A concordância verbal é a igualdade de número e pessoa entre o verbo e o sujeito de uma oração. Conheça as principais regras para não cometer erros de escrita!
Estudar concordância verbal vai te ajudar não só na prova de linguagens, mas também na prova de redação do Enem. Revise as principais regras e depois pratique com as questões no fim desta aula!
A fim de estudar concordância verbal, é importante lembrar como são feitas as flexões e conjugações dos verbos. Se você precisa relembrar do conteúdo, confira nossa aula sobre verbo.
O que é concordância verbal
Podemos dizer que há dois tipos de concordância gramatical: a nominal e a verbal. A concordância verbal, tema desta aula, estuda a coerência entre o sujeito e o verbo dentro de uma oração.
Isso porque o verbo, em uma oração, é conjugado conforme a pessoa do discurso. Ou seja, a pessoa do discurso é quem vai definir a forma como o verbo se apresenta.
Mas, quem são as pessoas do discurso? Temos a primeira, segunda e terceira pessoa do singular (eu, tu, ele/ela), e também a primeira, segunda e terceira pessoa do plural (nós, vós, eles/elas).
Entenda a Flexão dos Verbos
Confira agora com a professora Mercedes Bonorino, do canal do Curso Enem Gratuito:
Dicas de Concordância Verbal
Para entender melhor, veja o exemplo a seguir:
- Minha tia adora flores.
Eu posso substituir “minha tia” por “ela”. Logo, o verbo é conjugado conforme a terceira pessoa do singular.
Em seguida, você precisa compreender algumas noções básicas:
- O verbo vai concordar com o núcleo do sujeito. Só existem três elementos que podem ser núcleo do sujeito: o substantivo, o pronome ou palavra substantivada.
- A ordem direta de uma oração é sujeito + verbo + complemento (se houver).
- Há a possibilidade do sujeito ser posposto ao verbo, ou seja, depois do verbo.
Concordância verbal com sujeito simples
No caso do sujeito simples, não há muito mistério, pois o verbo vai concordar com o núcleo do sujeito. Ele pode estar representado pela 1ª, 2ª ou 3ª pessoa do singular.
Concordância verbal com sujeito composto
Já com o sujeito composto é necessário ter um maior cuidado. Apesar disso, o sujeito composto não é tão difícil assim, só precisamos entender os casos especiais.
De modo geral, o verbo vai concordar com os núcleos da oração e, corriqueiramente, irá para o plural. Todavia, nos casos especiais que veremos a seguir, há exceções e casos facultativos.
Regra geral do sujeito composto
Então, antes de tudo, para exercitar casos mais simples, vamos testar os seus conhecimentos? Veja as alternativas a seguir e marque a opção onde a concordância verbal está correta:
- ( ) Falta poucos dias para o Enem.
- ( ) Faltam poucos dias para o Enem.
E aí? O que você escolheu? Vamos pensar…
Nas orações acima, a quem se refere o verbo faltar? Você acertou se pensou em “poucos dias”.Dessa forma, o verbo precisa concordar na terceira pessoa do plural com o sujeito.
Assim, temos como primeira regra geral: o verbo concorda com o sujeito em pessoa (1ª, 2ª e 3ª) e número (singular ou plural).
Em seguida, vamos entender como ocorre a concordância verbal em outros casos de sujeito composto.
Verbo + partícula “se”
Quando houver verbo + se, é preciso prestar bastante atenção. Se o verbo for transitivo direto, a regra é uma. Mas, se o verbo for transitivo indireto, intransitivo ou de ligação, a regra é outra. Entenda com os exemplos:
- Verbo transitivo direto + se
Exemplo: “Compra-se muita coisa”.
“Muita coisa” é o sujeito da oração e está no singular. Por isso, o verbo também está no singular.
Mas, se em vez disso fosse “coisas”, a frase ficaria da seguinte maneira: “Compram-se muitas coisas”. Ou seja, se o sujeito estiver no plural, é preciso converter o verbo para o plural.
Esse “se” representa a partícula apassivadora do sujeito (veja voz passiva, voz ativa e voz reflexiva para lembrar desse conteúdo).
- Verbo transitivo indireto + se
Exemplo: “Precisa-se de carinho”.
