Os frutos são órgãos reprodutivos exclusivos das angiospermas e têm como função proteger as sementes e facilitar a sua dispersão. Veja a estrutura completa para gabaritar botânica no Enem:
Os frutos são alimentos deliciosos e muito saudáveis. Mas, porque as plantas produzem esses órgãos? Saiba mais sobre a estrutura dos frutos e das sementes, seus tipos e funções nesta aula de Biologia para o Enem.
Funções dos frutos
Os seres humanos consumem muitos frutos, especialmente aqueles carnosos e de sabor adocicado, como a manga e o abacate. Eles são ótimas fontes de vitaminas e sais minerais, essenciais para uma dieta saudável.
Mas, as plantas não produzem esses órgãos para satisfazerem nossas necessidades nutricionais. Essa é apenas uma das estratégias evolutivas dos vegetais do grupo das angiospermas.
Os frutos, órgãos exclusivos desse grupo, têm como função proteger as sementes e facilitar a sua dispersão. Para isso, eles podem ser saborosos e nutritivos, atraindo animais dispersores (como nós) para espalhar suas sementes. Eles também podem ser ocos para boiarem e serem dispersados pela água. Além disso, podem até mesmo serem alados, possibilitando que sejam empurrados pelo vento.
Surgimento dos frutos e sementes
Como você acabou de ver, os frutos são órgãos reprodutivos exclusivos das plantas angiospermas. Assim, eles são estruturas originadas do desenvolvimento do ovário da flor.
Portanto, esse desenvolvimento ovariano ocorre após a polinização. Nesse evento, o grão de pólen que chega até o estigma do gineceu da flor, germina dentro do carpelo e forma o tubo polínico. Em seguida, essa estrutura cresce em direção ao ovário (parte do gineceu), carregando dois gametas masculinos.
Conhecer a estrutura das flores é essencial para compreendermos a origem dos frutos e sementes. Fonte: Getty Images (modificada pela autora do texto). Veja na imagem:
Em seguida, ele penetra por uma pequena abertura no óvulo, a micróplia. Um dos gametas masculinos fecunda a oosfera (gameta feminino). Essa união dos gametas irá gerar o zigoto que, após várias mitoses, forma o embrião do vegetal.
Já o outro gameta masculino se funde ao núcleo do saco embrionário que envolve o óvulo. Forma-se, então, uma célula triploide. Essa célula dará origem a um tecido chamado de endosperma. O endosperma será a reserva de nutrientes para o embrião do vegetal em desenvolvimento.
Após esse processo, o ovário da flor começará a inchar, formando o fruto. Caso haja a formação dos frutos carnosos, os tecidos presentes nessa região podem reservar açúcares e/ou lipídios à medida que se desenvolvem.
Estrutura dos frutos
Como você acabou de ver, o fruto surge a partir do desenvolvimento do ovário. A parede do ovário irá se desenvolver no pericarpo, que é divido em três partes: epicarpo, mesocarpo e endocarpo.
Confira agora a Estrutura dos Frutos no resumo com a professora Claudia Aguiar, do canal do Curso Enem Gratuito:
Epicarpo
O epicarpo, também chamado de exocarpo, é a parte mais externa do fruto e corresponde à sua “casca”. Ele se origina das células epidérmicas do ovário.
Mesocarpo
O mesocarpo, como o próprio nome já diz, é a camada intermediária do fruto. Ele é formado a partir do tecido médio (parênquima) do ovário. Nos frutos chamados de carnosos (que detalharemos a seguir), o mesocarpo reserva grande quantidade de açúcares e/ou lipídios. Por isso, em geral, o mesocarpo é a parte comestível dos frutos.
Esses nutrientes energéticos presentes no mesocarpo têm a função de atrair animais dispersores. Ao consumirem essa estrutura, eles ajudam a dispersar as sementes.
Endocarpo
Por fim, o endocarpo é a parte mais interna do fruto e será a responsável por envolver a semente. Essa camada é originada da epiderme interna do ovário.
Tipos de frutos
As angiospermas são o grupo de vegetais mais variado atualmente. Por isso elas possuem uma enorme variedade de adaptações para a sua sobrevivência. Além disso, os frutos também apresentarão diferentes características importantes para a perpetuação das espécies.
Sendo assim, de acordo com a morfologia dos frutos e com suas origens, teremos diferentes classificações. Veja a seguir:
Classificação de acordo com a disposição dos carpelos
Lembre-se que carpelos são as folhas modificadas que formam as partes femininas da flor, como vimos na imagem 1.
Frutos simples
São aqueles formados a partir do desenvolvimento de um único carpelo ou de vários carpelos unidos, como a manga e a abóbora, por exemplo.
Frutos agregados
São os frutos formados a partir de vários carpelos separados em uma mesma flor. Entretanto, quando cada ovário se desenvolve, ficam todos unidos em uma única estrutura, dando a impressão de um único fruto. O morango, a framboesa e a fruta do conde são alguns exemplos.
