O idealismo alemão pode ser descrito como um conjunto de teorias a respeito da realidade fundamental das coisas e surgiu a partir das ideias de Kant no século XVIII.
Após o Iluminismo, novas ideias surgiram para debater os problemas levantados no século das luzes. O idealismo alemão, uma corrente muito importante para filosofia, também surgiu assim. Venha acompanhar o que ocorreu com a filosofia após as teorias de Immanuel Kant.
Movimento pós-kantiano
Na Alemanha, entre o final do século XVIII e o século XIX, houve a ascensão de uma corrente filosófica fortemente embasada nas discussões propostas por Immanuel Kant (1724-1804). Kant foi um filósofo iluminista responsável por obras geniais como a “Crítica da Razão Pura” e a “Metafísica dos Costumes”.
Esse movimento pós-kantiano ficou conhecido como idealismo alemão e foi considerado umas das inclinações filosóficas mais influentes dentro da história da filosofia. Tudo isso por conta do meu camarada lá de Königsberg, Immanuel Kant, que se dedicou a resolver alguns problemas hercúleos da Filosofia.
Talvez a “treta” mais famosa que Kant veio a apaziguar foi no campo da teoria do conhecimento. O prussiano conseguiu uma saída de mestre para uma discussão que datava da Antiguidade a respeito dos limites do nosso conhecimento. Ele, em uma espécie de coalescência de ideias, aproximou duas linhas de pensamento antagônicas – o racionalismo e o empirismo – e criou uma síntese entre elas.
Além dessa façanha, houve inúmeras outras. Alguns exemplos são a discussão sobre a razão prática, as coisas em si e os fenômenos, o “rolê” sobre sujeito e objeto, além é claro, da discussão sobre a ética.
A influência de Kant e do Iluminismo
O idealismo alemão pode ser descrito, de maneira bem geral, como um conjunto de teorias a respeito da realidade fundamental das coisas. Podemos entendê-lo a partir dos desdobramentos causados pelas três críticas. Essas obras geraram uma tremenda reviravolta na maneira de se enxergar a realidade. Aliás, para entender o idealismo alemão é interessante entender um pouquinho do criticismo de Kant.
Ao analisarmos a ideia do que é uma crítica, fica mais fácil entender o que estava “rolando” na época. Kant viveu durante o Iluminismo, quando a liberdade se tornou um valor capital para filosofia. A partir disso, podemos entender a concepção de uma crítica como algo vinculado à liberdade, visto que você é livre para criticar as coisas. Ou seja, crítica é a capacidade do indivíduo de questionar a realidade a sua volta sem os grilhões da opressão, em especial do Estado e da Igreja.
As críticas de Kant
Saca só: a “Crítica da Razão Pura” pode ser entendida como um questionamento sobre o conhecimento. Já a “Crítica da Razão Prática” pode ser entendida como um questionamento da moral. E, por fim, a “Crítica do Juízo” pode ser entendida como um questionamento da estética. Juntas, essas três obras de Kant são uma declaração da liberdade do indivíduo, liberdade esta que era o “trend topic” do Iluminismo.
As ideias de Kant e o movimento iluminista forjam um indivíduo capaz de traçar o próprio caminho, uma pessoa que é senhora de seu próprio destino. Configura-se, assim, uma realidade que deixou de ser estática e passou a ser estruturada na mudança. O maior exemplo disso talvez seja a Revolução Francesa, que transformou radicalmente a realidade da época.
Bom, essa revolução copernicana causada pelas ideias de Kant, especialmente aquelas da primeira Crítica, inspiraram filósofos como Fichte (1762 – 1814) e Schelling (1775 – 1854) a conceberem suas teorias pautadas a partir das ideias kantianas, transformando Immanuel Kant em um marco para a filosofia moderna. Essa discussão foi avançando dentro da Alemanha, tornando-se destaque nas universidades e tendo como seu ápice as teorias do filósofo Georg Hegel (1770 – 831).
A influência do idealismo alemão
O legado de Kant, embora formidável, deixou algumas questões em aberto e, como o próprio corpus kantiano pressupõe, gerou uma nova gama de problemas. Os filósofos que vieram depois de Kant fizeram uma espécie de crítica das críticas, o que evidencia novos desafios. Um exemplo é a distância existente nas obras de Kant entre o conhecimento teórico e a prática da ação.
O pensamento alemão, com a ascensão do idealismo, em um primeiro momento buscou uma continuação das ideias iluminista, algumas vezes pensando na razão de maneira até mais radical. Todavia, com o surgimento de novos nomes da filosofia, o idealismo passou a pensar a razão de maneira mais diversificada.
Com o idealismo, a razão passou por um movimento de expansão. A compreensão do racional passou a ser explorada por novas formas de pensamento que haviam se tornado populares na época, como, por exemplo o Romantismo. Assim, longe de ser apenas uma corrente filosófica conduzida por alguns poucos filósofos, o idealismo é o espírito de uma época.
Enquanto espírito de uma época, as concepções das ideias idealistas vão para além da filosofia. Áreas como a literatura e música, sofreram grande influência do idealismo e acabaram gerando grandes artistas como Goethe e Mozart, ao passo que o próprio idealismo é composto desses mesmos nomes. Assim, deu-se um movimento simbiôntico entre a filosofia e as demais áreas.
Por fim, o idealismo alemão, embora não denominado assim pelos filósofos que o compõe, foi um movimento que acabou moldando o pensamento ocidental, dando precedente aos pensadores da modernidade que seguiram problematizando as questões fundamentais a vida humana.
Videoaula
Para finalizar sua revisão, veja esta videoaula do prof. Alan sobre Kant:
Questões sobre o idealismo alemão
Agora é com você! Resolva as questões sobre o idealismo alemão abaixo e teste seus conhecimentos sobre o assunto.
Questão 1- (Ueg 2010)
Hegel, prosseguindo na árdua tarefa de unificar o dualismo de Kant, substituiu o eu de Fichte e o absoluto de Schelling por outra entidade: a ideia. A ideia, para Hegel, deve ser submetida necessariamente a um processo de evolução dialética, regido pela marcha triádica da
a) experiência, juízo e raciocínio.
b) realidade, crítica e conclusão.
c) matéria, forma e reflexão.
d) tese, antítese e síntese.
Questão 2- (Enem 2012)
Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a vida.
KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado).
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa
a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade.
b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas.
c) a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de forma heterônoma.
d) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de entendimento.
e) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão.
Gabarito
- D
- A