Répteis: características, classificação e exemplos

Os répteis compõem uma classe pertencente ao Filo dos Cordados. Eles foram os primeiros vertebrados a conquistarem o ambiente terrestre de maneira definitiva.

Os répteis compõem uma classe de animais pertencente ao Filo dos Cordados. Dentro desse grupo encontramos animais tetrápodes com pele altamente queratinizada, representados pelas serpentes, lagartos, tartarugas e jacarés.

Esses animais apresentam diferentes características e adaptações que permitiram a conquista definitiva do ambiente terrestre. Isso quer dizer que os répteis são os primeiros animais vertebrados a não precisarem mais do ambiente aquático ao longo do seu ciclo vital.

Adaptações dos répteis ao ambiente terrestre

Os répteis são os primeiros animais amniotas. Isso quer dizer que eles possuem um anexo embrionário chamado âmnion (ou membrana amniótica) que reveste os demais anexos embrionários e os próprios embriões.

Com o surgimento de cascas resistentes nos ovos, essa característica permite que os embriões fiquem protegidos contra a desidratação no interior do ovo, mesmo que estejam em um ambiente seco.

Ovo de serpente do gênero Boiga. Os ovos de répteis possuem cascas resistentes e anexos embrionários que permitem o desenvolvimento do embrião em ambiente terrestre. Fonte da imagem: Getty Images. Ovo de serpente do gênero Boiga. Os ovos de répteis possuem cascas resistentes e anexos embrionários que permitem o desenvolvimento do embrião em ambiente terrestre. Fonte da imagem: Getty Images.

Com essas adaptações, os répteis eliminaram a necessidade do ambiente aquático ao longo de seus ciclos vitais. Diferentemente dos peixes e anfíbios cujos ovos são frágeis e desidratam facilmente, além de apresentarem fases jovens aquáticas, como é o caso dos alevinos e girinos.

Além dessas adaptações com desenvolvimento embrionário, uma outra característica importante para a conquista do ambiente terrestre é o revestimento do corpo desses animais. A pele dos répteis é altamente queratinizada e seca. Em muitas espécies, há o desenvolvimento de escamas, placas dérmicas e ósseas. Isso tudo faz com que essa pele seja resistente e evite a desidratação.

Por fim, podemos destacar que o fato de a pele ser muito espessa impede que ela realize trocas gasosas. Dessa maneira, a respiração pulmonar é bem desenvolvida nessa classe de vertebrados.

Hábitos e habitats dos répteis

As adaptações que permitiram que esses animais conquistassem o ambiente terrestre fizeram com que eles conseguissem ocupar diferentes hábitats. Sendo assim, podemos dizer que os répteis possuem uma ampla distribuição, sendo encontrados em todos os continentes, exceto na Antártida.

Fotografia de uma víbora chifruda, serpente comum nos desertos africanos. Os répteis possuem uma série de adaptações ao ambiente terrestre, fazendo com que algumas espécies consigam habitar até mesmo ambientes inóspitos como os desertos.Fotografia de uma víbora chifruda, serpente comum nos desertos africanos. Os répteis possuem uma série de adaptações ao ambiente terrestre, fazendo com que algumas espécies consigam habitar até mesmo ambientes inóspitos como os desertos.

Entretanto, são mais abundantes nas regiões mais quentes dos trópicos. Nesses ambientes atuam principalmente como predadores, sendo a maior parte das espécies carnívoras.

Características gerais dos répteis

Existem pouco mais de oito mil espécies de répteis distribuídas pelo planeta. Eles são animais com formatos e tamanhos e cores bastante variados, podendo ter desde poucos milímetros como o lagarto Jaraguá sphaero, ou vários metros de comprimento, como os crocodilos.

Em geral, possuem quatro membros, sendo considerados tetrápodes. Esses membros geralmente são adaptados para caminhar, correr ou trepar. Porém, há espécies que apresentam membros na forma de remos, auxiliando na natação, como as tartarugas. E também espécies cujos membros estão ausentes, como é o caso das cobras que se deslocam rastejando.

