Questões resolvidas sobre linguagem informal

Confira a resolução de questões do Enem sobre as características da linguagem informal! São 3 questões de diferentes níveis e uma videoaula para você acabar com suas dúvidas!

Em todos os anos, as questões de Linguagens do Enem trazem exemplos de vários tipos textuais. Por isso, é muito comum aparecerem textos escritos em linguagem informal. Podem ser tirinhas, charges, músicas, poesias, diálogos transcritos, placas, entre outros.

Por isso, na 4ª aula da série “Interpretação de texto para o Enem” a professora Mercedes Bonorino traz um resumo sobre as características da linguagem informal e a resolução de questões do Enem de diferentes níveis de dificuldade.

Características da linguagem informal

As questões que se seguem abordarão as marcas de coloquialidade e linguagem oral em certos tipos de textos nos quais esse nível de linguagem é aceito.

A coloquialidade também possui características típicas, como as seguintes:

  1. Utilizada na comunicação com amigos ou pessoas próximas;
  2. Respeito pelas regras gramaticais, mas sem grandes preocupações;
  3. Sem erros ortográficos;
  4. Uso de abreviaturas e gírias.
  5. Utilização de diminutivos ou alcunhas;
  6. Utilização de ícones expressivos.

Videoaula sobre linguagem informal

Antes de partir para a resolução das questões, confira a videoaula no nosso canal para relembrar deste conteúdo:

Questão de nível fácil

(ENEM MEC/2010) 

Carnavália

Repique tocou

O surdo escutou

E o meu corasamborim

Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por mim?

[…]

ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 (fragmento).

No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e à situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão.

Essa palavra corresponde a um(a)

a) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas.

b) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza.

c) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla.

d) regionalismo, por ser palavra característica de determinada área geográfica.

e) termo técnico, dado que designa elemento de área específica de atividade.

Comentários

O enunciado da questão destaca um vocábulo criado pelo autor do texto e que não havia sido registrado na língua. Trata-se claramente de um neologismo, recurso o qual muito comum em linguagem coloquial e criativa.

Assim, mesmo sem ter lido o texto propriamente dito, é possível concluir pela alternativa B. Mas, para dar mais segurança a você, vou explicar o conteúdo das alternativas que estão erradas:

a) “estrangeirismo”: são empréstimo linguísticos feitos de outra língua, sem ter passado pelo processo de aportuguesamento. Por exemplo: bullying, office-boy.

b) “neologismo”: é a resposta certa.

c) “gíria”: a gíria é um vocábulo falado por uma determinada comunidade e a palavra em questão foi inventada pelo autor do texto.

d) “regionalismo”: como foi dito, o vocábulo não está relacionado à cultura de um a região, como os regionalismos.

e) “linguagem técnica”: além de não ser característica de linguagem informal, não é o caso da palavra em questão.

Note, para terminar, que as características apontadas nas alternativas B, C e D fazem parte do campo da linguagem informal em geral.

Questão de nível médio

(ENEM MEC/2013) 

Futebol: “A rebeldia é que muda o mundo”

Conheça a história de Afonsinho, o primeiro jogador do futebol brasileiro a derrotar a cartolagem e a conquistar o Passe Livre, há exatos 40 anos.

Pelé estava se aposentando pra valer pela primeira vez, então com a camisa do Santos (porque depois voltaria a atuar pelo New York Cosmos, dos Estados Unidos), em 1972, quando foi questionado se, finalmente, sentia-se um homem livre. O Rei respondeu sem titubear:

— Homem livre no futebol só conheço um: o Afonsinho. Este sim pode dizer, usando as suas palavras, que deu o grito de independência ou morte. Ninguém mais. O resto é conversa.

Apesar de suas declarações serem motivo de chacota por parte da mídia futebolística e até dos torcedores brasileiros, o Atleta do Século acertou. E provavelmente acertaria novamente hoje.

Pela admiração por um de seus colegas de clube daquele ano. Pelo reconhecimento do caráter e personalidade de um dos jogadores mais contestadores do futebol nacional. E principalmente em razão da história de luta – e vitória – de Afonsinho sobre os cartolas.

ANDREUCCI, R. Disponível em: http://carosamigos.terra.com.br. Acesso em: 19 ago 2011.

