Venha conferir como a Filosofia cristã de Santo Agostinho se configurou na Idade Média, com a Patrística. Depois, com a chegada do pensamento de Santo Tomás de Aquino, na Escolástica, aconteceram mudanças que permanecem até hoje na teologia católica. Confira no resumo de filosofia Enem.
A Escolástica foi uma corrente filosófica resultante da Patrística, uma vertente da Filosofia criada pelos padres filósofos. O maior destaque histórico na Patrística ficou para o pensador Agostinho, canonizado com Santo Agostinho. Já na Escolástica, o destaque foi para São Tomás de Aquino.
Ao passo que a Teologia se desenvolvia, surgiram as escolas, que foram fundadas na Europa no século XII. Embora na Grécia Antiga as crianças já recebessem algum tipo de educação, foi apenas na Idade Média que passamos a ter um sistema escolar parecido com o atual.Figura 1. Durante o século XII na Europa as primeiras escolas surgiram. Nelas as crianças eram ensinadas a ler, escrever, contar e principalmente eram catequizadas.
Todo o conhecimento ficava restrito aos membros da Igreja e a poucos nobres. Foi aí, nessas escolas, que a Filosofia Escolástica foi introduzida. Recorrendo a base proposta pela Patrística, foi criada uma corrente filosófica dedicada à pesquisa e a reflexão.
Introdução à Patrística
Veja com o professor Alan Ghedini, do canal do Curso Enem Gratuito, uma resumo sobre a filosofia da Patrística.
Os estudos de Santo Agostinho estavam concentrados na compreensão dentro da Teologia Cristã da época sobre o que eram, e qual a origem do Bem e do Mal. Para Santo Agostinho, Deus era a origem de todo o Bem, mas não do mal. Confira no vídeo acima com o professor Alan.
Com a preponderância de pensadores católicos, a Patrística teve um viés mais especulativo que deixou de lado, em parte, a teologia em favor de uma Filosofia cristã. Por outro lado, quando surge a Escolástica, o pensamento orientado para uma lógica diferenciada, imposta por São Tomás de Aquino, procura os aspectos racionais para evidenciar o sagrado, o divino.Figura 2. O período conhecido como Escolástica perdurou até o fim da Idade Média e tem seu nome derivado da palavra latina “scholasticus”, que significa “aquele que pertence a uma escola”.
Essa Filosofia cristã, que chamamos Escolástica, valia-se de um método embasado no estudo minucioso de determinadas obras, analisadas a exaustão. Dentre as quais se destacam as obras de filósofos gregos como Platão e Aristóteles.
Platonismo Medieval
O Filósofo grego Platão foi um grande influenciador da concepção de mundo medieval. Visto que, para ele, existe uma mistura entre aquilo que é permanente e aquilo que muda. Isto é, a uma distinção dualista entre alma e corpo.
Essa noção de alma foi algo fundamental para Platão, tanto quanto para a Teologia, mais precisamente para a fé cristã. A alma foi intensamente estudada pela Escolástica. Ora, de acordo com essa corrente filosófica é na alma que reside a verdade e, conforme pregava a Escolástica, a verdade é Deus.
Em linhas gerais, a teoria de Platão embasou a ideia de que as pessoas são dotadas de uma alma encarnada em um corpo. Ou seja, a alma não está necessariamente unida ao corpo, mas o comanda, tal qual um motociclista comanda sua moto.
Através da Filosofia Escolástica, aquela ideia de Platão a respeito de mundo ideal cujas ideias chegam a nós no mundo sensível (esse que vivemos) foi reescrita com uma perspectiva cristã. Nessa nova perspectiva, Deus imprime na alma as ideias eternas (as ideias de Platão) que são as ideias divinas.
Aristotelismo Medieval
Uma outra perspectiva estudada minuciosamente pela Escolástica foi a concepção de mundo postulada por Aristóteles. Para ele, o mundo é um conjunto bem organizado, no qual todas as “paradas” têm seu funcionamento bem como seu comportamento estáveis. Ou seja, para Aristóteles, tudo tem um local e uma função de ser.
Ora, por ser criado de maneira bem organizada, bem estruturada e lógica, o mundo precisou de um arquiteto (ou programador). A entidade responsável por essa criação não poderia ser outra senão Deus! Que seria fruto da mais pura Razão.Figura 3. O criacionismo é a crença religiosa de que a humanidade, a vida, a Terra e o universo são a criação de um agente sobrenatural. Um ser único, absoluto, perfeito, não-criado, que existe por si só e não depende da existência do Universo, denominado Jeová ou Deus. Seria essa entidade, o elemento central da estrutura criacionista. Exercendo seu infinito poder criativo, criou o Universo em seis dias e no sétimo descansou.