Fotografia de uma tartaruga marinha. Observe que os membros desses animais possuem formatos de remos o que facilita o seu deslocamento na água. Fonte da imagem: Getty Images. Fotografia de uma tartaruga marinha. Observe que os membros desses animais possuem formatos de remos o que facilita o seu deslocamento na água. Fonte da imagem: Getty Images.

Além disso, assim como os anfíbios e peixes, esses animais são considerados pecilotérmicos (heterotérmicos). Isso porque não possuem mecanismos metabólicos para manter sua temperatura constante. Sendo assim, precisam de fontes externas para aquecerem seus corpos.

Desenvolvimento embrionário dos répteis

Além das adaptações dos ovos desses animais discutidas acima, é importante que você saiba outros detalhes sobre o desenvolvimento embrionário desse grupo de cordados.

Os répteis, assim como todos os animais do Filo dos Cordados, são triblásticos e celomados. Em suma, isso quer dizer que possuem três folhetos embrionários (endoderme, ectoderme e mesoderme) durante a fase de gástrula. Além disso, possuem uma cavidade interna que abriga seus órgãos internos chamada de celoma.

Outra característica importante sobre o desenvolvimento embrionário desses animais é o fato de que o ânus se forma antes da boca na formação do sistema digestório. Por isso, são chamados de animais deuterostômios.

Simetria dos répteis

Da mesma maneira que os demais cordados, os répteis possuem simetria bilateral. Isso quer dizer que eles podem ser divididos em duas partes iguais em uma divisão longitudinal.

Anatomia dos répteis

– Sistema digestório dos répteis

O sistema digestório dos répteis é completo, iniciando em boca e terminando em cloaca. Sendo assim, o orifício que finaliza o sistema digestório é também utilizado para a eliminação de excretas e também para funções reprodutivas.

Na boca, encontramos diferentes estruturas e adaptações em cada um dos grupos. Nos crocodilianos, representados pelos jacarés e crocodilos, encontramos dentes ósseos cônicos. Já nos quelônios, representados pelas tartarugas e cágados, encontramos lâminas córneas que formam uma espécie de “bico” e permite que esses animais arranquem nacos de seus alimentos.

As serpentes, por sua vez, apresentam dentição variada, muitas vezes adaptada à inoculação de peçonha.

Fotografia de uma cascavel com a boa aberta. répteisFotografia de uma cascavel com a boa aberta. Muitas serpentes possuem uma dentição chamada de solenóglifa. Nessa dentição encontramos duas grandes presas móveis (ficam dobradas quando a serpente está de boca fechada e se “armam” com a abertura da boca) e caniculadas. O pequeno canal no interior do dente permite a inoculação de peçonha. Fonte da imagem: Getty Images.

Outra característica interessante do sistema digestório das serpentes é o fato de que elas são capazes de soltar sua mandíbula do restante do crânio. Isso permite que elas consigam uma maior abertura de boca para a ingestão de presas grandes.

Fotografia de uma cobra do gênero Python comendo um cervo. Observe o deslocamento da mandíbula para que a boca do animal tenha uma grande abertura. Fonte da imagem: Getty Images.Fotografia de uma cobra do gênero Python comendo um cervo. Observe o deslocamento da mandíbula para que a boca do animal tenha uma grande abertura. Fonte da imagem: Getty Images.

– Revestimento

Como vimos acima, a pele dos répteis é bastante espessa e resistente.

Essa resistência se dá pelo fato de que é um revestimento altamente queratinizado. Além disso, os répteis apresentam diversos tipos de anexos na pele. Como as escamas encontradas nas serpentes e lagartos. Os cascos encontrados nos quelônios e as placas dérmicas e ósseas encontradas nos crocodilianos.

Outra característica importante a ser destacada sobre o revestimento desses animais é o fato de que a pele deles é bastante seca, uma vez que não apresentam glândulas mucosas.

Por conta disso, a pele é pouco elástica e não acompanha o crescimento do animal. Sendo assim, de tempos em tempos os répteis trocam partes da pele ou a pele inteira.

