Indústria Cultural e a Escola de Frankfurt

O termo Indústria Cultural foi criado por Adorno e Horkheimer entre os séculos XIX e XX. Entenda esse conceito amplamente usado na filosofia.

Em meados da década de 40, o termo Indústria Cultural – Kulturindustrie – era cunhado pelos filósofos Theodor Adorno e Max Horkheimer, integrantes de um movimento vanguardista na Europa: a Escola de Frankfurt. Esse conceito bastante ousado permanece atual, sendo o fundamento de várias investigações filosóficas contemporâneas.

O ponto de partida para entender o que levou Adorno e Horkheimer a criarem o conceito de Indústria Cultural foi a ação de analisar. Eles observavam o mundo em que viviam o comparando com aquele que deveriam estar vivendo, ou seja, um mundo ideal que não existia na época.

Mas, antes de falar da teoria que revolucionou o século XX, vamos fazer uma rápida jornada histórica e descobrir o movimento que deu origem a toda uma cadeia de ideias, incluindo o próprio conceito.

Videoaula sobre a Indústria Cultural e a Escola de Frankfurt

Nesta aula, o professor Ernani Júnior da Silva fala sobre a indústria cultural e a Escola de Frankfurt.

A Escola de Frankfurt

Na Alemanha do século XX, um grupo de pensadores decidiu juntar seus poderosos intelectos a serviço da sociedade. Foi então fundado o Instituto de Pesquisa Social, ou como ficou conhecida, a Escola de Frankfurt, uma das mais célebres instituições filosóficas contemporâneas.

A escola tinha como seu alicerce o pensamento Marxista, juntamente com as teorias de Friedrich Nietzsche e Sigmund Freud. Ela reuniu as mentes mais sagazes da Alemanha que, por sua vez, se inspiraram em renomados autores germânicos para criar a Teoria Crítica.

Núcleo fundador da Escola de Frankfurt que cunhou o termo indústria cultural
Núcleo fundador da Escola de Frankfurt que cunhou o termo indústria cultural

O que é Teoria Crítica

A Teoria Crítica é uma análise de mundo centrada na reflexão sobre o capitalismo, o iluminismo e a Revolução Industrial, inspirados no pensamento marxista. Mas resumir toda a produção da Teoria Crítica ao marxismo é algo muito simples.

Os autores que trabalharam no desenvolvimento de uma crítica, que tinha como foco os problemas políticos da época, também buscavam estudar as repercussões econômicas em menor escala.

A Teoria Crítica, que consistia numa análise filosófica do mundo, denunciou um mundo cruel, cuja engenhosidade tecnológica influenciava a sociedade de modo a promover uma espécie de condicionamento social. O conceito principal desse condicionamento transformava a vida dos indivíduos em algo mais homogêneo e padronizado, reduzindo a autonomia das pessoas as moldando em um objeto social útil.

Adorno e Horkheimer, criadores do termo Indústria Cultural
Foto de Adorno e Horkheimer.

Iluminismo como base do pensamento

No século XVIII, houve um movimento chamado Iluminismo que nasceu na Europa e difundiu-se por todo o globo. Essa ideia foi uma das grandes bases para o pensamento cultural de Horkheimer e Adorno.

Inspirados na razão como ponto de partida filosófico, os ideais iluministas eram bastante otimistas, já que acreditavam que o intelecto humano seria capaz de ofuscar nossas limitações e promover um mundo livre da ignorância.

Essa busca pelo aperfeiçoamento se dava nas mais variadas esferas, indo desde descobertas científicas e avanços tecnológicos até o aprimoramento da moral, desenvolvendo assim uma sociedade cada vez mais instruída.

A criação do conceito de Barbárie

Com a ascensão dos regimes autoritários em meados do século XX, na Alemanha com Hitler, na Itália com Mussolini e na União Soviética com Stalin, foi possível observar que a Europa não estava progredindo de acordo com os ideais iluministas, mas sim fazendo caminho contrário.

As duas grandes guerras que aconteceram nessa época agravaram muito os problemas sociais que o Iluminismo supostamente resolveria. Foi a partir da miséria que assolava a sociedade em contrapartida com o avanço tecnológico fugaz, que os filósofos Theodor Adorno e Max Horkheimer criaram o conceito de Barbárie.

Os campos de concentração nazistas era um exemplo do termo barbárie
Os campos de concentração foram um exemplo da barbárie vivida na época.

A industrialização do poder

Com as grandes divergências entre o avanço da tecnologia e o regresso social, os governos totalitários e os grandes detentores de capital obtinham cada vez mais poder.

Os governos eram atraídos pela tecnologia e sua capacidade de produção em larga escala, o que transformava a produção em massa em uma grande arma política. Quem detinha essa capacidade de construção eram as indústrias em sua ampla maioria que, por sua vez, eram atraídas pelo poder do governo.

Foi dessa relação que nasceu, por exemplo, o antissemitismo. As câmaras de gás utilizada na Alemanha nazista, eram uma maneira extremamente econômica e prática de acabar com os dissidentes do regime de Hitler. Assim, o governo poupava dinheiro e ainda matava uma camada da sociedade que era julgada por eles como inútil.

Razão Instrumental contrária à Indústria Cultural

A racionalidade instrumental é um dos exemplos desse pensamento. Ela acontecia quando profissionais, como engenheiros e médicos trabalhavam para encontrar uma maneira eficiente e econômicas de exterminar os judeus.

Um dos exemplos era as mortes dentro de caminhões baús. Lá eram colocadas pessoas nuas, as portas eram trancadas e, por um buraco, era colocada uma mangueira conectada ao escapamento do caminhão, dentro da parte em que os judeus estavam. Ou seja, as pessoas eram assassinadas com o gás do escapamento do caminhão.

Esse é uma das ideias contrárias à indústria cultural e que preconizava a propaganda de massa para alienar a população. Portanto, o pensamento filosófico da época sabia que a mídia tornava as pessoas mais ignorantes e menos informadas com a realidade à sua volta.

A Indústria Cultural

A Indústria Cultural ainda é algo presente em nosso cotidiano, entretanto, o advento das redes sociais tornou essa discussão ainda mais complexa.

Adorno e Horkheimer foram os filósofos que refletiram acerca de um sistema massivo de controle do população. Então eles deram o nome de Indústria Cultural a uma ferramenta que domina ideologicamente suas vítimas de modo que elas sequer percebam que estão sendo dominadas.

Um exemplo disso era a indústria midiática, cuja concentração partia do rádio, jornais e até mesmo do cinema. Esses meios de comunicação eram capazes de oferecer informação de fácil absorção e entendimento para a população, o que facilitava seu controle.

Por fim, é possível afirmar que por meio da instrumentalização da razão se dissemina uma cultura cuja complexidade é superficial para possibilitar o entendimento dos níveis menos intelectualizados da sociedade e, assim, influenciar as pessoas a se portarem da maneira que convém ao sistema.

Resumo sobre a Indústria Cultural

Para se aprofundar no conteúdo dessa aula, assista ao resumo sobre a Indústria Cultural no vídeo a seguir, com o professor Alan, de Filosofia!

Questões sobre Indústria Cultural

Agora é com você! Responda as questões sobre o conceito de Indústria Cultural e os filósofos da Escola de Frankfurt.

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