Imagem 3: Observe abaixo que na 1ª imagem vemos no centro da flor uma série de “tubinhos” amarelos. Eles são os estiletes e os estigmas de vários carpelos formando a parte feminina dessa flor. Por baixo, estão os ovários.
Esses frutos podem também ser chamados de pseudofrutos ou falsos frutos. Isso porque, apesar de visualmente parecerem um único fruto, são constituídos de vários.
Frutos múltiplos
São os frutos formados a partir do desenvolvimento de vários ovários de flores diferentes de uma inflorescência (várias flores presas a um único pedúnculo). Ao se desenvolverem, os vários frutos (frutículos) se fundem em uma única estrutura, chamada de infrutescência.
As infrutescências são também chamadas de pseudofrutos, pois como nos frutos agregados, elas são, na verdade, um arranjo de vários frutos menores. Como exemplo de infrutescência, podemos citar o abacaxi e o figo.
Classificação de acordo com a consistência do ovário
Frutos carnosos
Como eu já citei acima, os frutos carnosos são aqueles que reservam substâncias nutritivas no mesocarpo. Sendo assim, o parênquima ali desenvolvido é, em geral, suculento, sendo muito atrativo a animais dispersores. Podemos citar vários exemplos de frutos carnosos, como o mamão, o melão, o tomate etc.
Frutos secos
São os frutos que não possuem pericarpo suculento. Ao amadurecerem ficam secos. Em geral, esses frutos não têm dispersão relacionada à atração de animais. Como exemplos de frutos secos, podemos citar os frutos das leguminosas, como o flamboyant e o feijão.
Classificação de acordo com a deiscência dos frutos
Frutos deiscentes
Os frutos deiscentes são aqueles que se abrem sozinhos quando estão maduros, espalhando suas sementes. Geralmente, os frutos deiscentes são frutos secos.
Como exemplo de frutos deiscentes podemos citar as plantas leguminosas, como o feijão e a ervilha.
Frutos indeiscentes
Já os frutos indeiscentes são aqueles que não se abrem quando maduros. Em geral, os frutos carnosos são frutos indeiscentes. No entanto, há também frutos secos com essa característica.
Classificação quanto à estrutura do fruto carnoso
Frutos do tipo baga
Nesses frutos carnosos, as sementes estão livres em um endocarpo que também é carnoso ou gelatinoso.
Nesses frutos encontramos um epicarpo fino e um mesocarpo bastante carnoso (polpa). São formados a partir do desenvolvimento de um ou mais carpelos. Podem conter uma ou muitas sementes (mais frequente). Exemplo: tomate, mamão, maracujá.
Frutos do tipo drupa
Nos frutos tipo drupa a semente é envolvida por um endocarpo pétreo (bem rígido) e aderido à semente.
Esses frutos são geralmente formados por um único carpelo e possuem uma única semente. Como exemplo de frutos drupa, temos a azeitona, o pêssego e a manga.
Pomo
São pseudofrutos em que a parte carnosa não é derivada do ovário da flor, mas sim do receptáculo floral. É o que ocorre nas maçãs, por exemplo.
Classificação quanto ao tipo de abertura do fruto deiscente
Frutos do tipo folículo
São os frutos (geralmente secos) formados de um único carpelo. Quando estão maduros, esses frutos abrem apenas de um lado, em uma fenda longitudinal, liberando a semente. Exemplos: esporinha, chichá.
Frutos secos do tipo legume
São também frutos secos derivados de um único carpelo. No entanto, abrem-se dos dois lados em fendas longitudinais, como o feijão, por exemplo.
Frutos do tipo cápsula
São frutos constituídos de dois a muitos carpelos fundidos. Em geral, são arredondados ou ovalados e se abrem de diversas formas. Um exemplo de fruto do tipo cápsula é o urucum e o fruto da castanha-do-Pará.
Comumente os frutos tipo cápsula são secos. Contudo, ocorrem algumas espécies com frutos tipo cápsula carnosa, como as marias-sem-vergonha. Quando maduros, se abrem em um rompante, jogando as sementes longe e as dispersando.
Frutos secos do tipo síliqua
São frutos formados a partir de dois carpelos. Assim como os legumes, são alongados e abrem-se de ambos os lados. Contudo, como diferencial, após a sua abertura, resta uma porção central, onde as sementes podem estar aderidas. A mostarda é uma planta cujo fruto é do tipo síliqua.
Estrutura das sementes
A semente é o óvulo maduro que foi fecundado e possui três partes: o embrião, o endosperma (que pode estar ausente) e a casca.
Embrião
O embrião da semente é a estrutura que vai dar origem ao vegetal. Enquanto a semente não se encontra em condições favoráveis para a germinação, o embrião permanece em estado de latência.
Essa estrutura é alongada e possui duas extremidades: a radícula e o caulículo.
A radícula é a estrutura que dará origem à raiz do vegetal. Ela será a primeira estrutura a emergir da semente durante a germinação e tem geotropismo positivo (cresce em direção ao solo, para baixo, independentemente da posição da semente).
Enquanto isso, o caulículo dará origem ao caule e será responsável por formar as primeiras folhas embrionárias.