Nesse caso, o “se” é o índice de indeterminação do sujeito, ou seja, o verbo vai estar sempre na 3ª pessoa do singular. Os termos “de carinho” correspondem ao objeto indireto da oração.
Sujeito anteposto/sujeito posposto
Se o sujeito estiver anteposto, o verbo irá para o plural. Não tem erro, viu?!
Exemplo: “A Amanda e a Nathália criaram um aplicativo”.
Mas, se o sujeito estiver posposto, o verbo tanto pode concordar com o núcleo mais próximo quanto ir para o plural.
Exemplo: “Chegou o tio e a tia”. “Chegaram o tio e a tia”.
Observe que no primeiro caso o verbo concorda com “tio” na 3ª pessoa do singular. Já no segundo caso, com os dois núcleos, o verbo concorda com o sujeito na 3ª pessoa do plural.
Substantivo coletivo
Um substantivo coletivo corresponde a um nome comum que se dá para um conjunto de coisas ou seres de um mesmo tipo ou espécie. Sendo assim, é comum que se apresentem no singular.
Dessa forma, se o sujeito for coletivo, mas não especificado, o verbo fica no singular.
Exemplo: “A banca avaliou os recursos”.
Quem é a banca? É o coletivo de avaliadores.
Entretanto, se o coletivo for especificado, o verbo pode estar tanto no plural quanto no singular. A fim de entender melhor, veja o exemplo a seguir:
Exemplo: “A banca de avaliadores avaliou/avaliaram os recursos”.
Verbos impessoais
Verbo impessoal é aquele que não tem sujeito e deve se manter sempre na 3ª pessoa do singular. Os verbos impessoais mais comuns são os verbos haver e fazer.
Entretanto, é importe lembrar que para esses verbos serem impessoais é preciso observarmos o contexto. O verbo “haver” vai ser impessoal no sentido de “existir” ou ocorrer”. Enquanto isso, o verbo “fazer” é impessoal quando utilizado no sentido de tempo ou clima. Entenda melhor observando os exemplos a seguir:
“Havia muitas pessoas na sala”.
“Fez frio a semana toda”.
“Faz cinco horas que eu estou te esperando”.
Observação: há outros verbos que podem ser impessoais, como os verbos “chegar” e “bastar”, por exemplo.
Sujeito ligado por “ou”
Quanto temos em uma oração o termo “ou” indicado inclusão, o verbo deverá ser conjugado no plural. Veja o exemplo a seguir:
Exemplo: “Regência ou concordância são conteúdos obrigatórios”.
Em contrapartida, se o termo “ou” estiver indicando exclusão, o verbo vai para o singular.
Exemplo: “Ou Catarina ou Olga irá resolver esse problema”.
“Que” ou “quem”
Quando utilizarmos a palavra “que”, o verbo vai concordar com o que antecede o pronome.
Exemplo: “Foram elas que discutiram na rua”.
Observe que na frase acima o verbo concorda com “elas”, 3ª pessoa do plural.
Já quando temos a palavra “quem” na oração, o verbo fica na 3ª pessoa do singular ou concordará com o antecedente do pronome. Observe nos exemplos a seguir:
“Fui eu quem discutiu com ela”.
“Fui eu quem discuti com ela”.
Expressões “mais de um”, “menos de dois” e “cerca de”
É comum que utilizemos esses termos em certas orações quando estamos nos referindo a um número incerto de sujeitos. Nesses casos, é importante ficar atento à conjugação dos verbos. Veja nos exemplos a seguir:
Exemplo: “Mais de um professor cobrou presença”.
Observe que na oração acima o verbo concorda com “um”, ficando na 3ª pessoa do singular. O verbo só irá para o plural se a expressão “mais de um” se repetir ou se indicar reciprocidade.
Agora veja esse outro exemplo: “Mais de cinco professores cobraram presença”.
Perceba que aqui o verbo concorda com a quantidade, ficando na 3ª pessoa do plural.
Numeral indicativo de porcentagem
Corriqueiramente, o verbo concorda com o numeral percentual. Ou seja, a partir de 2%, o verbo vai para o plural.
Em caso da porcentagem ser especificada por “do + substantivo”, o verbo pode concordar com esse elemento ou pode concordar com a porcentagem.
