira Intifada. Pessoas comuns atacavam com o que podiam os militares de Israel.

A revolta se repetiu em 2000, quando Ariel Sharon, líder do partido conservador judeu Likud visitou a esplanada das mesquitas em Jerusalém, ficando conhecida como a Segunda Intifada.

Principais líderes e últimos desdobramentos

Em 1959, surge uma organização armada palestina chamada Al Fatah. Seu líder é Yasser Arafat, e sua causa é a recuperação do território do qual foram expulsos. Em 1967, Arafat passa a liderar a Organização pela Libertação da Palestina (OLP), uma instituição com o mesmo fim, que terá na Al Fatah o seu braço armado.

Yasser Arafat - Israel e PalestinaEx-líder da Organização Pela Libertação da Palestina Yasser Arafat discursando no encontro anual do Fórum Econômico Mundial em 2001. Fonte: https://cutt.ly/JfDXw06

Dessa maneira, a OLP passa a administrar os campos de refugiados palestinos e Yasser Arafat se torna o principal líder desta nação sem território próprio. Ele faleceu em 2004.

Dentre os líderes judeus, o conservador Ariel Sharon é, talvez, o mais conhecido. Militar e veterano da Guerra de Yom Kippur, Sharon também se embrenhou na política. Entre seus principais cargos estão o de Ministro da Defesa de Israel na década de 1980 e Primeiro Ministro de Israel em 2001. Sua trajetória política se deu através do partido conservador Likud.

Ariel Sharon- Israel e PalestinaFotografia de 2002 do ex-primeiro-ministro israelense Ariel Sharon. Fonte: https://cutt.ly/DfDZNtM

O conflito árabe-israelense hoje

Israel, apesar de estar cercado por Estados árabes e muçulmanos, possui uma economia, tecnologia e forças armadas muito superiores às dos seus vizinhos. Grande parte destas vantagens advém do apoio que recebem dos Estados Unidos, seu principal parceiro. Os conflitos em torno do território de Israel produziram não só milhares de mortes, mas também milhões de refugiados e muita pobreza.

Hoje a população de Israel soma quase 9 milhões de pessoas, o que apesar de ser menor que a população do Estado de São Paulo, ainda é um número bem expressivo. A população da Palestina é constituída atualmente por cerca de 5 milhões de indivíduos. Desde 2012 a Palestina é considerada pela ONU como um Estado observador não-membro, o que significa que pode participar das Assembleias, mas ainda não é considerado um governo como os dos demais países.

Para finalizar seus estudos, confira este vídeo feito pela BBC Brasil sobre os conflitos entre Israel e Palestina e, em seguida, resolva os exercícios:

Questões sobre o conflito entre Israel e Palestina

1- (UEPG PR/2019)

A respeito dos conflitos entre árabes e israelenses, assinale o que for correto.

01. Região onde se concentra uma população exclusiva-mente israelense, a Cisjordânia é uma faixa de terra pretendida pelos árabes. Em razão desse quadro, são comuns atentados e violentos ataques organizados por grupos extremistas palestinos.

02. A criação do Estado de Israel ocorreu após o final da II Guerra Mundial e acentuou os episódios de conflitos entre judeus e árabes. No entanto, tais choques começaram muito antes desse fato político.

04. Existem elementos geográficos, históricos e religiosos que explicam a ocorrência de conflitos entre árabes e israelenses.

08. A Guerra dos Seis Dias foi um dos episódios mais trágicos envolvendo a luta entre árabes e judeus e foi marcada pelo massivo avanço da população palestina sobre territórios até então ocupados pelos israelenses.

16. Yasser Arafat e Yitzhak Rabin figuram respectivamente entre os líderes árabes e israelenses que tentaram negociar a pacificação dos conflitos entre os dois povos.

2- (ENEM/2018)    

A situação demográfica de Israel é muito particular. Desde 1967, a esquerda sionista afirma que Israel deveria se desfazer rapidamente da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, argumento a partir de uma lógica demográfica aparentemente inexorável. Devido à taxa de nascimento árabe ser muito mais elevada, a anexação dos territórios palestinos, formal ou informal, acarretaria dentro de uma ou duas gerações uma maioria árabe “entre o rio e o mar”.

DEMANT, P. Israel: a crise próxima. História, n.2, jul. –dez-2014.

A preocupação apresentada no texto revela um aspecto da condução política desse Estado identificado ao(à)

a) abdicação da interferência militar em conflito local.

b) busca da preeminência étnica sobre o espaço nacional.

c) admissão da participação proativa em blocos regionais.

d) rompimento com os interesses geopolíticos das potências globais.

e) compromisso com as resoluções emanadas dos organismos internacionais.

3- (UNIME BA/2016)

Um dia “normal” em Israel, em períodos de intensificação dos confrontos entre judeus e árabes, começa com um homem sendo ferido gravemente a facadas em uma estação de trem, em Jerusalém. Menos de três horas depois, um palestino é morto em Tel Aviv por soldados, após furar cinco pessoas com uma chave de fenda. Em seguida, num assentamento perto de Hebron, na Cisjordânia, um judeu é esfaqueado. […] a situação esquentou, atiçada por um discurso dúbio do chefe da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, na ONU. Em Israel, não falta quem veja nisso tudo o início de uma terceira intifada, uma revolta de grandes proporções contra o Estado judeu. Era só o que faltava no já conturbado Oriente Médio.

SCHELP, Diogo. A temporada das pedras. Veja. São Paulo: Abril, ed. 2447, ano 48, n. 41, 14 out. 2015.

Sobre os conflitos árabe-israelenses, marque V nas alternativas verdadeiras e F, nas falsas.

(   ) Os conflitos que marcam as relações árabe-israelenses remontam a 1948, com a criação do Estado de Israel.

(   ) A disputa pela cidade de Jerusalém não implica questões religiosas, uma vez que a cidade sagrada dos muçulmanos é Meca.

(   ) O impasse para a solução desse conflito refere-se, também, à questão dos assentamentos judeus em território palestino.

(   ) A política externa dos Estados Unidos tem conseguido grandes avanços na solução desse conflito.

(   ) O equilíbrio bélico é evidente entre palestinos e israelenses.

A alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo, é a

a) V V V F F

b) F V V F F

c) V V F F V

d) F F V V F

e) V F V F F

Gabarito:

  1. 22
  2. B
  3. E

Sobre o(a) autor(a):

Os textos acima foram preparados pelo professor Angelo Antônio de Aguiar. Angelo é graduado em história pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestrando em ensino de história na mesma instituição e dá aulas de história na Grande Florianópolis desde 2016.

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