Essas folhas embrionárias são chamadas de cotilédones. Nas sementes das monocotiledôneas encontramos apenas um cotilédone. Já nas eudicotiledôneas encontramos dois cotilédones.
Endosperma ou albúmen
O endosperma, como vimos acima, tem origem na união de um gameta masculino com o núcleo do saco embrionário. Ele vai reservar nutrientes para o desenvolvimento inicial do vegetal.
As sementes que possuem endosperma são chamadas de albuminosas. Enquanto isso, as que não possuem essa estrutura são chamadas de exalbuminosas. Nesse caso, o albúmen é rapidamente consumido no início do desenvolvimento do embrião, ou as substâncias nutritivas são armazenadas no(s) cotilédone(s).
Casca
Por fim, a casca é o revestimento externo da semente. Protege a estrutura contra o ressecamento.
Funções das sementes
Como você acabou de estudar, as sementes possuem tecidos que envolvem o embrião em seu interior. Sendo assim, podemos dizer que a principal função das sementes é proteger o embrião.
Além disso, como vimos, elas podem conter substâncias nutritivas que irão ajudar o embrião em seu desenvolvimento inicial, enquanto o vegetal ainda não está realizando fotossíntese.
Fruta ou fruto?
Você já ficou pensando se existe diferença entre esses dois termos? Pois a reposta é sim.
Como você acabou dever ao longo dessa aula, o fruto é resultado do amadurecimento do ovário. Ele garante a proteção das sementes e favorece a sua dispersão.
Sendo assim, no sentido morfológico, não somente aquelas estruturas conhecidas como frutas, como o mamão e a melancia, são frutos. Os legumes, como você viu acima, são frutos também!
O que podemos concluir, então, é que “fruta” é o nome que damos popularmente aos frutos que são adocicados.
As Plantas Angiospermas
Confira agora com a professora Claudia Aguiar um resumo sobre as Plantas Angiospermas:
Exercícios sobre os frutos
Por fim, teste seus conhecimentos com os exercícios que selecionei para você:
1- (UFU MG/2018)
Os frutos são classificados em vários tipos, dependendo de sua origem no desenvolvimento. Na sua maioria, os frutos são derivados de um único carpelo ou de vários carpelos fusionados, denominados frutos simples. O fruto agregado resulta de uma única flor que tem mais de um carpelo separado, cada qual formando um pequeno fruto. Um fruto múltiplo desenvolve-se de uma inflorescência, um grupo de flores fortemente agrupadas.
Em relação às informações acima, assinale a alternativa que contém, respectivamente, um representante de fruto simples, de fruto agregado e de fruto múltiplo.
a) Pêssego, tomate e amendoim.
b) Limão, figo e amora.
c) Maçã, morango e jaca.
d) Ervilha, framboesa e abacaxi.
2- (UNESP SP/2016)
“Fruto ou Fruta? Qual a diferença, se é que existe alguma, entre ‘fruto’ e ‘fruta’?”
A questão tem uma resposta simples: fruta é o fruto comestível. O que equivale a dizer que toda fruta é um fruto, mas nem todo fruto é uma fruta. A mamona, por exemplo, é o fruto da mamoneira. Não é uma fruta, pois não se pode comê-la. Já o mamão, fruto do mamoeiro, é obviamente uma fruta.
(Veja, 04.02.2015. Adaptado.)
O texto faz um contraponto entre o termo popular “fruta” e a definição botânica de fruto. Contudo, comete um equívoco ao afirmar que “toda fruta é um fruto”. Na verdade, frutas como a maçã e o caju não são frutos verdadeiros, mas pseudofrutos.
Considerando a definição botânica, explique o que é um fruto e porque nem toda fruta é um fruto. Explique, também, a importância dos frutos no contexto da diversificação das angiospermas.
3- (UECE/2016)
Na feira, um biólogo pediu ao feirante um quilo de um fruto simples, carnoso, do tipo baga, e dois quilos de uma drupa indeiscente. As frutas solicitadas são respectivamente
a) morango e tangerina.
b) mamão e azeitona.
c) abacate e laranja.
d) pêssego e limão.
GABARITO:
- D
1) Gab: D
2) Gab: Fruto representa o ovário fecundado e desenvolvido, mas nem toda fruta é um fruto. Isso porque, muitas vezes, a fruta se origina do receptáculo floral carnoso e desenvolvido, como acontece com a maçã e a pera. Outras vezes, o pedúnculo floral desenvolve-se e torna-se carnoso, como o caju. Nesses casos, as frutas são conhecidas pela Botânica como pseudofrutos.
Os frutos são estruturas que protegem as sementes e permitem a ampla dispersão dessas estruturas. As sementes originam novas plantas, distantes das plantas mães que as produziram. Assim, as novas plantas podem ficar isoladas por obstáculos geográficos, constituindo populações que não trocam genes com as populações de onde surgiram. Dessa forma, novas espécies podem aparecer, daí a grande diversificação das angiospermas.
3) Gab: B