Fotografia de um lagarto trocando a pele. Fonte da imagem: Getty Images. Fotografia de um lagarto trocando a pele. Fonte da imagem: Getty Images.

– Esqueleto e musculatura

Os répteis possuem um endoesqueleto completamente ósseo. Ligado à esse esqueleto há uma musculatura bastante desenvolvida, especialmente nos crocodilianos e escamados.

– Respiração

Como assinalado ao longo dessa aula, a respiração dos répteis é pulmonar.

Alguns répteis que vivem em ambientes aquáticos possuem adaptações que permitem que eles consigam permanecer longos períodos embaixo da água, como é o caso das tartarugas marinhas. Entretanto, após certo período é necessário que elas subam a superfície para respirar o oxigênio presente na atmosfera.

– Sistema cardiovascular dos répteis

A circulação nos répteis é fechada e dupla. Isso quer dizer que o sangue desses animais circula apenas dentro dos vasos sanguíneos e que ele segue por dois caminhos: a circulação pulmonar (que oxigena o sangue) e a circulação sistêmica (que leva o oxigênio aos tecidos).

Na grande maioria das espécies, o coração é tricavitário, semelhante ao dos anfíbios. Sendo assim, encontramos nesses animais um coração que possui um ventrículo e dois átrios. Essa característica faz com que o sangue arterial vindo dos pulmões e o sangue venoso vindo dos demais tecidos misture-se parcialmente no ventrículo.

Entretanto, no grupo dos crocodilianos, o ventrículo é parcialmente dividido por um septo, exceto por uma região chamada de forâmen de Panizza. Sendo assim, há pouca mistura entre o sangue arterial e venoso.

Excreção

A excreção é feita através de rins que filtram o sangue retirando ácido úrico.

Essa excreta necessita de pouca água para ser eliminada, representando uma economia hídrica importante, especialmente para os répteis de ambientes bastante secos, como os desertos.

Sistema nervoso dos répteis

Assim como nos demais cordados, o sistema nervoso dos animais dessa classe é ganglionar e possui um cordão nervoso dorsal protegido pela coluna vertebral, a medula espinal. Em geral, esses animais possuem visão e olfato muito bem desenvolvidos. Além disso, alguns répteis podem apresentar diferentes órgãos dos sentidos, principalmente adaptados à predação.

Como é o caso da fosseta loreal, que se abrem em dois orifícios entre os olhos e o nariz em algumas serpentes. Esses órgãos são capazes de perceber o calor em animais homeotérmicos (suas presas).

Além disso, esses animais também possuem órgãos de Jacobson no céu da boca. Esses órgãos conseguem percebem substâncias químicas voláteis liberadas por suas presas. Para isso, colocam a língua bifurcada para fora e depois a inserem nas cavidades no céu da boca.

Reprodução

Os animais da Classe Reptilia realizam reprodução sexuada com fecundação interna. Em geral, as espécies são dioicas, apresentando sexos separados.

Comumente são ovíparos e poucas espécies apresentam cuidado parental. Todavia, há espécies que são ovovivíparas. Sendo assim, nesses animais, o ovo fica retido dentro do oviduto da fêmea até a sua eclosão.

Classificação dos répteis

– Ordem Squamata

Dentro dessa ordem encontramos as serpentes e os lagartos. São principalmente caracterizados pela pele coberta de escamas.

– Ordem Chelonia (Testudinata)

Ordem representada pelos cágados, tartarugas e jabutis. A principal característica desse grupo é a presença do casco. O casco é comporto por placas ósseas fundidas à coluna vertebral.

– Ordem Crocodilia

Nesta ordem estão classificados os crocodilos, jacarés e gaviais. São caracterizados pelo corpo alongado com uma cauda comprida. Além disso, seu crânio possui um focinho comprido e dentes pontiagudos. São animais encontrados em ambientes aquáticos.

– Ordem Rhynchocephalia

Dentro dessa ordem existem apenas duas espécies atualmente, conhecidas popularmente como tuataras. Suas características anatômicas lembram os iguanas.