Exemplos:
“1% dos alunos erra acentuação”.
“1% dos alunos erram acentuação.
Entretanto, no caso de a porcentagem ser seguida da preposição “de”, o verbo concorda com o número. Veja a seguir:
Exemplo: “1% de nossas alunas não sabe a importância da concordância verbal”.
Além disso, há a possibilidade de a porcentagem estar particularizada ou determinada por artigo e pronome adjetivo.
Exemplo: “Aqueles 10% de alunos foram reprovados”.
Agora, em caso de o verbo estar antes do número, a concordância ocorre com o numeral:
“Foram transferidos 10% dos lucros para a instituição”.
Por fim, no caso de numeral fracionário, o verbo concorda com o primeiro número:
Exemplo: “1/5 da população vai para São Paulo”.
Nesse caso, o verbo concorda com 1.
Exemplo: “Dois terços estão inscritos na disciplina”.
Já nesse caso, o verbo concorda com 2.
Determinantes
Leia com cuidado as orações a seguir:
“Minas Gerais é o estado mais simpático do país”.
“As Minas Gerais são o estado mais simpático do país”.
Qual a diferença entre as duas sentenças? Fácil! Observe que na segunda sentença, temos o determinante “as”.
Sendo assim, em expressões que trazem a ideia de plural, como Minas Gerais, Estados Unidos, Emirados Árabes, por exemplo, o verbo deve ficar no singular se não houver artigo acompanhando essas expressões.
Todavia, se houver artigo, o verbo deve ir para o plural.
Casos facultativos
Em seguida, veremos quais são os casos facultativos mais comuns.
Palavras sinônimas ou gradativas
Quando o sujeito for composto por palavras sinônimas ou gradativas, o verbo pode ficar tanto no singular quanto no plural.
Exemplos:
“O medo, o anseio ainda vão te matar”.
“O medo, o anseio ainda vai te matar”.
Expressões partitivas
No caso de o sujeito ser constituído por uma expressão que denota parte de alguma coisa, o verbo pode ir tanto para o plural quanto para o singular. Observe no exemplo abaixo as diferentes formas que podemos utilizar:
“A maioria dos alunos parece/parecem exaustos”.
O verbo pode concordar com a expressão “maioria” e com o substantivo “alunos”.
Videoaula sobre concordância verbal
Por fim, para aprofundar seus conhecimentos sobre concordância verbal, confira a videoaula a seguir:
Exercícios
1) (Fuvest)
Indique a alternativa correta:
a) Tratavam-se de questões fundamentais.
b) Comprou-se terrenos no subúrbio.
c) Precisam-se de datilógrafas.
d) Reformam-se ternos.
e) Obedeceram-se aos severos regulamentos.
2) (UFMT)
Na frase “Nunca se consumiram tanta carne, frango e outras proteínas básicas”, o verbo encontra-se no plural em concordância com o sujeito composto posposto a ele. Assinale a frase que também exemplifica essa regra da norma culta.
a) Visitaram o estande do Instituto de Educação na feira agropecuária a professora de ciências, os estudantes de Técnicas Agrícolas e alguns pais de alunos.
b) Os gritos, a correria e o desespero dos presentes fizeram com que os bombeiros dividissem sua ação em vários blocos de atendimento.
c) Não se apanham mosquitos da dengue com açúcar em água, mas com produtos especiais da Vigilância Sanitária.
d) Meus companheiros de pesquisa são: um geógrafo, um historiador e um linguista.
3) (JusTocantins)
Assinale a alternativa CORRETA com relação à concordância verbal.
a) Quais de vós cometeu o maior pecado?
b) Fui eu quem pagou as despesas.
c) Falta três segundos para o término da partida.
d) Mais de cem pessoas foi testemunha do assalto.
4) (JusTocantins)
Indique a alternativa em que tenha ocorrido ERRO de concordância verbal.
a) Os Estados Unidos mantém rígido controle em seus aeroportos.
b) Devem-se pesquisar novos medicamentos para a doença.
c) Dez por cento da produção será exportada pela empresa.
d) Grande número de moças saiu da sala antes de encerrarem a seção.
Gabarito:
- d
- a
- b
- a