O autor utiliza marcas linguísticas que dão ao texto um caráter informal. Uma dessas marcas é identificada em:

a) “[…] o Atleta do Século acertou.”

b) “O Rei respondeu sem titubear […]”.

c) “E provavelmente acertaria novamente hoje.”

d) “Pelé estava se aposentando pra valer pela primeira vez […]”.

e) “Pela admiração por um de seus colegas de clube daquele ano.”

Comentários

O enunciado da questão pede para o candidato verificar em qual alternativa há marcas linguísticas de informalidade. Você pode ir direto para as questões e nem ler o texto! Vamos ver como é fácil isso?

a) Nenhuma marca de informalidade.

b) Nenhuma marca de informalidade. Vale dizer que “titubear” é um verbo antigo e não é necessariamente uma palavra típica da oralidade.

c) Nenhuma marca de informalidade.

d) Resposta certa! Note que você encontra na escrita uma marca da oralidade: “pra” – é uma abreviação típica da fala da preposição “para”. Além disso, a expressão “pra valer” como forma de intensificar a ação verbal também caracteriza uma expressão de cunho popular. Por esses dois motivos, essa é a alternativa com marcas de informalidade!

e) Nenhuma marca de informalidade.

Questão de nível difícil

(ENEM MEC/2014) 

Óia eu aqui de novo xaxando

Óia eu aqui de novo para xaxar

Vou mostrar pr’esses cabras

Que eu ainda dou no couro

Isso é um desaforo

Que eu não posso levar

Que eu aqui de novo cantando

Que eu aqui de novo xaxando

Óia eu aqui de novo mostrando

Como se deve xaxar

Vem cá morena linda

Vestida de chita

Você é a mais bonita

Desse meu lugar

Vai, chama Maria, chama Luzia

Vai, chama Zabé, chama Raque

Diz que eu tou aqui com alegria

BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em: www.luizluagonzaga.mus.br. Acesso em: 5 maio 2013 (fragmento).

A letra da canção de Antônio de Barros manifesta aspectos do repertório linguístico e cultural do Brasil. O verso que singulariza uma forma característica do falar popular regional é:

a) “Isso é um desaforo”.

b) “Diz que eu tou aqui com alegria”.

c) “Vou mostrar pr’esses cabras”.

d) “Vai, chama Maria, chama Luzia”.

e) “Vem cá morena linda, vestida de chita”.

Comentários

Essa questão é considerada mais difícil, pois em todas as alternativas (ou quase todas) há marcas de informalidade, mas o enunciado quer especificamente uma marca de linguagem regional. Dessa forma, você deve perceber em qual alternativa há, por exemplo, um vocábulo (ou vocábulos) típico de uma região. Vamos ver:

a) Apesar do tom indignado da assertiva, não há, na verdade, uma marca regional e nem uma marca de informalidade.

b) Claramente há uma marca de informalidade: “tou”. Entretanto, essa marca não ocorre por presença de regionalismo. A expressão “tou” é a abreviação fonética do verbo “estou” – típica transposição da fala para a escrita que ocorre em qualquer região do país. Portanto, não é a resposta.

c) Claramente é essa! A expressão “cabra” para se referir a seres humanos é típica a região Nordeste. Além disso, ocorre também a contração “pr’esses”, que é a abreviação fonética da expressão “para esses” – típica transposição da fala para a escrita que ocorre em qualquer região do país.

d) Ocorre marcas de informalidade na conversa e na repetida da palavra “chama”, mas não é regionalismo.

e) Ocorre marcas de informalidade na conversa, mas não há marca regional. Vale ressaltar que o “vestido de chita” é uma característica de simplicidade em qualquer região brasileira, logo, não configura marca de regionalismo.

Portanto, o grau de dificuldade da questão é maior, uma vez que a maioria das alternativas apresentam marcas de informalidade, mas apenas uma contém regionalismo.

Sobre o(a) autor(a):

A professora Mercedes Bonorino é Graduada em Letras Clássicas e Vernáculas e Linguística pela USP e mestre em Linguística pela UFSC. Leciona Língua Portuguesa na rede de ensino privada de São Paulo e Florianópolis desde 1998.