Video-aula

Agora que você já estudo tudo sobre a Classe Reptilia, que tal ver uma videoaula para fixar o conteúdo? Então veja esse vídeo com a professora Cláudia de Souza Aguiar:

Exercícios

1 – (UECE/2019)

Atente para a seguinte notícia: “Professor da Uece flagra morte de 439 quelônios no açude Cedro em Quixadá; pesquisa será feita para revelar causas… O professor comenta que a mortandade dos animais pode causar um panorama ainda mais grave. Ele prevê que com as primeiras chuvas, a água que possa se acumular pode representar riscos à saúde pública, já que não haverá espécies vivas no açude para cumprir o papel do ecossistema”.

Fonte: http://blogs.diariodonordeste.com.br/sertaocentral/meioambiente/professor-da-uece-flagra-mortandade-decagados-no-acude-cedro-pesquisa-sera-feita/

Sobre os quelônios referidos no excerto da notícia, é correto afirmar que

a) são representados pelos cágados, tartarugas e jabutis: animais ovíparos.
b) são representados pelos cágados, serpentes e jabutis: animais ovíparos.
c) cágados são quelônios terrestres que possuem o corpo achatado e pescoço longo.
d) cágados são quelônios terrestres e jabutis são quelônios de água doce.

2 – (UniRV GO/2018)

Os repteis são representados pelos lagartos, serpentes e crocodilos. Esses animais foram os primeiros vertebrados a conquistarem o ambiente terrestre. Marque (V) ou (F) para as características dos repteis.

a) Independência de um ambiente aquático para a fecundação.
b) Presença de ovo com casca, capaz de evitar o dessecamento.
c) Capacidade de regular a temperatura corpórea como as aves.
d) São, em sua maioria, animais agressivos, mas só entre os ofídios encontramos indivíduos peçonhentos.

3 – (FUVEST SP/2017)

Os primeiros vertebrados que conquistaram definitivamente o ambiente terrestre foram os ___I___ , que possuem ___II___, aquisição evolutiva que permitiu o desenvolvimento do embrião fora da água.

Indique a alternativa que completa corretamente essa frase.

4 – (UEPG PR/2017)

Em comparação aos anfíbios, os répteis possuem uma série de adaptações que os permitiram conquistar o ambiente terrestre, levando a uma independência do ambiente aquático. Com relação às características e adaptações deste grupo animal, assinale o que for correto.

01 . Visto que os répteis são endotérmicos, ou seja, são animais que controlam a sua temperatura corporal, é comum que estes animais se escondam em locais de sombra, como os buracos no caso das serpentes, para evitar perda excessiva de calor.

02 . No ovo dos répteis, o saco vitelínico possui pouco vitelo. O âmnio recebe as excretas do embrião na forma de amônia e o alantoide fornece proteção e evita a desidratação dos animais.

04 . A pele grossa e seca dos répteis (sem glândulas mucosas), bastante queratinizada, evita a perda excessiva de água. Além disso, o esqueleto ósseo e os músculos são mais fortes do que nos anfíbios.

08 . Os répteis possuem fecundação externa e ainda dependem do ambiente aquático para o encontro de seus gametas, porém uma importante adaptação ao ambiente terrestre foi o desenvolvimento do embrião em um ovo com casca porosa, o qual fornece proteção e permite troca gasosa com o ambiente.

16 . O pulmão dos répteis apresenta maior superfície relativa e é mais eficiente do que dos anfíbios, contribuindo para o sucesso do animal no ambiente terrestre, pois dispensa a pele da função respiratória.

GABARITO

1) Gab: A

2) Gab: VVFF

3) Gab: D

4) Gab: 20

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Sobre o(a) autor(a):

Juliana Evelyn dos Santos é bióloga formada pela Universidade Federal de Santa Catarina e cursa o Doutorado em Educação na mesma instituição. Ministra aulas de Ciências e Biologia em escolas da Grande Florianópolis desde 2007 e é coordenadora pedagógica do Blog do Enem e do Curso Enem Gratuito.

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