Iluminismo: o que foi, principais ideias e os pensadores

O que acha de viajar para a Europa do século XVIII para conhecer um pouco mais sobre o Iluminismo? Foi um movimento que revolucionou a realidade do mundo ocidental. Vem pra essa aula de História do Curso Enem Gratuito!

Se há algo de permanente na história da humanidade é a mudança. Desde a pré-história até os dias de hoje, incontáveis transformações ocorreram. Mudanças na produção (economia), nos comportamentos (sociedade) e na forma de conceber a relação das pessoas, e entre as pessoas e o mundo (cultura).

O que é o Iluminismo

O Iluminismo foi um dos momentos em que houve modificações profundas na economia, na sociedade e na cultura da sociedade ocidental. Para começar nossa aula, algumas perguntas se fazem necessárias:

  1. O que havia antes do Iluminismo?
  2. De onde vem este nome?
  3. Que novas ideias passaram a circular na Europa?
  4. Como estas ideias, somadas a realidade material, transforaram a vida naquele continente e nas colônias americanas?

Fim da Idade Medieval e início da Modernidade

O processo de superação da Idade Medieval foi marcado por diversas novidades: a chegada dos europeus na América, a invenção da tipografia, a fragmentação do cristianismo, a decadência do feudalismo,  o surgimento do mercantilismo o nascimento do Estado absolutista.

Ainda dentro do mesmo ciclo temos a recuperação do olhar antropocêntrico e o fortalecimento gradual das ciências a partir do Renascimento. Um autor fundamental no campo da ciência política foi Nicolau Maquiavel.

O Pensamento de Maquiavel

Ele é um autor clássico para você entender a origem do Estado Moderno. Veja agora com o professor Alan Ghedini, do canal do Curso Enem Gratuito.

Todos estes novos elementos se desenvolveram e se comunicaram intensamente, caracterizando o período conhecido como Modernidade (1453-1789).

O Iluminismo enquanto movimento filosófico é, ao mesmo tempo, resultado desta confluência de fatores e chave para o fim da era moderna.IluminismoFigura 1: Leitura da tragédia de Voltaire L’Orphelin de la Chine, no salão de Madame Geoffrin em 1755, pintura de Anicet Charles Gabriel Lemonnier, 1812. Durante a época do Iluminismo, era comum a prática da leitura em voz alta em salões.

O pensamento humanístico e racionalista, que surgiu e sobreviveu ao domínio cristão do pensamento ainda nos séculos XVI e XVII, passou a ganhar cada vez mais adeptos. Os filósofos e cientistas que pensavam o ser humano enquanto indivíduo central em todos os seus estudos tornaram-se referências no pensamento europeu.

O Renascimento

Confira como o ciclo do Renascimento criou as condições para a emergência do Iluminismo.

Aquele período em que o pensamento crítico e racional estava subjugado aos dogmas cristãos começava a demonstrar cada vez mais sinais de fraqueza foi posteriormente chamado de Idade das Trevas.

É deste raciocínio que surge o Iluminismo (Idade das Luzes), no qual a racionalidade era enaltecida. É importante entender que os historiadores atuais não hierarquizam estes dois períodos, pois a Idade Média não foi um período de estagnação intelectual e a era moderna não significou liberdade plena para todas as pessoas.

Iluminismo na prática

Ainda que a ciência e a racionalidade fossem exaltadas, toda essa efervescência intelectual não conseguia ter a amplitude desejada pelos filósofos iluministas. Eles defendiam a ideia de que todos os homens (excluíam as mulheres) eram dotados naturalmente do pensamento racional, mas a realidade é que ele não era exercitado plenamente.

Isso acontecia porque muitos destes filósofos eram nobres e livres da necessidade de trabalho manual, enquanto a população pobre e trabalhadora era majoritariamente analfabeta. Mas, então, como realizar a divulgação do pensamento científico neste cenário?

É neste contexto que entra o movimento enciclopedista de Diderot e D’Alembert. A enciclopédia foi concebida por eles como uma grande bibliografia que traria conteúdos sobre diversos conhecimentos, desde história até ciências naturais, com o acompanhando ilustrações.

Tornou-se comum que uma pessoa alfabetizada realizasse a leitura em voz alta de obras como estas para compartilhar o conhecimento com os iletrados.IluminismoFigura 2: Ilustração de animais presente na Enciclopedia de Diderot e D’Alembert.

Iluminismo, política e disputas

É importante lembrar que qualquer tempo histórico nunca rompe definitivamente com o passado. Isso ajuda a entender que por mais que o catolicismo não estivesse tão forte como antes, a Igreja Católica ainda detinha um grande poder e não deixaria os iluministas livres para defender suas ideias.