Com isso, o uso da razão foi bastante enfatizado. Para isso, houve até uma recuperação dos trabalhos de Aristóteles, resultando em uma síntese da doutrina cristã e da teoria aristotélica. Esse acontecimento definiu o que seria a Filosofia da Igreja Católica nos séculos seguintes.
A Escolástica e São Tomás de Aquino
O pensador mais ilustre a usar essas ideias foi Santo Tomás de Aquino, maior expoente da Filosofia Escolástica. Membro da Ordem dos Dominicanos e professor da Universidade de Paris, Aquino foi aluno de Santo Alberto Magno.
Aquino era vidrado em Aristóteles e suas teorias são muito inspiradas no filósofo grego. As obras de Aquino são de suma importância para a Igreja Católica até os dias atuais.
Contudo, após o período dominado pela Filosofia de Tomás de Aquino, a Escolástica entrou em decadência. Com o surgimento de novas teorias e outras correntes filosóficas, bem como, com o enfraquecimento do poder da Igreja, a Escolástica deixou de ser parte central da Filosofia e passou a ser um campo de estudo específico.Figura 4. Durante o Concílio de Trento, a obra de Santo Tomás de Aquino foi colocada no altar ao lado da Bíblia, sendo considerada fundamental para o combate e a refutação do protestantismo.
Em suma, a Escolástica era uma corrente filosófica interessada em transformar o conhecimento religioso com base na da Filosofia grega.
Por fim, a Escolástica não era uma corrente que buscava entender o mundo como os gregos fizeram outrora. Todavia, ela produziu conhecimento ao reafirmar o pensamento dominante da época e criar um complexo sistema Lógico que explicava o mundo sob uma ótica religiosa.
Videoaula sobre Tomás de Aquino
Para saber mais sobre como aconteceu a diferenciação teológica entre Santo Agostinho e as novas ideias colocadas em cena por São Tomás de Aquino, confira a videoaula a seguir, com a professora Paula Pille. Tomás busca construir cinco vias para provar a existência de Deus através de evidências, e não apenas pela fé dogmática, característica da Patrística de Santo Agostinho.
Vale ressaltar que foi a partir das liberdades criadas pela Escolásticas na Teologia que o Malleus Maleficarum foi escrito. Seus autores, dois teólogos alemães, Heinrich Kramer e James escreveram a respeito de pessoas que adoravam o diabo e como identificá-las. Todavia, a Igreja Católica proibiu o livro pouco depois da sua publicação, colocando-o no “Index Librorum Prohibitorum” (“Índice dos Livros Proibidos”).
Saiba mais sobre essa sinistra época de caça às bruxas no vídeo a seguir:
Exercícios sobre o pensamento da Escolástica
Agora é hora de você testar seus conhecimentos a respeito da Escolástica:
1) (FAAP) A doutrina de Platão influenciou os primeiros filósofos medievais, Santo Agostinho, bispo de Hipona (354 a 430) e Boécio (480 a 524), autores de “Confissões” e “Consolação da Filosofia”, respectivamente. Mas a Filosofia que predominou na Idade Média foi a:
(A) Sofística
(B) Epicurista
(C) Escolástica
(D) Existencialista
(E) Fenomenológica
2) (Uncisal 2011) Uma das preocupações de certa escola filosófica consistiu em provar que as ideias platônicas ou os gêneros e espécies aristotélicos são substâncias reais, criadas pelo intelecto e vontade de Deus, existindo na mente divina. Reflexões dessa natureza foram realizadas majoritariamente no período da história da filosofia:
(A) Pré-socrático.
(B) Antigo.
(C) Medieval.
(D) Moderno.
(E) Contemporâneo.
3) (IF-RS 2015) São Tomás de Aquino, principal representante da __________, desenvolve um pensamento profundamente ligado ao de __________. Seu papel principal foi o de organizar as verdades da religião e de harmonizá- las com a filosofia. Para ele, então, a __________, criada por Deus, e a __________, revelação de Deus, não podem entrar em __________, porque procedem do mesmo Princípio.
Assinale a alternativa que preencha corretamente as lacunas do texto apresentado.
(A) Escolástica – Aristóteles – razão – fé – contradição.
(B) Patrística – Platão – razão – fé – conflito.
(C) Escolástica – Aristóteles – fé – razão – acordo.
(D) Patrística – Platão – fé – razão – contradição.
(E) Sofística – Sócrates – razão – fé – conflito.
Gabarito
1.C, 2.C, 3.A.