Para isso, contava com o apoio das monarquias absolutistas. Estas também se viam ameaçadas porque justificavam seu poder perante o povo por meio da religião. Por isso, muitos iluministas foram perseguidos por defenderem a liberdade do homem – muitas vezes atacando a Igreja e o absolutismo.

Pensadores iluministas

Jean-Jacques Rousseau

Confira o pensamento original de Rousseuau, que foi essencial para criar o discurso político que gerou a Revolução Francesa:

Diderot afirmava que o homem só seria livre quando o último rei fosse enforcado nas tripas do último padre. Montesquieu, apesar de não condenar a monarquia, lutava pela liberdade de expressão e defendia a divisão dos 3 poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) como forma de evitar o despotismo.

A ideia de sociedade tripartida era colocada em xeque a partir da noção construída de que os homens eram naturalmente iguais, racionais e donos de seu próprio destino. Assim é possível entender a fúria com que o clero e a nobreza, que eram beneficiados pelo Antigo Regime, tiveram diante do Iluminismo.

John Locke e Jean-Jacques Rousseau defendiam que a sociedade deveria ser fruto do contrato-social entre os homens (por isso são conhecidos como contratualistas), contrariando a teoria do direito divino dos reis. Enquanto o primeiro priorizava o direito à propriedade, o segundo defendia a bondade natural do indivíduo.

Figura 3: Voltaire

Mas talvez um dos principais nomes a ser lembrado deva ser o de Fraçois Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire. Fervoroso defensor da liberdade de expressão (esta que lhe foi tolhida algumas vezes durante sua vida por críticas à monarquia) e do fim do absolutismo, é o autor da conhecida frase: “Não concordo com uma única palavra do que dizeis, mas lutarei até a morte pelo vosso direito de dizê-la”.

O Iluminismo na economia

Se a liberdade era um dos princípios defendidos pelos iluministas, ela passou a ser pensada em diversos sentidos, inclusive na economia. Neste setor, alguns intelectuais passaram a fazer oposição ao mercantilismo, marcado pela grande interferência do Estado na economia.

São doutrinas importantes deste período a fisiocracia (governo da natureza) e o liberalismo econômico. O primeiro tinha como representantes Fraçois Quesnay e o marquês de Gournay, que defendiam a primazia da economia na agricultura e a liberdade de produção e comércio que seriam guiadas por leis naturais do mercado.

No liberalismo econômico, se destaca Adam Smith por sua defesa da ideia de que o trabalho é a origem de toda a riqueza. Para que as riquezas fossem potencializadas, defendia a divisão do trabalho em etapas. Este foi o pensamento que caracterizou a revolução industrial.

Adam Smith também acreditava na ideia de que o mercado se regularia por si só, de forma que a interferência do Estado comprometeria a relação entre oferta e procura. O lema pelo qual esta doutrina ficou conhecida é o “Laissez-Faire, Laissez-Passer”, que significa “Deixe fazer, deixe passar”.

Desdobramentos do Iluminismo

O século XVIII foi central para a transformação da realidade ocidental, tanto na Europa como na América. Os jovens estudantes na Europa eram alimentados com as ideias de liberdade, racionalidade, individualidade e crítica ao absolutismo e à Igreja.

Iluminismo
Figura 4: A queda da Bastilha, quadro de Jean Pierre Houël

Aqueles que eram filhos de ricos fazendeiros na América levavam consigo suas ideias e as difundiam com seus companheiros nas colônias. Mesmo no Brasil, onde era a indústria era proibida, houve circulação de jornais e livros com ideias iluministas. Elas mobilizaram mentes e provocaram revoltas, como a Conjuração Mineira e a Revolta dos Alfaiates.

A Revolução Francesa

A independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa são as maiores e mais influentes revoluções armadas provocadas pelo pensamento iluminista em consonância com a vontade da burguesia de tomar o poder para si.

São também conhecidas como revoluções burguesas, pois é através deste movimento que a burguesia resolve usurpar o poder da nobreza através da condução das massas pobres e trabalhadoras enfurecidas com a exploração de sua força.

Videoaula sobre o Iluminismo

Para terminar, assista à videoaula sobre o Iluminismo com o professor Jean Miranda, de História!

Exercícios

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Sobre o(a) autor(a):

Os textos acima foram preparados pelo professor Angelo Antônio de Aguiar. Angelo é graduado em história pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestrando em ensino de história na mesma instituição e dá aulas de história na Grande Florianópolis desde 2016.

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